Hoje, o meu estado de alma, impede-me de zurzir sobre os problemas do
quotidiano presente. Apossou-se de mim uma estranha mas agradável sensação de leveza espiritual, cuja origem me escapa. O que me apetece mesmo, neste tempo de verão precoce, é viajar até às terras transtaganas, quedar-me sub tegmini fagi, a vislumbrar cenas da vida quotidiana de Virgílio... Nesta hora, tambem me ocorre relembrar os tempos manuelinos, principalmente o primeiro quartel do século XVI, quando D. Manuel I chega ao poder, reforça o poder central, reforma os forais, e fortalece as finanças públicas. Os forais, na sua maior parte, estavam em latim bárbaro e poucos conseguiam ler o seu conteúdo. Além disso referiam-se a moedas que já não existiam. Ao actualizar os forais e reavalidar beneses concedidas, utiliza esta reforma para estabelecer novos impostos com base nos valores actualizados, gerando receitas que haveriam de servir para dar andamento ao grande projecto dos Descobrimentos Marítimos, os quais haveriam de tornar Portugal no maior entreposto comercial da Europa. Na política externa o rei Venturoso estabeleceu linhas de consenso para evitar futuros conflitos na península e com França e Inglaterra. Foi D. Manuel quem instituiu as Obrigações do Reino (e utilizou entre nós, pela primeira vez, o conceito de juros), destinadas a financiar a construção das diversas armadas (naus) ao serviço do reino nos mares do Atlãntico e do Índico. Portugal viveu, no primeiro quartel do século XVI, um período de grandeza e glória, graças à acção desenvolvida pelo rei Venturoso, cuja breve biografia pode ser consultada aqui. E agora, depois deste devaneio, regresso ao presente, e dou comigo a pensar se, no Portugal de hoje, com um poder forte, mas democrático, não seria possivel voltarmos ao nosso mar, para dele colhermos resultados económicos, que nos retirassem desta vida reles e mesquinha que estamos a viver.
À MARGEM: Faz hoje um ano que a Santa Aliança (PSD/CDS e PCP/BE), em concubinagem, se uniu para chumbar o PEC-4, e derrubar José Sócrates. Estranha "aliança", que reduziu o peso da esquerda, e levou a direita neoliberal ao "pote". Àlvaro Cunhal nunca faria um êrro destes.
O estilo manuelino, na arquitectura e no mobiliário, é uma herança do rei Venturoso.
Na nossa história não temos outro período tão rico e marcante como o de D. manuel I.
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