Nos últimos dias o país vivia como se tudo lhe estivesse a correr bem.
As televisões atropelavam-se em directos, feitos a partir de Óbidos, onde estava a estagiar a Selecção de futebol. Tudo era escalpelizado, esmiuçado até ao último pormenor. À hora dos noticiários, era ver os canais televisivos, em simultâneo, a noticiar os pormenores da equipa dirigida por Paulo Bento. Tudo esmiuçado, diziam. Só faltou entrarem nos balneários, nas casas de banho, e reportarem o que se dizia, e o que se ouvia, não do jogo, mas sim sobre os jogadores; se estavam felizes, se tinham algum dói-dói, se urinavam com elegância, se evacuavam com regularidade, se tinham as cuecas borradas, etc, etc.. Um delírio, uma diarreia verbal, um chinfrim danado. A palração dos caga-relatos futeboleiros, só parou no sabado à noite, depois da derrota da Selecção, que acabou por ser assoabiada, vaiada e apupada pela multidão que encheu o Estádio do glorioso. Com a derrota de 1-3, a chinfrineira acabou e a tristeza e a melancolia voltaram a apoderar-se dos adeptos do futebol. Uma desilusão para todos eles, pois ainda a Selecção não havia jogado, e já todos se julgavam campeões da Europa. Sabado à noite cairam na realidade, e desceram á terra.
À margem de todo este chinfrim, acicatado pelos canais de televisão, ocorre-me perguntar: é ou não verdade que a Selecção se instalou em Óbidos para treinar, estudar tácticas, e melhorar a sua perfomance? Creio que a razão era essa. Para um combate, a equipa deve retirar-se para um local onde possa estar em sossego, concentrada no jogo, sem interferências alheias, por forma a ganhar espírito de corpo. E o que é que fizeram as televisões? Pulverizaram os craques, incomodaram, infernizaram, desconcentraram. O treinador tem culpas por este desvario. Devia ter imposto um lock-out à chinfrineira dos media.
QUANTO AO MAIS, devo dizer que Passos Coelho, não cumprindo todos os itens do Memo da Troika, acabou por ser elogiado pelos representantes do triunvirato UE/BCE/FMI. No presente estado, a que chegou a crise europeia, o resultado do quarto exame a Portugal convém a ambos os lados. O país mostrou ser bom aluno, a Troika provou que as suas receitas são fiáveis. Se Portugal falhasse, tambem falhava a Troika, que tem as barbas a arder por causa da Grécia. Vamos ver como o Governo vai remar, a partir de agora, e já com um ano de exercício.
Este, está satisfeitíssimo, depois de ter matado a sede no deserto da Mauritânia.
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