A pior coisa que podia ter acontecido ao PS foi a eleição de António Seguro
para Secretário-geral do partido. Num momento em o Governo procura reencaminhar a indignação dos portugueses para o legado de Sócrates; num momento em que os "juizes sindicalizados" procuram "investigar" 14 ministros do Governo de Sócrates, por utilização de cartões de crédito; num momento em que Nuno Crato, ministro da Educação, continua a arrasar o Parque Escolar; numa altura em que até Passos Coelho, que prometeu nunca falar do passado, se vem desculpando com a "herança do Governo anterior", o secretário-geral do PS, António José Seguro, está ausente de Lisboa, onde tudo se decide e onde a máquina partidária da Coligação de direita continua a desculpar-se com os problemas deixados por Sócrates, sem que o Secretário-geral diga uma única palavra em defesa dos Governos do PS. Por azedume, cobardia ou ódio dissimulado contra Sócrates, António Seguro não assume a responsabilidade de defender o seu antecessor. Inseguro de si, mas seguro de que não foi ele a assinar o Programa da Troika, o actual dirigente do PS deixa o terreno livre para que a direita revanchista possa arrasar a herança de Sócrates. Ao proceder assim, Seguro está a ajudar a direita a ganhar terreno. Até Passos Coelho vem afirmando que «não fomos nós, que negociámos o acordo com a Troika», mentindo grosseiramente pois o representante do PSD que negociou com a Troika foi Eduardo Catroga, seu mandatário. Foi Catroga quem avançou com o corte de 50% no subsídio de Natal e a redução de 4 a 8% na TSU -- indo assim, «mais além da Troika". Seguro é um dirigente fraco, medricas, que gosta de "cortesia e elegância" no trato com os adversários. Ora, em política, quem tem convicções fortes, deve lutar por elas, defende-las com energia, mostrar que tem aptidão, que tem experiencia, e que respeita a história do seu partido. Com Seguro, o PS está destinado a fazer uma travessia do deserto que poderá durar 4, 8 ou mais anos de pesadelo. Agora, e fazendo mimetismo com Passos Coelho, Seguro pretende alterar os Estatutos do PS, para aumentar o mandato do Secretário-geral de 2 para 4 anos... Está-se a ver a trapaça que o Seguro pretende realizar. Ele sabe que é fraco, amorfo e não tem alma para dirigir um partido político como o PS, que tem um largo historial de governação. Para assegurar o seu reinado à frente do PS, Seguro tenta fazer um "golpe palaciano", para conseguir manter-se à frente do PS depois de 2013. Espero bem que não consiga obter tal vantagem. Para bem do PS, da democracia e do país.
O urso não está com dor de cabeça. Está apenas a dormir em ambiente frio.
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