Até as livrarias mudaram... Umas desapareceram, outra resistem,
com dificuldades, mas estas já perderam a magia, o encanto e a riqueza de outras eras. Antigamente ia-se a uma livraria e encontravamos obras completas de autores portugueses, clássicos ou contemporâneos. Numa livraria dessas havia sempre um livreiro, um especialista, um conselheiro em literatura. Hoje as livrarias são apenas montras de livros, com 98% de autores estrangeiros, traduzidos ou no original. Livros que se vendem nos hipermercados, a preços correntes ou a desconto de 50%. É o comércio dos livros, das edições de autor, de memorialistas, comentadores ou simples escrevinhadores. Numa visita a cinco livrarias (Diário de Notícias-Rossio, Aillaud & Lellos e Portugal-Rua do Carmo, até à Bertrand e Sá da Costa-Rua Garrett) encontrei as seguintes "obras literárias":
MUDAR, de Pedro Passos Coelho, O ESTADO EM QUE NOS ENCONTRAMOS, de Luis Marques Mendes [e] DESATAR O NÓ, de António Carrapatoso [é] A OPERETA DOS VADIOS, de Francisco Moita Flores; UMA TRAGÉDIA PORTUGUESA, de António Nogueira Leite [é] O NOVO LIVRO DAS INUTILIDADES, de António Costa Santos; COMPROMISSOS PARA O FUTURO, de António José Seguro NO CENTRO DO FURACÃO, de Mário Soares; FÚRIA DIVINA, de José Rodrigues dos Santos [contra] PADRE MOTARD, de José Fonseca Lambelho; CÃO, COMO NÓS, de Manuel Alegre [com] PÉNIS - da masculinidade até ao orgão masculino, de Numo Monteiro Pereira; LARGOS DIAS TEM CEM ANOS, de Jorge Pinto da Costa [com] BOM SENSO, BOA VIDA, da professora Teresa Paiva; PORTUGAL A ARDER, de Joana Amaral Dias [são] PERCEPÇÕES E REALIDADES, de Pedro Santana Lopes; AS MULHERES DA MINHA VIDA, de Manuel Luis Goucha [ou] O QUE EU SEI SOBRE OS HOMENS, de Ana Sousa Dias; PELO CORAÇÃO DE PORTUGAL, de João Baião [pela] DEMOCRACIA SUSTENTÁVEL, de Paulo Rangel; PORTUGAL AGRILHOADO, de Francisco Louçã [mas] NUNCA TE DEIXAREI MORRER DAVID CROCKET, de Miguel de Sousa Tavares; O CÃO DE SÓCRATES, de anónimo [e] O CÃO QUE PENSAVA DEMAIS, de José António Saraiva[são] CONFISSÕES DO PÍU-PÍU DE PASSOS COELHO, pelo prório; POR TI RESISTIREI, de Júlio Magalhães [e pelos] MITOS DA ECONOMIA PORTUGUESA, de Álvaro [Santos Pereira].
Neste sortido de títulos, nomes e sobrenomes, pouco se enxerga de boa literatura, mas sobram livros para adornar uma prateleira vazia, esconder uma parede falsa, ou suportar uma mesa coxa. Com um pouco de jeito, é possivel fazermos algum humor, lendo apenas o título dos livros em azul. A negro restará apenas o nome dos afamados autores que tais oeuvres criaram.
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