Há oito dias, tivemos um Congresso do PSD onde se falou de tudo e de nada.
Ontem, o primeiro-ministro Passos Coelho, concedeu uma entrevista televisiva, conduzida por Judite de Sousa. A jornalista conduziu Passos Coelho para o campo da macro-economia, e por aí se quedou. Ouvimos falar das "medidas estruturais", e pouco mais. Compromisso com o futuro do país, foi coisa com que Passos Coelho não se comprometeu. Sobre o fim ou a continuidade da austeridade, tambem não arriscou uma data. Do Portugal profundo e da carência de optimismo sentida pelos portugueses, Passos não se deu conta disso. Esta entrevista a Passos Coelho marca o virar de página de uma sagaz jornalista, que conduziu o primeiro-ministro para a charla da tecnocracia, esquecendo o estado de alma dos portugueses. Nem a jornalista soube explorar a oportunidade, nem o primeiro-ministro quis falar sobre o presente e o futuro do país. Continuamos, portanto, a navegar à vista, ao estilo "todos ao molho e fé em Deus". Contudo, a situação é negra, e deveria ser lembrada aos portugueses. É certo que a nossa situação é diferente da Grécia, mas continua a evoluir ao sabor da corrente, ou seja, depende, em larga medida, da evolução económica e financeira dos nossos parceiros da UE, designadamente de Itália, Espanha, Irlanda França e Alemanha. E este cenário nada tem a ver com as "medidas estruturais" tomadas por Passos Coelho, e que ele continua a sobrevalorizar. Isto não dependia de Sócrates, nem depende agora de Passos. A nossa crise é contaminada e aumentada pela crise internacional. Se Espanha não conseguir melhorar, Portugal vai ser arrastado pelos "mercados" para fora da estrada. Enquanto as nossas "obrigações" a 10 anos estão agora nos 11,33%, as de Espanha estão a 5,33% e de Itália a 5,11%. A Irlanda entrou novamente em recessão, e os dados sobre a UE não são animadores. Lá fora os "mercados" estão atentos. As nossas "obrigações" e as suas yields vão subir em flecha, logo que os "fundos" da banca nacional esgotem, deixando os bancos de comprar dívida nacional. O BCE não vai continuar a emprestar dinheiro àos bancos a 1%, para estes comprarem dívida dos estados a 5 ou 6%... A situação nacional tem-se agravado muito desde a queda do PEC-4. Em 2010 a nossa dívida era de uns 90% do PIB, e no final de 2012 ficará nos 120%. O PIB cresceu 1,3% em 2010, e afundou para 1,8% negativo em 2011. Para 2012 o PIB afundará perto dos 3,3%. Estes são dados que circulam nos "mercados", e foram retirados do Wall Street Journal. Esta "gente honrada" dizia que o Sócrates vivia na ilusão, quando falava ao país e mostrava confiança no futuro. Pois bem, agora esta "gente honrada" joga à apanhada, e está adormecida com o soporífero das "reformas estruturais". Era bom que alguem pudesse acordar estes tecnocratas, iludidos com o jogo de palavras cruzadas que eles inventaram.
Está tudo virado ao contrário, até o clima. Em Nova Iorque e Washington,
as árvores encheram-se de flores, tres semanas antes do que é habitual.
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