No meio do caos económico europeu, provocado pelos especuladores
financeiros, sobressai o poder dos "mercados". Nunca o poder político havia sido ultrapassado pelo poder da "indústria financeira"; nunca o poder da democracia tinha sido susbtituido pelo poder da "tecnocracia"; nunca os "mercados" tiveram tanto poder para sujeitar os governos aos seus ditames e interesses gananciosos. Quem manda, nestes dias, sãos os "mercados", ou seja, os especuladores, os oportunistas, os usurários, os traficantes de influência -- tudo o que tem a ver com a "indústria financeira". Até há pouco, era a economia quem mandava, quem criava riqueza e a distribuia. Nestes dias que passam, torna-se claro que a indústria transformadora (criadora de emprego e de riqueza), passou para segundo plano. Os norte-americanos já tinham muitos "derivativos" financeiros, mas quando a informática dispensou os "pregoeiros" de Nova Iorque (Dow Jones) e de Chicago (Mercadorias e Matérias Primas), ampliaram ainda mais o catálogo dos "futuros", dos "derivados", dos CDS (credit default swaps), etc., etc. Tudo isso nos conduziu ao estado em que estamos. "Os mercados estão nervosos", dizem os brokers e os analistas financeiros. Eu diria mais: se estão "nervosos", que haja alguem com coragem para os pôr mansos. Dêem-lhe com o chicote, amansem-nos, obriguem-nos a respeitar quem trabalha, quem dá enprego, quem paga impostos. Se a "Besta" está nervosa, usem a "espada", cortem-lhe o mal de raíz. Se a "Besta" está com apetite voraz, cheia de gula e incapaz de se conter na sua voracidade, dêem-lhe uma ração de trigo-rôxo. Enquanto os políticos não afrontarem a "Besta", nunca mais vamos ter tranquilidade; nunca mais haverá racionalidade, nem lugar para uma economia sustentável. Veja-se o que está a acontecer, neste momento, com a Espanha. A agência de rating Fitch -- arma de arremesso dos "mercados"-- mostra à Europa e ao mundo o poder que tem: desafia tudo e todos, baixando o rating do reino espanhol, dos seus bancos, das suas cotadas, arrasando e destruindo os efeitos de um "resgate" promovido pela U.E.. Os "mercados" gulosos é que ditam as regras. Como eles querem, é que é bom. Querem o caos, para comprar dívida soberana a 7,00% -- juros de rapina. Os "mercados" têm dinheiro a 0,50% e 1,00%, respectivamente na Reserva Federal americana e no BCE. O diferencial do juro chega a ser de 6,5%... um negócio gordo e seguro... Quando os negócios não correm de feição, os "mercados ficam nervosos" (temem perder o "repasto"), e arrasam tudo de um dia par o outro. Mas, não haverá meio de tratar os "mercados" com um chicote, domando-os e acalmando-os?... Só assim voltará a haver racionalidade nos mercados financeiros.
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