António José Seguro ganhou em toda a linha no Congresso do PS,
realizado em Braga, este fim de semana. José Seguro controlava o "aparelho do partido", por isso não espanta o resultado obtido. É sempre assim, tendo ganho nas "directas" -- por controlo da máquina do partido -- José Seguro foi agora entronizado. Sobre o futuro, poucas foram as ideias inovadoras apresentadas. Quanto ao passado recente, nada foi dito por duas razões: por um lado, Seguro quiz demarcar-se de Sócrates, de quem era crítico; por outro, pretendeu "renovar" o PS, mas sem o conseguir -- mudar o emblema, acabar com a "rosa" e colocar-se mais à esquerda, não vai beneficiar em nada o partido PS. José Seguro devia demarcar-se da "esquerda" que se aliou à direita para derrubar o Governo do PS, e que sempre recusou partilhar as responsabilidades da governação. O PS é um partido interclassista, moderador e com largo apoio da classe média. Os portugueses sabem que o PS sempre esteve do lado da democracia, com os valores do socialismo e dos direitos humanos. O lugar do PS não é onde estão o BE e o PCP. Estes partidos sempre farão do PS um adversário e inimigo. O lugar do PS é ao "centro", com as suas políticas sociais e económicas, com a ciência e a inovação, com a Europa e a CPLP, com os valores do socialismo.
É inacreditável que José Seguro, por muito que lhe custasse, não tivesse feito referência à governação socialista dos últimos seis anos, liderada por José Sócrates. O "esquecimento" de José Seguro é sinal do azedume que sente por Sócrates. É, tambem, querer "tapar o sol com a peneira", pois o país foi beneficado com a gestão de Sócrates. Em 2005, tendo recebido um país com um défice de 6,83%, José Sócrates chegou a 2007 com um saldo negativo de 2,8% e com a economia a crescer 2,7%. A partir de 2008, com a crise americana do sub prime, as coisas complicaram-se e Sócrates viu-se obrigado a implementar medidas que a UE e os EUA estavam a tomar: ajuda à banca e às empresas, investimento público para animar a economia, designadamente através da construção de estradas, e renovação de todo o Parque Escolar nacional. Em seis anos Sócrates expandiu as exportações, investiu nas energias renováveis (somos o quarto país a nível mundial), na ciência e tecnologia e com parcerias das melhores Universidades internacionais. Modernizou a administração pública, os serviços de notariado e dos Tribunais. O Projecto Tecnológico serviu de base ao acesso de serviços online e à democratização do uso de computadores pessoais, etc. As Universidades portuguesas competem hoje em "ciência e inovação" ao nível das suas congéneres europeias. E José Seguro, que ideias inovadoras apresentou neste congresso? Que projecto tem José Seguro para o futuro de Portugal?
Se é certo que, cada época tem os seus protagonistas, e estes serão o que as circunstâncias permitirem, pouco há a esperar de José Seguro, pois está amarrado ao Programa da Troika... Ainda que a actual coligação possa implodir -- levando à exclusão do CDS -- José Seguro sempre será o "seguro" de Passos Coelho. Nada nos garante que o Bloco Central, naquelas circunstâncias, não seja reeditado. Para bem do país... E aí, sim. José António Seguro poderá marcar pontos... Porque é obrigatório "resgatar" este país dos braços da Troika.
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