Continuamos a assistir a um ajuste de contas com José Sócrates.
O pasquim da Cofina, contratou um reporter-mastim para seguir os passos de Sócrates em Paris. O ex-primeiro-ministro, para além de não poder gozar da sua privacidade, sujeita-se a ser mordido nas canelas e a contrair a raiva por efeito das mordidelas do mastim em serviço do Correio da Mânha. Este ódio por Sócrates chega a ser doentio e parece coisa de gente doida. Mas alguem está a pagar ao mastim para fazer o serviço. Tambem sabemos que os "juizes sindicalizados" querem investigar as despesas feitas pelos ministros de Sócrates com cartão de crédito. Este ódio judicialista, compreende-se, e tem a ver com o facto de Sócrates, em 2006, ter acabado com as férias de tres meses que os juizes usufruiam, e tambem a saída da ADSE e perda de outras regalias exclusivas. Outro ressabiado, que sofre de ódio contra o socratismo, é Nuno Crato, grande admirador da Revolução Cultural de Mao Tze Tung. O ministro Crato chegou mesmo a dizer que queria «implodir o ministério da Educação», e o seu ódio contra Sócrates ficou espelhado nas "conclusões" que tirou do relatório da IGF ao Parque Escolar. Crato concluiu que havia uma derrapagem de 440%, e o Marques Mendes -- discíplo de Marcelo -- fala em 1500%, mas o relatório da IGF refere apenas 66%, devido «à área de construção por escola, uma vez que, em termos médios, passou de 800 alunos, na estimativa inicial, para 1215 alunos por escola (mais 52%)». O ministro Crato mandou parar tudo em Agosto. Agora (depois de destilar o ódio contido), o ministro Crato deu ordens para continuar as obras, mas «com indicações para se proceder à substituição de alguns materiais para se poupar». O ministro Álvaro tambem prometeu acabar com todas as Fundações, para poupar dinheiro, mas até agora não se conhece o número e o nome daquelas que foram encerradas. Enfim. A política é feita destes jogos florais. O pior é quando uns acusam os outros de mentir, mas aqueles mentem com todos os dentes que têm. Ainda agora, durante a novela dos Roteiros do PR, vimos e lemos alguns «mentirosos» dizerem que Sócrates não deu «cavaco a ninguém», sobre o PEC-4, quando na verdade Passos Coelho foi a S. Bento, a pedido de Sócrates, para tomar conhecimento das medidas do PEC-4, na noite que antecedia a ida para Bruxelas. Passos já confirmou esse encontro, mas os «servidores» ignoram esse facto e continuam a mentir. O cúmulo deste desvario mental, que não ajuda à unidade nacional (nesta hora de austeridade), é o facto de os senhores "juizes sindicalizados", em vez de julgar, teimarem em "investigar" e processar, funções estas que pertencem ao Ministerio Público. A cegueira e o ressabiamento deles são tão evidentes, que colocam os "juizes sindicalizados" numa situação vergonhosa. E contra esta doença mórbida, não há medicante competente. Pois é esta a (in)Justiça que temos. Feita por esta gente mesquinha e ressabiada.
Hoje é o Dia Mundial do Sono. O quala é um animal pacífico, sereno e muito calmo.
Precisa dormir 18 a 22 horas por dia. Originário da Austrália, alimenta-se das folhas
de eucalipto. Os animais que não se alimentam de cadáveres são muito pacíficos.
Acredito na ministra da Lavoura, Assunção Cristas, que há muito anda
a rezar para que chova, e assumiu essa missão há dois meses. Finalmente, hoje tivemos chuvinha, pelo menos em Oeiras, a partir das 16,00 horas. Temos chuva e trovoadas, o que é bom sinal, pois o barulho dos trovões amedronta os ateus e os crentes, levando estes a rezar em cadeia. Temos uma santa ministra. Depois de desengravatar os funcionários do seu ministério, para poupar energia, conseguiu agora ver realizados os desejos de que chova em Portugal. Pelo menos em Oeiras chove, não sei se esta benção está a estender-se a todo o país, mas aqui os jardins vão ficar cheios de erva, e as árvores vão desabrochar. Por acaso, neste momento, em vez de chuva, cai granizo, e do rijo. Uma nota curiosa: ontem o senhor bispo de Beja, dizia que vem aí chuva, porque acreditava muito no poder da oração. Disse mais, disse que a salvação do país pode ser encontrada através da oração. Ao contrário do que fez a nossa ministra da Lavoura, que anda a rezar há dois meses, o senhor bispo só agora veio defender a reza para que venha chuva... Isto é batota, naturalmente o senhor bispo, nestes dias, fez uma consulta aos meteorologistas, ficando a saber que, com a chegada do equinócio (dia 21), iamos, com toda a certeza, ter chuva. Enfim. Para mim, a chuva chegou porque é tempo dela. Ponto.
Temos o comissário Oli Rhen em Lisboa. Para falar com Vitor Gaspar
e Passos Coelho. Vem avaliar o estado de alma do Governo. Esta visita prenuncia, não um milagre, mas um possivel segundo pacote de ajuda a Portugal. Passos Coelho continua cheio de fé. Vitor Gaspar confia no controlo das contas. O Moedinhas diz que, até agora, «as coisas estão a correr muito bem». Nem uma coisa, nem outra, ou seja, não se trata de ter fé, de «custe o que custar», nem de que tudo vai bem. Não, as coisas não estão a correr como se esperava. As receitas estão abaixo do que foi programado; o barril de petróleo está 15% acima do que foi orçamentado. Diz quem sabe, que «por cada dez dolares de aumento no preço do petróleo, a variação do PIB cai entre 0,4 e 0,5 pontos percentuais». No OE a média do barril de petróleofoi calculada a 78 dolares, mas essa média já está nos 90 dolares. Quer isto dizer que, para cumprir os 4,5% de défice para este ano, Passos Coelho terá que recorrer ao aumento de impostos ou cortes mais profundos na despesa. O cenário não é bonito, é trágico. Pena é que o ministro Vitor Gaspar não possa aplicar a receita da ministra da Lavoura: orar todos os dias, para que aconteça um milagre. Um milagre da multiplicação dos euros, a descoberta de petróleo na costa alentejana, ou um investimento (a sério) de muitos milhões de euros. Não aquele que nos prometeu o ministro Álvaro, o «maior investimento de sempre», o tal da BHP-Billiton (Rio Tinto), em Moncorvo. Esta empresa mineira, a maior a nível mundial, está cheia de dívidas... e não sabe quando vai arrepiar camnho. Só quando a economia mundial começar a crescer, e tomar a dianteira à «economia financeira, de casino», que nos touxe até aqui.
Pensava eu que o tradutor de obras mortas, Vasco Graça Moura, depois
de ser nomeado director do CCB, voltasse à Literatura, coisa que sabe fazer com mestria. Mas não, depois de limpar o pó ao CCB e de arrumar o Comendador Berardo a um canto, o Vasco largou a farda da limpeza, mais os espanadores e os produtos de desinfestação, e voltou hoje à política de «garnizés», com um ataque frontal e desrespeitoso ao PS, «criaturas menores» a quem Cavaco Silva não deve dar atenção. Tudo por causa dos remoques ao «prefácio» dos Roteiros do PR. Vasco Graça Moura -- que fala de galinhas, cocós e garnizés -- passou-se dos carris e vem acusar todos quantos recorreram a «pretextos de ataque político de que nem um atrasado mental lançaria mão» para atacar o presidente Cavaco. «A governação socialista transformou Portugal numa porcaria», afiança o Vasco. «Essas criaturas, vêm agora com trejeitos de virgens ofendidas, eriçar-se contra o Presidente da República» -- queixa-se o vate anti-AO. «A velhacaria envolve uma grotesca tentativa de branquear a governação socialista [...], e da incapacidade mais pantomineira de ser oposição nos tempos que correm», diz VGM. «A prova de que o presidente escolheu muito bem o momento [para falar da falta de lealdade], está no esganiçamento desvairado da guincharia que se levantou», adianta o amigo da Velha Senhora, dona da Ordem da Jarreteira nacional. Furibundo e espumando pelos beiços, o Vasco diz de todos, o que Maomé não disse do toucinho. Em defesa de El-Rei Cavaco, o escudeiro Vasco diz o contrário de alguns apoiantes do actual inquilino de Belém, ou seja, o presidente teve mais um momento infeliz. O colérico tradutor de obras mortas, ao dizer o que disse, quis atacar não só o PS, mas tambem os inúmeros sociais-democratas que não aprovaram o prefácio de Cavaco Silva. O Vasco não foi capaz de invectivar directamente contra Marcelo Rebelo de Sousa, António Capucho, Marques Mendes, etc. No entanto, todos estes militantes do PSD, eleitores do actual PR, dirigiram duras críticas a Cavaco Silva, por ter admitido que houve «falta de lealdade» por parte de Sócrates, e nada ter feito para o demitir, na altura devida. De agora em diante, passo a considerar como irrecuperável o «pantomineiro» Vasco G Moura. É que, em vez de falar dos problemas com que o país se debate, e apresentar soluções, o Vasco prefere destilar veneno, desunir quando é preciso unir, cacarejar apenas, como qualquer garnizé.
O bisonte europeu está em perigo de extinção. Consta do Red Book animal.
Depois do pasquim da Cofina, Correio da Mânha, se ter transformado numa
cloaca do pseudo-jornalismo, ao deslocar para Paris um "repórter" malhado de galgo, para farejar as passadas de José Sócrates, de dia e de noite, eis que chegou agora a vez dos "juizes sindicalizados" perseguirem o último Governo do ex-primeiro-ministro. Esta obsessão doentia, alimentada pelos senhores "juizes sindicalizados", cheira a vingança fora de tempo, mas quando o rancôr turva a consciência dos actores da Justiça, é porque algum facto freudiano está a envenenar as víboras peçonhentas. Desta vez não é o Correio da Mânha, são os senhores "juizes sindicalizados" que procuram morder as canelas de José Sócrates. Porquê, só agora, passados nove meses? Porque é o tempo que demora a gestação do ovo. Os senhores "juizes sindicalizados" estão cheios de rancôr, enraivecidos de ira porque Sócrates logo em 2005, quando tomou posse, retirou o estranho previlégio de que gozavam os senhores juizes: tres meses de férias, quando todos os demais portugueses, seja o primeiro-ministro, o presidente da República, os militares ou os funcionários públicos, têm apenas 30 dias de férias. Por outro lado, com o programa de redução da despesa pública, os senhores juizes e magistrados tambem tiveram corte nos ordenados, nas despesas da ADSE e demais regalias. Ao fazer este nivelamento, ao obrigar os senhores juizes a trabalhar mais, e ao corte nos salários, José Sócrates criou anticorpos na classe dos juizes, que até então se julgavam acima de todos os demais funcionários do Estado. Nove meses após a queda de Sócrates, os "juizes sindicalizados" vêm agora vingar-se de quem ousou enfrentá-los, obrigando-os a produzir mais, e a partilhar da austeridade imposta pela crise. Esta «judicialização da política» e do Estado, é perigosa. Os juizes devem «decidir sobre crimes» e não «fiscalizar as regras do jogo democrático». Aguardemos. Estou para ver se, mais tarde, os senhores "juizes sindicalizados" vão perseguir a actual ministra da Justiça, por esta ter decretado que todos os juizes devem despachar um «mínimo de 65 processos» durante o ano judicial...
O matemático ministro da Educação, Nuno Crato, que em tempos andou a
militar no maoismo chinês, contra os sovietes, continua interessado em «implodir o ministério da Educação», conforme prometeu após a sua tomada de posse. Mas, como qualquer maoísta que leu o Livro Vermelho de Tze Tung, Nuno Crato governa «à sua maneira», isto é, previlegia a escola e o ensino privado (segundo a lei dos opostos). Por preconceito ideológico contra a renovação do Parque Escolar, Nuno Crato encomendou uma auditoria à Inspecção Geral de Finanças (IGF), que serviu para o ministro debitar o seu veneno na renovação das escolas, atacar Sócrates, e vir depois falar do relatório, truncando os números e baralhando os dados da IGF. A coisa é tão grosseira que cheira a urso. Dizer que o aumento foi de 447% quando o relatório fala de 70%; esquecer que, ao aumentar o ensino obrigatório até ao 12º. ano, as áreas de construção passaram de 800 para 1230 alunos; confundir reparações com renovação de escolas, tudo isto é vergonhoso e mostra o carácter do ministro maoísta que gere o ministério da Educação. O Daniel Oliveira consultou o relatório, e desmonta o discurso do ministro. Veja-se com atenção o que Daniel diz aqui.
O revivalismo e o kitsch... Por cá, o festival das cantigas da RTP, voltou ao fado
e leva a Baku um conjunto de 5/6 executantes. Na Rússia, as Buranovsk Babushky,
ou "Avózinhas de Buranovo", com idades entre os 50 e os 76 anos, tambem foram
escolhidas para representar o país mais extenso do mundo. Saudades do passado?
«Com que objectivo o sr. Presidente da República escreve aquele prefácio
nos seus "Roteiros"?. Para quê abrir feridas antigas que apenas servem para dividir mais os portugueses? Que tipo de incómodo ainda lhe provoca José Sócrates? Será que não sabe que José Sócrates e o antigo Governo já foram julgados pelo eleitorado? Desconhecerá que nas suas funções não estão incluidos juizos morais? Lealdade institucional? Será o sr. Presidente capaz de dizer que foi sempre leal com o antigo Governo? De que tipo de lealdade ou mesmo de dignidade estamos a falar quando se ataca alguém que está afastado da vida política e que não se pode defender? Que diria se o Presidente da República na altura em que deixou de ser primeiro-ministro o viesse julgar na praça pública? A que propósito um Presidente em plenas funções faz balanços sobre as qualidades pessoais ou políticas de antigos primeiros-ministros? Terá esquecido as suas funções, a sua dignidade institucional? [...] Não, o Presidente da República não pode estar a pensar em concorrer com pasquins que descobriram que a simples menção do nome Sócrates lhes faz subir as vendas mesmo que seja preciso mandar às malvas as mais básicas regras da decência e que confundem jornalismo com insídia e desprezo pelos mais simples direitos de personalidade. [...] Não, o Presidente da República não pode imaginar que tirando o esqueleto de Sócrates do armário faz esquecer episódios como o das pensões ou o das escutas. Nós até estavamos dispostos a esquecer esses dislates, mas era por propósitos bem mais altos e bem mais importantes. Não, Cavaco Silva não pode estar a embarcar na nau dos infelizes que é capaz de culpar Sócrates pela chuva na eira e pelo sol no nabal. Não, não é possivel que o nosso representante desça a esse nível. Mas, afinal, que objectivo quis o Presidente da República atingir com aquele texto ressabiado a tresandar a ajuste de contas? [...] Só há uma explicação, e bem humana, para um infeliz momento do Presidente da República: há quem não domine os ódios e os rancores pessoais. Pensar [eu] que há apenas uma semana pedia, neste mesmo espaço, para que o Presidente não voltasse a desiludir...»
Pedro Marques Lopes, comentador e analista político, na edição do DN de 11 de Março de 2012. Não se trata de um «socrático», mas de um português que votou em Cavaco Silva. Já o disse mais que uma vez.
À MARGEM - O seboso pivô da SIC-N, Mário Crespo, entrou em conflito com o Expresso, o semanário da holding Impresa, pertença de Pinto Balsemão. Ao seboso Mário foi "censurada" uma peça onde defendia Luis Marinho, da RDP, que tambem censurou uma crónica de Rosa Mendes em que este autor censurava um programa da RTP transmitido de Luanda. O seboso Mário Crespo, já em 2010 se enfureceu por o Jornal de Notícias, do Porto, do qual era colaborador, ter "censurado" uma crónica sua sobre «O Fim da Linha», leia-se anti-Sócrates. Desta vez a crónica do seboso Mário tinha como título "Os Comediantes". Em 2010 o encrespado Mário, chegou a depôr na AR, numa comissão de inquérito, destinada a apurar se o Governo estava ou não a «controlar» os jornais, as televisões e as rádios. O seboso Mário vestiu um T-shirt e andou de deputado em deputado a distribuir fotocópias, como se fosse o groom da loja. Foi uma cena de "comediante". Por este andar, qualquer dia o seboso Mário vai pela borda fora da SIC-N. Em tempos andou a insinuar que o poderoso ministro Miguel Relvas o tinha abordado para ir para Whashington, como correspondente da RTP. Depois, deu o dito por não dito. E o ministro Relvas abortou a "operação Crespo». Se tudo isto acontecesse nos tempos de Sócrates, aqui-d'el-rei que o país vivia numa «asfixia democrática», onde não havia liberdade de expressão, e vinha aí a "censura " implantada por Sócrates. Agora, como são eles, todos quantos queriam era chegar ao «pote», tudo vai bem.
Era só o que nos faltava agora, em plena crise financeira e quando o
desemprego atinge números nunca dantes registados, vir o presidente Cavaco Silva a acusar José Sócrates de «falta de lealdade» institucional. Para editar os seus «roteiros», o presidente Cavaco não tinha necessidade de vir agora acusar o ex-primeiro-ministro de desleal, pois certamente, esta acusação gratuita, «vai ficar na história», mas tambem vai relegar para segundo plano os feitos que Cavaco Silva fez, em viagens turísticas pelo país, acompanhado do seu séquito presidencial. No que toca a deslealdade (política), Cavaco é o campeão. Ele nunca gostou de ser contrariado. Não sabe viver com o «outro», é incapaz de admitir um erro. Vejamos o «roteiro» das contrariedades suportadas pelo político Cavaco Silva: «Eu nunca me engano e raramente tenho dúvidas» (como primeiro-ministro). «Têm que viver duas vezes, para ser tão honestos quanto eu» (candidato a PR). «Chegámos ao limite em que não é possivel exigir mais austeridade ao povo português» (tomada de posse - 2º mandato). «A minha reforma não dá para pagar as despesas» (resposta a uma velhinha que lhe pedia um aumento na pensão de 250 euros). «Falta de lealdade de Sócrates ficará na história» (registado no «Roteiro» de viajante pelo país). Como se vê, o pensamento de Cavaco Silva é dirigido apenas para o seu ego. Cavaco Silva é um técnico de economia e finanças, mas falta-lhe o lastro da filosofia, das humanidades, da literatura em geral. Cavaco Silva é um cidadão pobre de espírito, sem altruismo nem magnanimidade.
Quanto a lealdade institucional, para com o ex-primeiro-ministro José
Sócrates, basta lembrar o «Roteiro» das «escutas a Belém», do apoio dado à candidata Ferreira Leite, nas legislativas de 27 de Setembro de 2009. A Velha Senhora, por sugestão do Pacheco Pereira ou do conselheiro Fernando Lima, lançou um anátema contra Sócrates: "a asfixia democrática", este país tinha perdido o direito a respirar, era insuportável viver aqui. (Era isto que "pensava" a Velha Senhora), mas Cavaco Silva, ao calar as «escutas a Belém», ajudou à festa e foi desleal com Sócrates, pra burro. Cavaco pensava que, com a crise financeira a alastrar pela Europa, a Velha Senhora ganhava as eleições legislativas com facilidade. Não era preciso fazer muito, bastava repetir os slogans da «asfixia democrática»... A maçã estava madura, era só esperar que caisse. Como se sabe, a Velha Senhora perdeu as eleições, o PSD entrou em convulsão e Cavaco Silva começou a não poder encarar com Sócrates. Tudo aconteceu em plena campanha eleitoral para o segundo mandato de Cavaco Silva. Os adversários colocaram dúvidas sobre a venda de acções do BPN, sobre a sisa referente à troca da moradia em Boliqueime por outra na Aldeia da Coelha, etc. Cavaco não esclareceu, evitou o assunto, e os outros candidatos ainda foram injuriados: «Têm que nascer duas vezes, para ser tão honestos quanto eu», respondeu Cavaco. Quanto a «deslealdade», é bom lembrar que, no primeiro trimestre de 2011, Cavaco Silva apelava aos jovens para um «sobressalto cívico», maravilhava-se com as manifs dos «indignados», e, já depois de eleito, na tomada de posse, atacou o Governo de Sócrates em plena Assembleia da República de forma tão desleal e injusta, que o primeiro-ministro ficou mudo. Se Sócrates fosse um irresponsável, tinha ali mesmo apresentado a sua demissão, criando uma grave crise institucional e financeira ao país. Cavaco foi desleal com Sócrates porque reuniu com Passos Coelho (a pedido deste), dias antes da votação do PEC-4 no Parlamento. Foi aí que se consumou a ameaça do Cônsul Marco António (ajudante de campo de Filipe Menezes, de Gaia): "Ou vamos para eleições, ou o PSD escolhe um novo presidente". Tudo havia sido preparado, em colaboração com o presidente Cavaco. O PEC-4 foi chumbado, por toda a oposição. No final da votação, o BE decretou o seguinte diktat: «O chumbo do PEC-4 é o principio do fim da crise».
Como eles pareciam felizes, em 2008, dias antes da falência do Lheman Brothers.
Após oito meses de exercício, o Governo de Passos Coelho está em lenta
desagregação. Está a enfraquecer, a esboroar-se. Devido à sua orgânica. Passos Coelho quiz inovar, ao criar um mini-executivo de super-ministros. O resultado está à vista. À inexperiência de Passos Coelho, somou-se a inexperiência do ministro Álvaro. Vitor Gaspar, é apenas um tecnocrata, competente. Falta-lhe a experiência política. A ministra do super-ministério da Agricultura, Assunção Cristas, tambem peca por inexperiência política. A ministra da Lavoura, que é uma pessoa de fé, dirige um verdadeiro monstro -- o MAMAOT (Ministério da Agricultura, Ambiente, Mar, e Ordenamento do Território). Cristas é neófita no Parlamento, na política, no Governo. Andava a protestar numa manif dos indignados, quando chamou a atenção do «olheiro» Paulo Portas. Conversaram, e convidou-a para se inscrever no CDS. Daí até chegar a «super-ministra», foi um salto. Depois de desengravatar o pessoal do seu ministério, Cristas cuidou da orgânica do MAMAOT, e, tirando as orações feitas a pedir chuva, pouco mais se tem visto. Agora, quando se aproxima o equinócio da primavera, despertou para seca, e foi para Bruxelas pedir ajudas para a Lavoura. A ministra andou distraída, não soube prever a seca. Se fosse com Sócrates, ai Jesus nos valha, que o primeiro-ministro não soube prever o futuro... Mas Assunção Cristas não tem a culpa toda. A culpa é, em grande parte, de Passos Coelho, que tambem é um inexperiente na política. Andou anos a fio, a tratar dos negócios do lixo nas empresas to terrível Angelo Correia, e veio para a política cheio de lixo, mas maculado em experiência governativa. O que está a acontecer com o Governo, deve-se, em grande parte, à inexperiência política do seu chefe. Quer se queira quer não, o país encontra-se à mercê desta "gente honrada", que não deixa de ser mentirosa. A cena de ontem no Parlamento, com um secretário de Estado a dizer o contrário do que disse o primeiro-ministro, não é edificante nem lisongeira. Passos Coelho vai ao Parlamento, acompanhado apenas por Miguel Relvas, que é uma espécie de Secretário-Geral do Governo. Para responder às perguntas dos deputados, não compareceu nenhum dos super-ministros... Mas como é possivel a Pedro Passos Coelho, sózinho, enfrentar a oposição? Acaba por dar raia, causar acesas discussões, e faltar o esclarecimento adequado, fragilizando cada vez mais este Governo.
À MARGEM - Por volta das duas horas da tarde, os "bifes" do Manchester, ocuparam a esplanada do PIC-NIC, no Rossio, onde colocaram duas faixas nas montras do estabelecimento, como se aquilo fosse propriedade do clube inglês. «We're Bettter - Manchester». Áquela hora, os "bifes" já estavam encharcados em beer. Havia copos de litro por toda a parte, garrafas de cerveja, sandes e omeletas, sobre a mesa e pelo chão. Viva o football, que ajuda a aliviar a crise. Com tanta cerveja no bucho, logo à noite, as forças de segurança vão ter muito por onde dar cacetadas...
Aqui, não há gato... Mas na Europa haverá uns 8 milhões de bichanos. Talvez
tenho sido o primeiro animal a ser domesticado, para combater a rataria, que
atacava os celeiros, comia tudo o que encontrava nas dispensas ou nas arcas.
Não há dúvida de que o Governo começa a apresentar sinais de cansaço.
Mas não apenas cansaço, tambem mostra sinais de descoordenação, de falta de entendimento entre os diversos departamentos e ministérios. Vejamos um caso que se arrasta há meses, e sem solução à vista: os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). Há mais de meio ano que ouvimos a administração, os trabalhadores e os clientes a reclamarem acção, trabalho, decisões atempadas, etc. A empresa, que ainda está na esfera do Estado, é uma unidade industrial importante para o país. Tem conhecido altos e baixos, mas neste momento tem encomendas, na ordem dos 100 milhões de euros, e, no entanto, tem os estaleiros de obra parados. Por falta de material, de ferro, e por falta de 3 milhões de euros. E o Governo não tem conseguido uma solução para este caso. O ministro da Defesa, por inépcia, delega os contactos no secretário de Estado da Defesa, Paulo Bento Lino, que apenas tem afirmado «acreditar que vai ser possivel escolher uma solução». Os sindicatos dos Estaleiros vieram a Lisboa, encontrar-se com o primeiro-ministro, mas tambem receberam apenas promessas. Entretanto, um dos administradores, Luis Miguel Novais, abandonou o leme do navio. E a Douro Azul, a empresa mais dinâmica no sector do turismo, desistiu de encomendar quatro navios aos ENVC, no montante de uns 50 milhões de euros, por não poder condicionar os seus investimentos, aos avanços e recuos dos Estaleiros de Viana. Toda esta novela, protagonizada pelo Governo de Passos Coelho, é inaceitável e ruinosa para o futuro do país. Que interesses haverá por trás de tudo isto? Sectarismo político, por ser um estaleiro com encomendas feitas por Hugo Chaves (dois asfalteiros), em nome do «amigo José Sócrates e do povo português?». Por inépcia do ministro da Defesa, Aguiar Branco, que tutela os ENVC? Por falta de verbas? Mas a administração apenas reclama 3 milhões de euros! Não poderá o Governo (o Álvaro, ministro da Economia; Vitor Gaspar, ministro das Finanças) canalizar os 4,4 milhões de euros (pagos à Lusoponte em duplicado, no mês de Agosto), para os ENVC? Ou a Lusoponte ainda não devolveu ao Estado aqueles milhões? Se não, quando o vai fazer? E vai pagar juros, ou não? Estes dois casos, além do descuido calado da Lusoponte, mostra como o Governo está desgovernado, intrincado, azedado interpares. Não há decisões, ninguem dá andamento à Economia, ninguem é capaz de resolver o problema dos ENVC. Ao que isto chegou!... Temos um Governo com ministros amuados, a desgovernar o país.
Onde está o ministério da Economia? Onde estão os 4,4 milhões de euros, pagos
em duplicado à Lusoponte, e que poderiam solucionar o impasse das encomendas
em carteira, para as quais os ENVC reclama ao Governo um avanço de 3 milhões?
O clube inglês Chelsea despediu Villas-Boas por falta de produtividade
(leia-se vitórias no campeonato). Por cá, o ministro Álvaro, continua a bordo da Nau Catrineta, em alto mar, comandada pelo capitão Passos Coelho. O super-ministro amotinou-se a bordo, mas o capitão Rabbit conseguiu dominar o exaltadao Álvaro, que acabou por se render, e por aderir ao programa da marinhagem de alto risco. Logo que a Nau Catrineta chegue a porto seguro, o ministro Álvaro vai borda fora. Ponto final.
Hoje ocupo-me de labores editoriais. Os confederados do BE, Francisco
Louçã e Mariana Mortágua, escreveram o livro A Dividadura--Portugal na crise do euro. Para lançar a obra, convidaram o Professor Marcelo, estrela brilhante do PSD, académico, jornalista, comentador e oráculo do Governo de Passos Coelho. Para gente chique, nada melhor que Marcelo. Para falar das ideias de Louçã e Mariana, nada melhor que o Professor Marcelo. Pois não é verdade que são, todos eles, académicos? Mas foi um erro fatal para os confederados do BE. É que o Professor Marcelo, é uma estrela, não uma pop-star, mas uma estrela brilhante, que ofusca tudo à sua volta. Resultado: a máquina da comunicação, os jornalistas, operadores de câmara e os fotógrafos, só viram a figura do Professor Marcelo. Tudo o mais passou para segundo plano. Mas Louçã deu-se por satisfeito, tal como ficou com a rejeição do PEC-4 em Março de 2011: «O chumbo do PEC-4 é o início do fim da crise», gabaram-se os confederados do BE.
No mesmo dia (e não sei se à mesma hora), o teólogo Anselmo Borges,
apresentava na Livraria Almedina o seu novo livro, Corpo e Transcendência. Para o lamçamento deste livro, o teólogo convidou Adriano Moreira e José Barata Moura. Tres académicos de tendências políticas opostas, mas não irreconciliáveis. O livro de Anselmo Borges não se debruça sobre política, mas sobre a vivência religiosa e a transcendência espiritual. Penso que terá sido um acontecimento interessante de assistir, e onde muito coisa de relevo terá sido abordada. Eu não sou religioso, mas aprecio Anselmo Borges pelos temas abordados, semanalmente, nas páginas do DN. Quanto ao resto, prefiro ler Confúcio ou Lao Tze. Nestes, a sabedoria é profunda e sem enredos tecidos pelo sistema de crenças.
Curiosamente, tambem Mário Soares, vem hoje recomendar, no DN,
na sua página semanal O Tempo e a Memória, a leitura de um grande escritor. Trata-se de Stefan Zweig, cuja biografia pode ser consultada aqui.
Ainda jovem, li diversos livros deste judeu alemão, que se suicidou no Brasil (ele a mulher) em 1942, por não suportar o nazismo. Mário Soares recomenda a leitura de Stefan Zweig aos jovens de hoje, afirmando «que ficariam com uma bagagem cultural de extrema actualidade».
Neve abundante tem caído nas montanhas do nordeste do Afganistão....
O jornal PÚBLICO apareceu hoje com novo rosto, e dirigido por um novo
director, o filósofo do medo, José Gil. Na verdade o Púlico deixou de ser um «jornal» e passou a ser uma Gazeta, à semelhança do I -- o jornal criado pela construtora Abrantina -- hoje propriedade de Jaime Antunes. A directora do Público, Bárbara Reis, entregou a direcção do jornal ao filósofo Gil, que é, até agora o pensador mais negativista, mais vazio, mais medroso de todos os obreiros do pensamento, que andam por aí, cheios de medo, e a viver obcecados com os «espaços vazios». Lembro-me de Bertrand Russel, que era amistoso, afável, humano. Lembro-me de Jean Paul Sartre, que era acessível e simpático e gostava de partilhar a vida com os estudantes. Recordo Einstein (não sendo filósofo), que era uma sumidade sobre energia e a massa, mas que era brincalhão e deitava a lingua de fora aos olhares indiscretos. Recordo Michele Foucault e Gilles Deleuze, homens de muitas ideias, que eram humanos, divertidos e sorriam. Em Portugal, temos o pensador José Gil, vestido de preto, sisudo e incapaz de sorrir para a vida, que escreveu um livro sobre o MEDO (em Portugal), e que nunca sorriu como uma criança, nem deu uma valente gargalhada perante uma incongruência da vida... Isto leva-me a não acreditar na «filosofia» de José Gil. Uma pessoa que perde o salutar costume de sorrir, é porque não está bem equilibrado, e o torna incapaz de ver a Luz que inunda este mundo. O nosso pensador só vê escuridão, vazio, insegurança. Ora, eu sempre ouvi dizer que «a natureza tem horror ao vazio», pelo que presumo não haver vacuidade onde outros enxergam o vazio. Numa área, onde há espaço entre corpos físicos, alguma coisa existe, é a energia. Sem essa energia, tudo se tornaria instável. Pois bem, José Gil, filósofo-jornalista, inventou uma «sondagem fictícia» para instrumento de trabalho, por um dia, no Público. Uma espécie de angulo rectangulo, com x de um lado e y do outro (mas sem bissectriz), para poder falar do vazio, das notícias que não deviam ser notícias, e daquelas que o sendo, não o são, por culpa dos jornalistas. Todavia, Gil não falou sobre os jornalistas como fazedores de notícias. Habituado ao escuro, ao vazio e ao medo, Gil deixou, assim, espaço para mais um «vazio». O pensador não se debruçou sobre os meios de comunicação de hoje, tais como os SMS, Ipad, e-mail, a Internet, etc. No entanto, é por aqui que corre a informação nos dias de hoje. São estes os veículos noticiosos do futuro. Gil fala de pobreza, saúde, educação e do ego. Politicamente, haverá aqui sempre falhas, porque a dinâmica da vida torna tudo mais obsoleto, a cada dia que passa. Dizer que o ego é o mal de todas as coisas, tambem é dizer nada. Neste mundo global, quem pode esquecer o seu ego? Todas as práticas pedagógicas conduzem à exacerbação do ego. Este mundo é de competidores. De resto, creio que não podemos falar em verdades, quando se deixa no escuro, no vazio, a globalização, a interdependência das nações. Não vivemos numa ilha, isolada no Atlântico.
Penso que o Público, ao querer inovar, promoveu apenas um flop.
É verdade que já não cheira a zémanelfernandes, esse jornalista que alinhou o jornal com o pensamento de Bush e os neoconservadores que tentaram renovar a política americana no pós 9/11. Mas a prometida renovação do Público não me agrada. O jornal transformou-se numa gazeta, com dois agrafes a segurar as páginas e pouco mais. O trabalho e as ideias do «director» José Gil, expressas na edição gratuita, parecem-se muito com as ideias do ministro Álvaro: mínimas, vagas, ridiculas. O Público ganhou, ganhou em publicidade, com 21 páginas de frente com publicidade a marcas de prestígio; 12 meias páginas e ainda 6 quartos de página com publicidade comercial ou institucional. Abrir um jornal, e encarar com uma página inteira do lado direito, de publicidade, é perverter a finalidade de um jornal de referência. Isso é de pasquim. Infelizmente, o director-filósofo, devia condenar esta falta de respeito pelos leitores do jornal. Não o fez, por inconsciência, ou por medo. Acabou, o futuro das notícias vai ser difundido através do "vazio", do éter, da electrónica. «O papel do papel», é contribuir para haver lixeiras.
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