Não gosto de ouvir os políticos falarem do uso da "bomba atómica". Este termo foi usado em fins de 2004, pela primeira vez, depois de Jorge Sampaio ter dissolvido a AR e marcado novas eleições para 2005. Àquela data era primeiro-ministro Santana Lopes, o "menino guerreiro", que havia sido entronizado no cargo pelo PSD, após a saída de Durão Barroso, escolhido para dirigir a Comissão Europeia. Agora, nestes dias de campanha eleitoral, à falta de outra ideia, um jornalista colocou uma pergunta ao candidato Cavaco Silva, para saber se tambem ele, após a re-eleição, usaria a "bomba atómica"... Só um espírito leviano e ôco poderia fazer uma pergunta destas a Cavaco Silva. O candidato limitou-se a responder alegando que "não sentia apetite para usar" a tal arma. Nesta aridez de ideias, valeu a sensatez do candidato. Mas, vai daí, os meios de comunicação social, em especial as televisões, serviram-nos, à hora do jantar, "bombas atómicas" de entrada, como prato principal, e ainda como sobremesa... Contra este ingente desconhecimento do variado, mas apropriado vocabulário português, devia espirrar Vasco Graça Moura, que tanto defendeu o statuo quo da língua portuguesa, votando contra o Novo Acordo Ortográfico. Mas isto é outra guerra, uma guerra sem bombas atómicas.
Cavaco Silva, depois de apelar à insurreição dos professores, dos pais e alunos contra o Governo; depois de ameaçar com uma "crise política"; depois de recusar responder aos ataques dos adversários; depois de apelar ao Governo para revelar as condições em que é feita a venda da nossa dívida soberana, veio ontem com novo registo, dando conta da situação em que o país mergulharia se, após a sua re-eleição, dissolvesse a actual AR. E explicou em pormenor o que poderia acontecer. Por isso ele reiterou a necessidade de acalmia política, e apelou a todos os portugueses para que ajudem o país a sair desta crise financeira e económica. Finalmente, a dois dias das eleições, o candidato Cavaco Silva voltou a ser o "garante" da pacificação política, da lealdade à AR, do bom-senso e da serenidade. Isto é o que se espera de um presidente de todos os portugueses.
Moinhos de vento na região de La Mancha, Espanha...
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