A política ambiental não tem merecido os cuidados que deveria ter por
parte dos nossos governantes. É verdade que, neste momento, o país tem outras prioridades, mas tambem é verdade que muitos dos problemas que agora nos consome poderiam ser sido minorados se tivessemos um ministério do Ambiente que defendesse os interesses que são de todos os portugueses. A questão do Ambiente, que se tornou relevante após a adesão à CEE, por haver dinheiros a fundo perdido destinados à criação de zonas húmidas, parques nacionais, defesa das zonas costeiras e protecção de espécies animais, foi animada por jovéns ecologistas e pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles. Esta acção conjunta, deu lugar à criação de diversas organizações não-governamentais, tais como a Liga de Protecção da Natureza, a delimitação de zonas de defesa de sapais, do línce da Malcata, e dos Parques Naturais. Depois, e nalguns casos em simultâneo, tivemos a luta contra as lixeiras a céu aberto, os derrames da indústria de curtumes e as descargas dos suinicultores, feitas nos pequenos ribeiros, como a Ribeira dos Milagres... Houve tambem o movimento contra os barracos e moradias contruidas sobre as arribas costeiras ou na areia das praias. Tivemos batalhas contra o corte de sobreiros, contra a pesca das enguias (angullas) no rio Tejo. Mais tarde, houve protestos contra as cimenteiras, etc. Nos últimos anos, e agora com a crise da austeridade, tudo isso foi sendo esquecido. Pelos políticos, pela ausência de um ministério do Ambiente (mudou 4 vezes de nome em 16 anos!) e pelos ecologistas, que parecem preocupar-se apenas com a construção de barragens... E é pena, que se mantenha este alheamento. Dos políticos, só ouvimos falar em «cortes», «produtividade» e «reformas estruturais».
Investindo no ambiente, ganhava o país, os portugueses e a indústria nacional. No mar, Portugal tem a maior Zona Económica Exclusiva para trabalhar, pesquizar e tirar ganhos económicos. Em terra, as necessidades de preservação ambiental são tantas, que poderiam dar emprego a milhares de portugueses. Pensar, inovar e perscutar o futuro, é coisa que aos nossos empresários não agrada. No entanto, a criação de «novos empregos», no mundo de hoje, é imperioso.
O Diário de Notícias acabou de publicar, esta semana, uma série de
análises, estudos, estatísticas e opiniões sobre «O Estado do Ambiente», à imagem do que já tinha feito sobre o «estado» do país, da Justiça, etc. Considero o «Estado do Ambiente» o estudo mais completo, mais bem documentado de todos os outros. Por ele ficamos a conhecer os enormes problemas que afectam as nossas vidas, o país, e o ambiente. Por ele ficamos a saber que, há muito por onde é fácil criar emprego, desenvolver novas indústrias e cuidar da nossa «casa». Infelizmente este estudo teve pouco impacto na opinião dos leitores do DN. Apenas li a opinão (apologética) de um leitor. Seria interessante conhecer as razões por que aconteceu este desinteresse. Será que o DN tem feito política a mais e informação a menos?
Quarteira: aqui está uma imagem do pior que foi feito nas zonas costeiras do
país. Nem sequer aprendemos com os erros feitos por Espanha, quando Franco
deu ordem, no início de 1960, para fazer nas praias do sul, a Florida Espanhola.
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