Quarta-feira, 16 de Maio de 2012

O grande jornalismo sempre travou enormes lutas em defesa da verdade,

do direito a informar, e pelas liberdades individuais de cada cidadão. Porém, hoje em dia, o jornalismo é refém do poder económico e os jornalistas de agora sujeitam-se aos ditames do empresariado, esquecendo o código deontológico e os príncipios da objectividade, independência e rigôr na informação. Há uns dias atrás, o jornalista Emídio Rangel, foi condenado a pagar 100.000 euros numa acção movida pelo Sindicato dos Magistrados, por "difamação" do bom nome daquela corporação. O jornalista acusou os magistrados e juizes durante uma audição parlamentar, onde afirmava que o segredo de justiça era violado sistemáticamente pelo sindicato dos magistrados, que oferecia "notícias" sobre os processos mais mediáticos, designadamente o Freeport. Todos sabemos como o Correio da Manha serve de veículo para divulgar informaçao sobre processos relacionados com políticos. Todos nós sabemos que os "magistrados sindicalizados" fizeram uma guerra contra Sócrates por este lhes ter cortado regalias da ADSE, no subsídio de renda, no número de dias de Férias (3 meses), etc. Os "juizes sindicalizados" fizeram campanha contra Sócrates e até alinharam em manifestações de rua ao lado dos militares, dos funcionários públicos, e dos indignados. Pois bem, a profissão de jornalista hoje está tão corrompida, tão descredibilizada, tão desunida, que até já nem cuidam de defender os seus pares, como é o caso de Emídio Rangel. Chegámos a este empobrecimento, a este beco sem saída, porque hoje já não há jornalistas de referência. Com raríssimas excepções, hoje temos apenas escribas, uma espécie de copy-paste, de I-do-like-that, untuosos como o Crespo, ou servis como tantos, que tentam sobreviver, a recibo-verde ou contratos a prazo. Até agora, não vi nenhum jornalista nem ninguem do Sindicato fazer a defesa do jornalista Emídio Rangel. Cada qual faz pela sua vidinha. Nada mais, porque os tempos são de cobardia.

Colibri sustem-se no ar, esvoaçando a alta velocidade, para sugar o nectar

de um conjunto de flores no sul do Líbano, onde a paz é precária, não é doce.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:28 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Terça-feira, 15 de Maio de 2012

Os telejornais de ontem à noite, mostraram a qualidade e o carácter do jornalismo

que é hoje feito. Seis canais de televisão (RTP1, SIC, TVI, RTPInformação, Sic-Notícias e TVI24), todos eles abriram com Paulo Bento a informar sobre os "23" convocados para disputar o Euro 2012. Neste país, na Europa e no Mundo, nada aconteceu de mais importante para abrir os telejornais: o Euro 2012. Que só tem início daqui por um mês, mas que já faz perder o toutiço aos escribas avençados. Foi um autêntico massacre. Durante 18 minutos as televisões mostraram os "23", o nome dos "heróis" que vão salvar o Mundo e Portugal da crise e da recessão económica. Como cães esfomeados, os canais de TV lançaram-se numa frenética e insaciável fome de "informação". Tudo ficou esmiuçado, registado e esfrangalhado em directo. A RTP1, por decôro, absteve-se de continuar com a diarreia futebolística, mudando de tema aos 12 minutos de directo. Os outros canais, continuaram a chafurdar no Euro 2012, até nada restar sobre o festim. Fiquei com a impressão de que Portugal tinha ganho o Euro2012. Durante um quarto de hora, senti-me campeão, mas de tanto exagero, caí na real. Afinal, o campenoato ainda nem tinha começado... E houve um canal, que transmitia a cerimóniia de entrega do Prémio Pessoa ao escritor Eduardo Lourenço, mandou a Literatura às malvas, interrompeu o discurso do laureado, para ligar para Paulo Bento, que falava ao país para apresentar os "23" do Euro2012. Isto, só poderia acontecer num país do Terceiro Mundo...

Com raras excepções, o jornalismo de hoje não vai alem da submissão ao

poder económico, que o reduz a sarjeta, lugar de escarro. Os "papagaios"

parlantes da nossa praça, estão rendidos á parlação do corner e do penalty.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:01 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Segunda-feira, 14 de Maio de 2012

O clima vai de feição para quem esteja acostumado aos locais de monções.

Para nós, lusitanos à beira-mar, isto é demais. Nos últimos dias provámos o clima de monção, com elevada humidade e insuportável calor de panela a ferver. Hoje, as praias da Linha, estão cheias. É o efeito do desemprego e da precaridade. Não fora isso, seriamos levados a pensar que neste país ninguem vai trabalhar. O quadro é bonito, de pinceladas brilhantes e corpos despidos (ainda esbranquiçados), mas esconde a terrivel austeridade em que o país está mergulhado. Fora do país, tudo parece estar «à espera de Godot», com os mercados bolsistas a merguulharem no vermelho, e os políticos á espera de novidades vindas de Atenas, onde o resultado eleitoral não tem permitido a formação de um Governo. Já se aposta na provável saída da Grécia da Zonaeuro no próximo mês. Atenas não tem dinheiro para pagar os ordenados e pensões de Junho. Não quero acreditar neste cenário. Espanha, está à temperatura em que estava Portugal, quando Sócrates se rendeu aos "mercados" e pediu ajuda à Troika. Isto está tudo ligado, entrançado, mas os nossos "comentadores" avençados, não se apercebem disso. Nem tão pouco este Governo, dirigido por Passos Coelho, um "imberbe" político, sem experiência de governação -- nem sequer de uma simples Câmara. A ideologia não é suficiente, é preciso, acima de tudo, experiência, calo político. O país está em crise, mas o nosso ministro da Defesa, bem como o ministro dos Negócios Estrangeiros (Aguiar Branco e Paulo Portas, respectivamente), "gastaram á tripa fôrra" ao enviarem para a Guiné-Bissau, durante um mês, uma Força de Reacção Imediata (FIR), composta por 1 fragata, 1 corveta e 1 avião P-3 Orion destinados a "salvar os portugueses", em caso de necessidade. A FIR está de regresso, como quem chega de um passeio, e recolhe à caserna cansado. Foi tudo muito precipitado, exagerado, inútil. Seria bom que nos informassem a quanto importou a factura.

Num jogo de futebol entre o Arsenal e o Villareal, foi largado um esquilo para

o relvado, obrigando à interrupção do desafio. Se a moda pega, qualquer dia,

sempre que uma equipa esteja em desvantagem, largam uma galinha ou um

ou um bácaro para interromper o jogo, beneficiando, assim, o clube mais fraco.

 



publicado por Evaristo Ferreira às 14:59 | link do post | comentar

Sexta-feira, 11 de Maio de 2012

Um governante não deve iludir os contribuintes, mas tambem se espera dele

uma réstea de esperança no futuro, e é fundamental que assim seja, pois o povo precisa de um timoneiro que leve o navio a bom porto, evitando o naufrágio causado pela tempestade. O país está a viver dias de desespero, era natural que, da parte do primeiro-ministro, se ouvissem palavras de esperança e de estímulo, mas Passos Coelho é incapaz de o fazer, por falta de jeito e porque não sabe puxar pelo brio dos portugueses. Passos Coelho tem um discurso cheio de rendilhados tecnocratas, não se dá conta de que mexe com milhares de seres humanos. Passos é insensível, cruel e desumano nas palavras que usa para justificar a situação em que nos encontramos. Aos jovens recomenda para "sairem da sua área de conforto", e emigrarem para fora do país; aos desempregados recorda que, "estar no desemprego não pode ser um sinal negativo", pois é tambem um "sinal de oportunidade" para mudar de vida; Passos culpava Sócrates por ser "o único responsável pelo estado do país", quando os nossos parceiros europeus se debatiam com com os mesmos problemas. Agora, perante os resultados vindos de Bruxelas, onde se "prevê que Portugal falhe as metas de redução do défice", Passos Coelho mostra-se impotente para ultrapassar o Rubicão, e já se desculpa com os países europeus, por estarem a comprar cada vez menos a Portugal, afectando assim a nossa balança de pagamentos. Afinal, a crise vem de fora, quem diria, hen!...  Pois é, nem com a ajuda da Troika Passos Coelho consegue fazer melhor do que Sócrates... Desemprego de 15,5%, recessão de 3,3% e défice de 4,7% -- prevê Bruxelas para o final de 2012. Tudo largamente acima das previsões deste Governo.

Luxo asiático em Chongqing, China. Restaurante Special Classe modelado à maneira do Airbus

A380, dispõe de espaço para servir 110 clientes, sendo 6 em private rooms e vista panorâmica.



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Quinta-feira, 10 de Maio de 2012

Esta "gente honrada, cumpridora da palavra dada", mente descaradamente.

Prometeram não aumentar os impostos, não roubar o subsídio de Natal aos trabalhadores da função pública e aos reformados, não cortar na despesa dos serviços sociais, nem baixar os ordenados. Mentiram com todos os dentes que ainda possam ter. Proclamavam-se "gente honrada", que respeita a palavra dada, que não mente, pois o único "mentiroso" era o Sócrates. Tudo fizeram para chegar ao "pote". Agora, 10 meses depois de chegarem ao pote da "geleia-real", contabilizam um rol imenso de mentiras, e conduziram o país ao empobrecimento. Andaram a dizer-nos que tinham uma solução para o país, uns "pós de perlim-pim-pim" com os quais iriam tirar o país do "prego" e levá-lo à prosperidade. Palavras ôcas, mentiras a granel. Passos tinha uma solução: «cortar nas gorduras do Estado», cortar nos «custos intermédios», onde o Estado pouparia rios de dinheiro... Está-se a ver. Passos mandou às malvas as "gorduras do Estado" e esqueceu-se dos "custos intermédios". Mentiu a todos os portugueses. Passos Coelho mostrou ser incapaz, medricas e sem nervo para enfrentar os lóbis instalados. De tudo aquilo que prometeu, só resta a austeridade, o empobrecimento do país. E o pior ainda está para vir. Pelo Documento de Estatégia Orçamental (PEC-5), entregue em Bruxelas, ficámos a saber que os impostos vão subir até 2015, englobando uma receita de 3,855 mil milhões de euros... tornando, por via disso,  a vida dos portugueses ainda mais miserável. No entanto, esta "gente honrada" continua por aí, com cara de pau, como se nada fosse com eles.

Imagem feérica da noite parisiense, com a imponente Torre Eifel iluminada.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:47 | link do post | comentar

Quarta-feira, 9 de Maio de 2012

Por cá, o primeiro-ministro Passos Coelho deslocou-se para o norte, para

a Cidade Invícta, onde recebeu Mariano Rajoy. Ambos vão dar andamento à agenda da Cimeira Ibérica. Na capital, faz-se notar a acção do ministro das Finanças, Vitor Gaspar, o Rei Mago do Governo de Passos Coelho. Lá fora, continua a abundar a esquizofrenia, causada pelo eleitorado helénico. Depois dos protestos de rua, da austeridade empobrecebora e das manifs na Praça Sintagma, temos agora um puzzle político intrigante, causado pela recriminação do eleitorado, que distribuiu votos a mais de vinte partidos, sem que nenhum deles tivesse alcançado uma maioria ou a possibilidade de poder formar governo. Este acontecimento é mais uma Vitória de Samotrácia para a história do povo helénico. Entretanto a Europa, os Estados Unidos e as praças asiáticas, tremem de pavor, e continuam a não entender o significado do oráculo grego, saído das eleições de domingo. De queda em queda, os "mercados" vão arrasando os orçamentos estatais para o ano corrente. Cada vez a economia se vai degradando mais, sem que haja alguem capaz de suster esta caminhada para o suicídio. Estão, pois criadas as condições para os mandantes de serviço, implementarem as "reformas estruturais" que vão mudar a face dos países da União Europeia. A agenda deles é imposta a todos nós.

Decorreu esta manhã, na Praça Vermelha, o desfile militar destinado a comemorar

o 67º Aniversário do Dia da Vitória, dia em que as forças armadas soviéticas

entraram em Berlim, derrotando o regime nazi. Nesta imagem podemos ver o Topol-M,

lançador móvel de mísseis balísticos intercontinentais. Na parada participaram 14.000

tropas e mais de 100 tipos de armas de combate, incluindo tanques de guerra M-70,

usados durante a II Guerra Mundial.



publicado por Evaristo Ferreira às 15:12 | link do post | comentar

Terça-feira, 8 de Maio de 2012

Os sacrossantos "mercados" empurraram Portugal para o empobrecimento.

Com as "receitas" da Troika, com os avanços para "alem da Troika" insuflados por Passos Coelho e a submissão deste Governo perante a senhora Merkel, esta "gente honrada" conduziu o país para um beco sem saída. Vejamos as tonalidades deste quadro pintado pelos neoliberais:

= 306 famílias, por cada dia que passa, não pagam os seus empréstimos;

= 100 famílias, por cada dia que corre, deixam de pagar a casa ao banco financiador;

20% das grandes empresas têm dívidas atrasadas aos bancos;

= 15,3% de desemprego, é um máximo nunca atingido em Portugal;

= 38% de jovens anda à procura de emprego.

= Classe média do país, caminha para a extinção;

= Reformados da PT não recebem subsídios de Férias e Natal, mas os

= Reformados da banca têm direito àqueles subsídios...

= Campos e Cunha (ex-ministro de Sócrates), acumula ordenado na UNL com a reforma do BP.

Neste quadro (pior que O Grito, de Münch), sobressai o carácter do acutal PM, Passos Coelho, que trata os portugueses por "piegas", e os militantes do seu partido, o PSD, por "choramingas". Passos Coelho parece um Pai Tirano que trata os filhos como escravos.

Torna-se dificil aguentar com todo este inferno neoliberal.

O Enxofrado começa a não suportar tanto sufoco. Estou a pensar em dedicar-me á medicina alopática, como meio de me desenxofrar totalmente. Não aguento mais estas emanações satânicas e sulfúricas. Procuro um conselho de amigo, mas apenas topo com as prédicas do economista da Católica, João César das Neves, que recomenda a oração para os males que me afligem... Era só o que me faltava agora, depois da ministra da Lavoura, Assunção Cristas, é a vez do economista de sotaina, recomendar a oração como meio de salvação do país. O economista César das Neves vai mais longe. Ele diz que os "problemas de saúde" que afligem os portugueses, devem-se à sua abstinência da oração... Rezar, diz o louco, é o que mais falta faz a este país...

Com gente assim, fico cada vez mais enxofrado, mais desiludido.  

Monte Kilimanjaro, em África, com 5.895 metros de altura, mantem-se com

neve no topo, apesar do aquecimento global. Situado próximo do equador,

quem sobe lá acima, experimenta temperaturas entre os 38 e os 4 graus.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:19 | link do post | comentar

Segunda-feira, 7 de Maio de 2012

Ouvir os analistas políticos a dissertar sobre as eleições francesas, causa

sarna e enjôo ao mais desprevenido dos cidadãos. A sapiência nula, a objectividade abstrusa e a minguada cultura cívica, são os arreios com que a maioria dos "analistas" da nossa praça, bota discurso ao vento. O iluminismo desta gente é tão deficiente que os leva a emparelhar-se numa novel e ousada agremiação a que deram o nome de Clube dos Pensadores. Mas que ninguem se iluda, pois o tempo dos grandes pensadores, cimentados na Geração de 70 (1870), já lá vai. Oliveira Martins, Antero de Quental, Ramalho Ortigão, Guerra Junqueiro e Eça de Queiroz (entre outros), esses sim, tinham substância de primeira qualidade. Todavia, passados que foram os anos da viçosa energia, acabaram por sucumbir e acantonar-se em Os Vencidos da Vida. Mas os seus ideais fizeram sementeira, que haveria de levar à queda da monarquia.

Pois bem, nesta década, ali para o norte do país, foi criado o Clube dos Pensadores destinado a ser um alfôbre de "livres e maquiavélicos" obreiros do pensamento. Não conheço os seus estatutos, nem tão pouco sei quais são os seus objectivos. Depois da Maçonaria, da Opus Dei, da Trilateral, do Fórum de Davos, do Grupo de Bildberg, da Loja de Fátima e dos Evangélicos do Sermão, torna-se quase impossivel medrar no mercado da palavra vã e do comentário enviesado. No entanto, pude fazer uma avaliação do referido Clube, através de alguns dos nomes badalados na praça pública, membros efectivos do clube nortenho. Devo esclarecer que não topei com o nome de Boaventura Santos, Manuel Maria Carrilho, Augustina Bessa Luis, Sobrinho Simões, Eduardo Lourenço, Vasco Graça Moura ou António Mega Ferreira. Esta ilustre gente, não precisa de se agremiar para ter notoriedade. No Clube dos Pensadores está a "nata" da vulgaridade nacional, ou seja, encontramos lá o seboso Mário Crespo, o empinocado Ricardo Costa, o rabo-de-saias Pedro Santana Lopes, o azedo e choramingas Luis Filipe Menezes, o soba Alberto João Jardim, o grande educador Garcia Pereira, o merceeiro do Pingo Doce, o cómico-trágico Medina Carreira, etc. Tudo gente de alto gabarito, como se pode ver por esta mão cheia de melros que anda por aí, a fazer pela vida. Faltam lá tres nomes, o do assarapantado António Barreto, do contador de histórias Vasco Pulido Valente, e do Zé Manel Fernandes, especialista em americanices. Por mim, não me importo que eles andem por aí, mas parecia-me mais justo e razoável que eles estivessem a disputar idiotices num campeonato de III Divisão. Não têm susbtância nem arcaboiço para perorar na I Divisão dos analistas/comentadores nacionais.

Grupo de "pensadores" durante o banho em lago da água quente, algures no norte do Japão.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:39 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Sexta-feira, 4 de Maio de 2012

Para espairecer, não há como subir o Chiado e deixar-se enredar pela atmosfera

que envolve aquele espaço, entre a Rua do Carmo e o Largo de Camões. É um lugar de passagem e de lojas refinadas, onde havia meia dúzia de livrarias, mas agora tudo está diferente. Dá-me prazer passar por ali. Nos escaparates da Bertrand, fui surpreendido com O Segredo do Crescimento dos Negócios, um livro da autoria de um tal Paulo Vilhena. Ora, aqui está um bom livro para o ministro Álvaro conhecer este país de iluminados -- pensei. Afinal, o crescimento dos negócios (não quer dizer da economia), tem estado no segredo dos deuses. Seria bom que o primeiro-ministro Passos Coelho se dedicasse à leitura destes "segredos", ele que agora anda a "puxar pelo crescimento" e até diz que "o modelo de crescimento assente em salários baixos é um modelo de empobrecimento". Algo de anormal está acontecendo na cabeça do primeiro ministro Passos Coelho, para dizer uma derdade destas.

Ao olhar para o escaparate de um quiosque, fiquei a saber que o soba "Jardim [da Madeira] entregou 25% do resgate a empresas falidas". Um regabofe do filho da Madeira, que não tem concerto. No mesmo escaparate leio: "Eu não sabia" -- terá dito ao ensolarado Sol do arquitecto Saraiva, o merceeiro do Pingo Doce, a propósito do desconto de 50% oferecido aos "pobres envergonhados" no dia 1º. de Maio. Ora, isto é o que acontece quando se tem muitos balcões de venda, entregues ao arbítrio de "gestores agressivos", bem pagos pelo patrão da Jerónimo Martins. Mas eu não acredito que Alexandre Soares dos Santos não soubesse da "festa" do Pingo Doce no Dia do Trabalhador...

Uma boa cena no Chiado pode sempre acontecer na Brasileira do dito. Sentado ao lado do Fernando Pessoa, um turista com ares de ianque, comia uma sandocha do tamanho de um pau-de-fileira, depois de a ter recheado com meio frasco de ketchup. Mesmo em frente, nas montras da Ramiro Leão, uma pequena e ondeante faixa anunciava o seguinte: "The colors of Spring there are in the air", um apelo à compra de camisetes, soutiens e lingerie diversa. A complementar este quadro, uma madona de peitos generosos acocorava-se junto da estátua do poeta Chiado para dar pedacinhos de bolo a meia dúzia de pombos afeitos e desavergonhados. Em frente, sentado no chão, no local onde dantes existia a Havaneza, um solitário gótico, adornado com arames e brincos nas orelhas, nariz e sobrancelhas, chupava por uma garrafa de litro e meio um produto da Unicer, uma cervejeira gerida por António Pires de Lima, homem de negócios que faz profissão de comentador político, nas tevês que permitem a promiscuidade entre política e negócios. O gótico estava acompanhado na sua solidão por dois rafeiros escanzelados e cheios de lazeira, mas que sentiam segurança junto do seu amo.

"The colors of Spring there were in the air", até aquele momento, porque logo de seguida caiu um aguaceiro leve e apressado, que acabou com os meus devaneios e me levou a procurar abrigo ao lado da Igreja dos Italianos, encerrada, apesar de ter cara lavada, obra levada a cabo, durante largos meses, pela Teixeira Duarte. Este facto trouxe-me à memória a notícia chegada do Vaticano, onde Beneditus XVI se mostra agastado com a "acção social" prestada pela Cáritas. O Papa exige menos "social" e mais "doutrina", por parte da Cáritas. É sabido que o Vaticano perdeu muitos milhões com esta crise, em investimentos no subprime americano e mesmo nos esquemas do Madoff . Valha-nos Deus! Resumindo: frente à Igreja dos Italianos, está a do Chiado, de portas abertas, sempre. Devo confessar aqui e agora que gosto muito de obras arquitectónicas, não gosto de sacristias nem de sermões. Já de regresso, ao descer a Rua do Alecrim, exactamente no Largo Barão Quintela, reparo na estátua em homenagem a Eça de Queiroz, com o epitáfio: "Sobre a nudez forte da verdade/ o manto diàfano da fantasia". Nada melhor para concluir um passeio pelo Chiado... E agora, vou até Paris, em pensamento, à espera dos sinais de mudança.

Torre Eifel em Paris, iluminada e iluminando aqueles que gostam da França.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:11 | link do post | comentar

Quinta-feira, 3 de Maio de 2012

Passos Coelho e o seu Governo, quando se trata de enfrentar lóbis,

sejam eles de interesses corporativos, de associações patronais ou de autarquias estatais, não consegue executar as recomendações (ou exigências) da Troika. Este Governo tem mostrado ser duro com os fracos e cobardolas com os fortes. Foi assim com o roubo dos subsídios de Férias e de Natal -- que não constam do Memorando da Troika -- foi assim com os cortes na função pública, e o contrário com as rendas excessivas da EDP e com a redução do número de autarquias (primeiro com as Câmaras e agora com as Freguesias). O Governo desiste de enfrentar o lóbi das autarquias, ou seja, não vai cumprir com o Programa da Troika, que previa a redução do número de autarquias. Miguel Relvas prometeu que ia reduzir em 1.500 o número de Freguesias, mas agora desistiu, depois de ter sido vaiado em reuniões com a ANMP. Como é sabido, havia um estudo para reduzir em 2.000 milhões de euros as rendas excessivas da EDP, mas o estudo enviado ao Governo chegou primeiro (por portas travessas) ao gabinete de António Mexia, que logo começou a desvalorizá-lo, dizendo era exageradamente delirante. Agora, em lugar de 2.000 milhões de euros, fala-se em apenas uns 200 milhões... E o Governo parece aceitar e calar-se. Um governo cobardolas que, mesmo escudado na Troika, não consegue enfrentar os poderosos. Passos Coelho e os seus ministros são fortes, duros e inflexiveis mas só com os fracos e indigentes. Cortes nos subsídios do RSI, no Subsídio de Desemprego, e aumento de impostos, subida dos passes sociais... Tudo a "malhar" no pobre e remediado Zé Povinho. Ao contrário daquilo que prometeu, Passos Coelho tem sugado o dinheiro dos reformados e da função pública, mas tem esquecido os gestores públicos, o sector privado e os reformados do Banco de Portugal. Para estes a crise passa ao lado. São portugueses de primeira, os outros são lusitanos de segunda ou "lixo", como gostam de classificar os "mercados" insaciáveis.

Vista geral de Pyongyang, capital da Coreia do Norte, tão demonizada pelos media ocidentais.

Aqui não há fome, mas lá ela existe -- dizem. Será verdade tudo o que se diz sobre Pyongyang?

Tambem roubam aos reformados e funcionários públicos, como faz este Governo de tecnocratas?



publicado por Evaristo Ferreira às 14:42 | link do post | comentar

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