A partida de Ponta Delgada, em avião da Sata, foi mesmo a tempo
de fugir ao Presidente Cavaco Silva, admirador das "vacas que riem" (à sua chegada a Santa Maria), e das "anonas que são podadas" (na sua casa da Coelha) no Algarve. O Presidente foi recebido por Carlos César, presidente do Governo Regional dos Açores. que vai terminar o seu mandato após as eleições regionais de 9 de Outubro, conforme determina o Estatuto Autonómico. Ficaria bem a Cavaco Silva (que há um ano, durante as suas ferias no Algarve, surpreendeu tudo e todos com uma urgente "comunicação ao país" para justificar a sua discordância com o novo Estatuto dos Açores) se mostrasse agora a Carlos César o quanto ele (Presidente) estava errado, ao recear a perda de "soberania" sobre o Governo Regional dos Açores. Ficaria bem a Cavaco Silva, se fizesse agora uma comunicação ao país, em directo de Ponta Delgada, a elogiar a governação do arquipélago dos Açores, que nada tem de similitude com a governação exercida pelo soba Alberto João na ilha da Madeira.
Após uma visita a S. Miguel, Ilha Verde e capital dos Açores, onde
as suas lagoas, parques, montes, cidades, vilas e aldeias nos surpreendem pela sua beleza deslumbrante, chegamos aqui, ao Continente, e ficamos atordoados. Pelo ritmo de vida, pelas cidades atulhadas de carros, pelo desassossego causado pelos "meios de comunicação social" e com a palração dos "papagaios" nas televisões, rádios e jornais. Mas hoje, o meu espírito foi recompensado. O neurocientista António Damásio, numa cerimónia de doutoramento honoris causa pela Universidade de Coimbra, disse o que "esta gente" sempre se recusou a admitir: "não vejo que a situação de Portugal seja tão extraordinariamente diferente de outros países no Ociedente". [...] "Não falem constantemente do problema de Portugal. Não há só problemas de Portugal. Há problemas de conjunturas políticas muito maiores". O reputado neurocientista português, que vive nos States, afirma que 'a crise financeira deve ser abordada tanto com a razão como com a emoção e discorda que se fale de uma crise portuguesa, porque [ela] é global'. "Não é possivel ter respostas emocionais ou respostas ditas racionais puramente. São sempre precisos os dois aspectos para chegar a soluções que resolvam problemas" -- declarou o cientista que mais tem estudado o cérebro humano. Ora, nem mais. Pedro Passos Coelho, que sempre "desconheceu" a crise financeira global, começa agora a falar da "crise europeia", como o fez na entrevista à RTP, nesta terça-feira. Porém, como está no poder, e já "sente" a realidade, entrou agora numa choradeira e num exercício sádico de luta contra a "emergência nacional", que até a imprensa internacional se alarmou... Passos Coelho não devia "soprar" o que lhe vai na alma: "se a Grécia falhar, o nosso país será forçado a pedir segundo auxílio à Troika"... Isto é sadismo. No dia seguinte, os "mercados" ficaram em pânico. Senhor primeiro-ministro, cuidado com as emoções!.
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