Quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2012

Vasco Graça Moura é uma personalidade marcante da cultura portuguesa.

A sua obra literária ramifica-se na poesia, no ensaio, no romance, na crónica. Além de tudo isso, VGM é tradutor de Racine, Dante, Molière, Corneille e Shakespeare. Vasco Graça Moura é bom a fazer o que faz, desde que seja literatura. Nisso aprecio o cidadão que agora dirige o Centro Cultural de Belém. Quanto ao resto, à sua maneira de fazer política, penso que ele é execrável. Já o disse aqui muitas vezes. Ainda recentemente, quando escreveu um crónica sobre «este país da trampa», e onde apodava o povo português: «um povo calaceiro, subdio-dependente e com enorme falta de literacia». Vasco Graça Moura pensava que o povo português, por ser estúpido, tinha então «o que merecia», referindo-se à re-eleição de Sócrates em Setembro de 2009. Para o vate de outrora, a escolha ideal era a Velha Senhora (MFL), não o Sócrates. Adiante. A política, é uma «indústria» onde só medram os populistas, os demagogos, os tiranetes. Quando aparece um paisano, por mais honesto que seja, acaba sempre em desgraça. Se for desprezado pelos «interesses corporativos instalados, ou promove uma campanha sórdida contra aqueles, com vista a derrotá-los no terreno. ou acaba por ser ele a ficar em desvantagem. No caso de VGM, que já anda por aí há muitos anos, o melhor que ele faz é afastar-se da política rasteira e maquiavélica. O que ele faz bem, e consegue fazer com maestria, é a arte de bem escrever, e de traduzir o que para alguns é imperceptível. Por exemplo, VGM vem hoje a dissertar no DN sobre a Pietá da Primavera Árabe, uma foto do fotógrafo espanhol Manuel Aranda, vencedor do World Press Photo de 2012, que  é um retrato pungente da mãe (árabe) que segura nos braços o filho morto. Assim parece, não sabemos se é filho, neto ou parente. A nudez do corpo morto, exposto na rua árabe, pode ser uma blasfémia, mas na hora da Primavera Árabe,  deixa de o ser, passa a ser um quadro de dor e de morte, semelhante à Pietá de Miguel Angelo. Quanto ao texto de VGM, abstenho-me de o comentar, pois é sublime, e eu não consigo superar o mestre.

Foto de Manuel Aranda, vencedor do World Press Photo 2012, escalpelizada por VGM.



publicado por Evaristo Ferreira às 15:31 | link do post | comentar

Terça-feira, 14 de Fevereiro de 2012

Não faz sentido, não é útil nem proveitoso para o país que os partidos

do «arco do poder», mintam ao eleitorado para poderem «chegar ao pote» (assim falava Passos Coelho), e façam promessas que depois não são cumpridas. Pior ainda, quando se urdem campanhas ao estilo das «escutas a Belém», se opte por slogans destinados a atingir o carácter do adversário, ou como fez a Velha Senhora (MFL) nas eleições legislativas de 2009 ao inventar a «asfixia democrática», e que, a partir daquele desaire eleitoral, manteve uma campanha para chamar «mentiroso» a Sócrates, campanha esta propalada diáriamente aos quatro ventos pelas «secções laranja» nos meios de comunicação social, designadamente no DN, donde saltaram para o Governo de Passos, cinco elementos da redacção, que assim foram compensados pelo serviço prestado. Vem este intróito a propósito da informação hoje divulgada pelo INE, pela qual ficamos a saber que o PIB de 2011 terá ficado nos -1,5%, quando era esperado um resultado negativo maior. É sinal de que a nossa economia resistiu, até onde foi possivel. No terceiro trimestre, a economia afundou-se. Por efeitos da austeridade e pela quebra forte nas exportações, que vinham subindo desde o ano de 2007, graças ao programa desenvolvido por Sócrates, que firmou uma «parceria previligiada» com Pequim, levou os empresários a Luanda, a Moçambique, a Tunísia, Argélia, Líbia, Brasil, Venezuela, etc. A queda brusca nas exportações terá a ver não só com a austeridade, mas tambem e sobretudo com a desarticulação do AICEP. O Governo de Passos descurou o alfôbre que tinha sido semeado. Houve um recuo nas exportações.

A política de crispação é prejudicial, porque se baseia em «esconder» o que

foi feito, e afronta os portugueses em vez de os unir. Ainda ontem foi publicada a notícia onde era referido que a factura energética de Portugal, desceu cerca de 11%, graças às energias renováveis. Importámos menos petróleo, é o que quer dizer. Curiosamente, os adversários do Simplex e das Energias Renováveis, escondem estes dados. A notícia sobre o desempenho da economia, foi relatada hoje no Jornal de Comércio, edição online, mas já foi retirada. Com que intuitos, não se sabe. Certamente para «esconder» a verdade. Os «papagaios» do costume, tambem esqueceram que José Sócrates, de 2005 a 2007, conseguiu baixar o défice das contas públicas de  6,83% para  2,75%, herdado do consulado  Barroso/Portas -- quando compraram 2 submarinos, 6 caças F-16 (que tiveram de receber um upgrade electrónico) e 650 carros de combate Pandur. Em 2007 a economia crescia 2,75%, as exportações ajudavam, havia investimento público. Mas em Julho de 2007, do outro lado do Atlântico, o capitalismo de casino tinha gerado um vírus financeiro. A epidemia seria decretada em Setembro de 2008, com a falência do Lehman Broters, e chegou á Europa. A fuga de capitais acelerou-se. Milhares de milhões fugiram via electrónica, deixando um rasto de desolação. O nosso «mercado de capitais», o PSI20, foi arrasado. Por exemplo, uma acção do BCP valia uns 3,60 euros,e no final de 2011 só já valia 10 cêntimos; o BES cotava a 12,50, e valia apenas 1,30 em dezembro de 2011. A PT chegou aos 10,50 euros por acção, mas valia apenas 3,87 euros há um mês atrás. Voaram centenas de milhões de euros. Ainda agora foi reportado que, em 2011, sumiram-se mais 18.000 milhões de euros, talvez a caminho de algumas offshores. Perante este desmando, é fácil acusar, mas é dificil arranjar solução. Em Março de 2011, a Santa Aliança derrubou o Governo minoritário de Sócrates. Agora estamos melhor... «Rejeitar o PEC-4 é o príncipio da saída da crise», decretou o Bloco de Esquerda. Agora estão melhor, reduzidos a metade dos deputados.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:14 | link do post | comentar | ver comentários (2)

Segunda-feira, 13 de Fevereiro de 2012

Nunca o futuro foi tão incerto, neste mundo em mudança, mas os «papagaios»,

da política, à direita e à esquerda, continuam a vaticinar os mais estranhos oráculos. Nesta altura do campeonato, Passos Coelho já se prepara para dizer que, afinal «a crise do país vem de fora» na medida em que temos uma «economia aberta», sujeita às oscilações do mercado globalizado. Creio bem que Passos Coelho está-se a preparar para deixar caír o lema da sua acção governativa: «venceremos, custe o que custar». As condições do mercado a isso obrigam -- penso eu de que. Mal se ouviu Wolfgang Schauble segredar a Vitor Gaspar que «a Alemanha está disposta a ajudar Portugal» daqui por uns mezitos, isto é, depois de resolvida a «tragédia grega», e logo os mais «avisados papagaios» entraram em campo a cacarejar, uns a favor, outros contra, no sentido de pressionar Passos Coelho a «renegociar a dívida». Até o Eduardo Catroga, esse pensionista sexagenário, que recebe uma pensão de 9.964,54 euros, faz uns biscates na CUF e na SAPEC, e foi premiado com uma cadeira na EDP -- que lhe rende 638.000 euros anuais -- (ganha tão pouco, coitado) veio agora dizer que é urgente reformular o acordo com a Troika.... Este peão de brega, homem de confiança de Passos Coelho, que negociou o acordo com a Troika, esteve à beira de um esgotamento, e deixou registado na SIC-N o seu estado de esquezofrenia, ao falar de «pintelhos» em vez de «coisa nenhuma», até esta toupeira -- dizia eu -- saiu agora da toca para dar mais um empurrãozinho a Passos Coelho. É urgente negociar com a Troika, diz o Catroga, é preciso obter dinheiro para as PMEs, que estão descapitalizadas (cito de cor). O «avozinho» Catroga está, mais uma vez, no terreno, oferecendo os seus serviços a Passos Coelho. Será que o Catroga dos «pintelhos» ainda não está satisfeito? Estará ele à espera de mais um «gancho» numa das próximas privatizações? O Catroga é daqueles que «comem tudo», caramba! É insaciável. É com gente desta, «que mal ganha para as despesa», que o futuro dos nossos jovens está bloqueado. O Catroga não larga os «tachos», caramba! Assim, aos jovens licenciados, só resta a emigração... Os «comilões», como o Catroga, secam as «novas oportunidades», não abrem caminho para os jovens.

Quanto à «revisão do acordo», e não à sua «renegociação» -- exigida pela extrema-esquerda há oito meses atrás -- penso que a Alemanha (e Portugal) têm todo o interesse na «suavização» desta austeridade, e na recuperação económica do país, pois só assim poderemos criar emprego e pagar a dívida. A Alemanha reconhece os erros cometidos com a Grécia. Procura evitar que Portugal se transforme em mais uma dor de cabeça para os bancos alemães, que perderam dezenas de milhões de euros com a dívida grega.

Gelo formado sobre escultura num dos parques de Tóquio (Japão), que tem

sido fustigado pelos ventos polares. Neste inverno do nosso descontentamento,

ainda nos falta a chuva e a neve, tão necessárias à geografia rural e agricola.

 



publicado por Evaristo Ferreira às 14:42 | link do post | comentar

Sexta-feira, 10 de Fevereiro de 2012

«Casa onde não há pão, todos ralham e ninguem tem razão», diz a sabedoria

popular, e é bem verdade. Nunca como agora, nestes tempos de crise financeira, económica e social, ouvimos tantos disparates e tantos deslizes vindos da boca dos políticos, cá dentro e lá fora. Andam todos piegas, lamurientos, insatisfeitos, incapazes de controlar as emoções. Só falta começarem a choramingar, destilando raiva, ódio e desespero. Vinda do cidadão comum,  é compreensível, mas quando a choradeira vem dos responsáveis políticos, isso não é aceitável. Esse deslize é um sinal de fraqueza, de incapacidade para resolver as questões da comunidade. A um político exige-se serenidade, compreensão e uma imagem de poder. Ora nas últimas semanas, cá dentro e lá fora, os políticos entraram em descarrilamento. Não se contêm nas palavras, mostram-se incapazes de avaliar os riscos em curso, são incapazes de dar ânimo e esperança aos seus concidadãos.

Veja-se o desvario cometido pela senhora Merkel, ao dizer que a Madeira

não soube aproveitar os fundos europeus para melhorar a competitividade... Disse que os fundos foram aplicados na construção de auto-estradas, em tuneis, em obras de fachada, esquecendo-se de que os fundos estruturais foram aprovados pela UE. Claro que o soba da Madeira ficou logo irritadiço, e chamou de «ignorante» à senhora Merkel. Depois, tivemos o presidente do Parlamento Europeu, senhor Schultz, a criticar Portugal por fazer negócios com Angola, país onde a senhora Merkel esteve há dois meses, a promover a indústria alemã... Outro tanto fez com a China, há cerca de duas semanas, para promover negócios chorudos. Ontem, numa reunião do Eurogrupo, o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schauble, foi «apanhado» a falar com Vitor Gaspar, a quem prometeu ajuda da UE para renegociação da dívida, a fim de aliviar a austeridade imposta pela Troika e pelo Governo de Passos Coelho. Esta inconfidência, deve ter irritado o primeiro-ministro, pois sempre tem negado essa hipótese. Aliás este episódio, gravado pela TVI, mostra o estado a que chegou o jornalismo dos nossos dias. Sabendo que não era permitido gravar som, apenas imagem, os «jornalistas mercenários» quebraram todas as regras de confiança e do próprio código deontològico. O «mercado de media», para sobreviver, «faz pela vida», como disse o Marcelito Ganda Nóia (Marques Mendes), na «capoeira» da TVI, ontém, quando lhe perguntaram como é que conseguia saber das «guerras» no PS, entre «socráticos» e «seguristas». -- Tem alguem, dentro do PS, que lhe dá essa informação? -- perguntou Paulo Magalhães. --«Faz-se pela vida», respondeu o Marcelito Marques Mendes. Afinal, onde está a ética desta gente?

Temperaturas negativas e queda de neve continuam a flagelar a Holanda.



publicado por Evaristo Ferreira às 15:50 | link do post | comentar

Quinta-feira, 9 de Fevereiro de 2012

Nos últimos dias temos assistido a uma série de erros cometidos por alguns

dos membros deste Governo que evidenciam insegurança, desnorte e alguma irritação. Tem acontecido com o ministro da Defesa, Aguiar Branco; com o ministro da Economia, Álvaro {Santos Pereira], com o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo; com o ministro dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas; com o ministro do Foreign Office, Paulo Portas; com a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz; e até com o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.

Na verdade Aguiar Branco perdeu a paciência e, vai daí, disse aos militares

para escolherem outra profissão, caso não estejam bem na instituição castrense; Álvaro [Santos Pereira] acusou os comunistas de o perseguirem por ser um «estrangeirado» vindo do Canadá; Miguel Macedo, que poderia ser um bom dirigente parlamentar, não tem arcaboiço para dirigir as diversas polícias da Administração Interna; Miguel Relvas, por querer a Reforma Administrativa, «custe o que custar», mas contra a vontade das autarquias locais; Paulo Portas, por estar «ausente» das acções do Governo, quando deveria defender os polícias e condenar os «bandidos», pois foi esta a sua promessa, feita durante a campanha eleitoral; Paula Teixeira da Cruz, por querer ficar na história como a "justiceira revolucionária", virando a Justiça ao contrário, mas sem ouvir os principais operadores; e Passos Coelho que, por falta de calo político, quer «reformar o Estado» e impôr o empobrecimento aos trabalhadores portugueses -- «custe o que custar» -- sem olhar a meios nem complacência com a classe média.

A austeridade imposta, afecta os reformados e trabalhadores, os pobres

e a classe média, e ainda vamos a meio do caminho. Ouvir queixumes deste e daquele, sentir a ira e a revolta dos desempregados, saber que o desespero invade grande parte das famílias portuguesas, tudo isto deve ser tido em consideração pelo Governo. O primeiro-ministro não pode fazer orelhas moucas a este desespero. Tambem não deve tratar os portugueses como se se tratasse de criancinhas num infantário, a quem acusa de ser «piegas» e ter espírito calaceiro. Um general não deve amesquinhar os seus soldados; deve encorajá-los, apelar às suas qualidades, motivá-los, incentivá-los -- sem paternalismos, mas sim com bom senso, bons exemplos, mostrando-lhe o caminho que leva à vitória. O primeiro-ministro é um ser humano, não pode tratar os outros como simples autómatos. Não havendo compreensão pelos problemas dos outros, não poderá haver respeito por quem manda.

Tendo em conta todas estas considerações, e uma vez que os actuais

governantes nos conduziram até aqui, não é desejável que «esta gente honrada» entre agora numa espiral de desnorte, mas sim que conduza o país ao «paraíso» que nos prometeu. Por favor, deixem-se de picardias. Tenham juizo e sentido de Estado. Aprendam a governar o país, com os portugueses, e não apenas contra eles. Não sejam «piegas», nem calaceiros.

Nalgumas regiões da Alemanha já se registaram temperaturas negativas de

20º Celsius. A Polónia e a Sérvia tambem estão a sofrer com enormes nevões.



publicado por Evaristo Ferreira às 15:08 | link do post | comentar

Quarta-feira, 8 de Fevereiro de 2012

Passos Coelho tem posto de lado muitas das sua promessas eleitorais.

Em Junho de 2011, no calor das eleições, prometeu criar o Plano Nacional de Poupança (PNP), cujo objectivo era «elevar a taxa de poupança para reduzir o endividamento das famílias e das empresas». Mais tarde, na tomada de posse, prometeu incentivar a poupança, criando condições para «atrair as poupanças dos portugueses que vivem no estrangeiro». Passados oito meses, Passados Coelho parece ter esquecido várias promessas feitas, entre elas a criação do Programa Nacional de Poupança. Inquirido o gabinete do primeiro-ministro, remeteram as perguntas para o ministério das Finanças, tutelado por Vitor Gaspar. Quanto ao Banco de Portugal, limitou-se a referir que tem mantido « os esforços ao estímulo da poupança», conforme está contido no Plano Nacional de Formação Financeira (PNFF), um projecto desenvolvido em 2010... Esta é mais uma das promessas feitas, mas não cumpridas, por esta «gente honesta, cumpridora da palavra dada».

Este projecto seria interessante,  mas precisava de ser incentivado com juros acima do mercado, pois só assim poderia levar os emigrantes a enviar as suas poupanças para Portugal. Previa-se o aumento dos depósitos em moeda estrangeira, evitando ter que ir aos «mercados». Só que o Programa da Troika, para os emigrantes, era um espantalho que os assustava.  Passos sabia das dificuldades, mas andou a fazer promessas, como fazem os vendedores de banha da cobra. O que Passos Coelho tinha era um programa de mentiras, para poder chegar ao «pote».

Margens do Mar Negro, em Constanta, cidade a 260 kms de Bucareste, na

Roménia. Este mar, que banha costas da Crimeia, uma estação de veraneio,

está agora coberto de gelo nas zonas costeiras da Roménia e da Ucrânia.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:56 | link do post | comentar

Terça-feira, 7 de Fevereiro de 2012

O dia de ontem foi solarengo para o primeiro-ministro Passos Coelho.

Na verdade, o chefe do Governo recebeu ontem algumas mensagens encorajadores vindas da UE. Olli Rehn veio dizer que Portugal não precisa de novo resgate; a representante da UE para a Economia disse que Portugal vai cumprir os acordos do memorando da Troika; o jornal Wall Street Journal tambem deu eco destes factos; o banco Goldman Sachs tambem se mostrou convicto de que Portugal vai ultrapassar esta crise sem necessidade de novo resgate. Estas notícias alegraram o primeiro-ministro, e a prová-lo está a dissertação que fez ao fim do dia numa instituição de ensino. Passos Coelho fez um discurso de improviso, vivo e animador, destinado a mostrar que «Portugal está no bom caminho». Neste frio inverno, Passos Coelho teve ontem o seu dia ensolarado. Falta saber qual vai ser o nosso destino, caso a Grécia entre em bancarrôta.

Hoje foi um dia cinzento, tempestuoso e aziago para o ministro Álvaro

[Santos Pereira]. Há muito tempo que o ministro da Economia anda a pisar areias movediças. Depois de prometer o «maior investimento de sempre», depois de aconselhar os artesãos a colar a marca Made in Portugal nos bonecos de barro; depois de ter desafiado os nossos pasteleiros a promoverem a exportação dos pasteis de nata, e os nossos cozinheiros a franchizarem o frango de churrasco, é natural que o ministro Álvaro se sinta bastante irritado com a falta de iniciativa por parte dos nossos empresários. Sem obra feita, nem projectos concretizados, o ministro está a ser confrontado com as suas nulidades. O ministro Álvaro está frágil, tenso e propenso à irritação. Foi o que aconteceu hoje numa reuião com os deputados da Comissão Parlamentar de Economia, onde foi confrontado com o facto da japonesa Nissan, ter desistido de construir em Portugal uma fábrica de baterias para carros eléctricos. O descarrilamento do ministro Álvaro aconteceu, quando foi interpelado por Agostinho Lopes, deputado do PCP, que criticou a falta de acção do ministro. Vai daí, o ministro Álvaro irritou-se, barafustou contra o deputado, que acusou de o perseguir, «como se estivessemos nos tempos da União Soviética». O ministro Álvaro referiu que Agostinho Lopes o tratava como emigrante, à laia de quem regressou agora do Canadá. Isto foi quanto bastou para o ministro Álvaro perder as estribeiras e atacar o deputado de fazer política xenófoba. Esta terça-feira foi um dia negro, enevoado para o ministro Álvaro. Não há dúvida de que o ministro da Economia começa a ser o elo mais fraco do Governo passista. Daqui para diante, o ministro Álvaro é capaz de se destrambelhar nas discussões parlamentares. A menos que comece a mostrar obra.

Neve sobre Florença. Todos os países europeus estão a tiritar de frio.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:13 | link do post | comentar

Segunda-feira, 6 de Fevereiro de 2012

Depois do aviso deixado pelo conselheiro de Estado, Vitor Bento, dizendo

que não existem cavaquistas, a menos «que andem por aí, aos gambuzinos», já começo a admitir que os erros cometidos pela maioria dos ministros do Governo liderado por Passos Coelho, se devem ao facto de eles andarem por aí, aos gambuzinos. A ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, anda aos gambuzinos em vez de apresentar a «grande reforma da Justiça». Assim parece. Já tinha poupado uns 6 milhões de euros com o corte na despesa do seu ministério, e agora vai gastá-los na recompra do edifício onde estava o Tribunal da Boa Hora. Vai ultrapassar os ganhos da poupança, gastando mais umas centenas de milhares de euros. Trata-se de uma ideia absurda. A ministra quer voltar, mais tarde, à Boa Hora, onde nem sequer há espaço para estacionar os carros... E assim vai Lisboa perder um hotel de charme.

O primeiro-ministro Passos Coelho continua a dar acolhimento a todos

aqueles que contribuiram para a sua eleição. Mais um, desta vez trata-se de António Borges, que em tempos trabalhou no banco Goldman Sachs e foi despedido, segundo disse, porque «o Governo de José Sócrates há anos que não lhe pedia serviços de assessoria financeira». Passos Coelho vai agora arranjar um job para o ex-funcionário do FMI, um super-cargo, para supervisionar todos os gabinetes ligados à Economia e Finanças. Ainda não sabemos se António Borges vai ter direito a subsídio de Férias e de Natal.

A duas semanas do Entrudo, o Governo de Passos Coelho veio proibir o

Carnaval neste país. Bizarro. E ainda nos vêm dizer que este Governo tem gente competente, tecnocratas experientes. Há mais de seis meses que vilas e cidades como Loulé, Torres Vedras e Mealhada têm os estaleiros da máquina carnavalesca em andamento, onde investiram largas centenas de milhar de euros, e vem agora este Governo taciturno, mal humorado e tonto, decretar a morte do Carnaval. Agora, a duas semanas da saída para a rua dos gigantones, dos cabeçudos e dos carros alegóricos. Então e os investimento feito? E o comércio local? E a festa do povinho, que precisa esquecer a crise? Andam todos a remar, sem timoneiro à cabeça. É notório.

No meio deste desnorte total, aparece o secretário Seguro, em Évora,

à saída de uma reunião, a correr para o almocinho, e é travado pelas tropas da comunicação social: «Não respondo a nada», disse Tozé Seguro. «Compreendam, já é tarde, estou atrasado para o almoço. Deixem-me ir a almoçar». acrescentou. Melhor seria que assim tivesse feito, mas não. Seguro é muito charmoso para os media, e lá foi dizendo que existem muitas coisas no memorando da Troika com as quais não concorda. -- «Quais, pode informar quais são?», perguntaram os jornalistas. Tozé, sempre inseguro, mandou todos aos gambuzinos: «Não fui eu quem assinou o memorando da Troika» -- respondeu. Mais uma acha atirada para a fogueira do descontentamento socialista. Passos Coelho deve ter ficado tranquilo e agradecido. Com gente assim, pode dormir descansado.

A Ucrânia é o país europeu que mais tem sofrido com a queda de neve. Além

disso, o frio polar, na ordem dos 23º Celsius negativos, tem causado dezenas

de mortos por hipotermia. Mas este ano, ainda não faltou o gas da GASPROM.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:46 | link do post | comentar

Sexta-feira, 3 de Fevereiro de 2012

O calaceiro Vasco Graça Moura, inventor do «país da trampa», comissário

do PSD nomeado agora para dirigir o Centro Cultural de Belem (CCB), anda numa roda viva, armado de vassoura, touca e farda de limpeza, a varrer todos os cantos daquele edifício público. Consta-se que não tem dormido, não só pelo seu trabalho mas tambem porque teve uma crise provocada pela rotura da bílis, devido ao exacerbamento do fel. Vasco, conhecido pelo «calaceiro», perdeu-se in translation. Depois de correr com o Mega Ferreira, tudo vez para enojar os membros do quadro directivo do CCB, que se demitiram em bloco. O fedor exalado pelo fel do Vasco, fez com que todos fugissem. Agora o «calaceiro do país da trampa» entrou em paranóia: ordenou que todo o software e demais programas dos computadores no CCB fossem imediatamente transfigurados para o português falado e escrito pelo tradutor da Divina Comédia... Vasco Graça Calaceiro sempre mostrou ter uma enorme fobia pelo Acordo Ortográfico (AO). Vai daí, ordenou que fôsse abolido nos programas dos PCs, nos tickets de bilheteira, nas obras editadas e nos títulos do acervo em exposição, pertença do Comendador Berardo. Mais: exigiu que este, para se passear pelo CCB a dar bitaites sobre as latas de Sopas Campbell, passe a frequentar um curso de ancient portugais, não aquele do novo AO. Vasco Graça Calaceiro já foi avisado para que não contribua para a «guerra institucional» e para o «aumento da despesa» do CCB -- austeridade oblige -- mas o tradutor de Goethe não quiz ouvir ninguém. Segundo consta, terá respondido que ele «já não tem idade para aprender mais idiomas». Gostaria mesmo era voltar ao tempo em que se escrevia pharmácia, com ph. [Atenção ao símbolo quimico do fósforo]. Correm rumores de que o «calaceiro Vasco», deseja «purificar» todo o ambiente de trabalho no CCB. Já terá confessado o seu desejo em proceder a uma «desbaratização/desinfestação» de todo o edifício. Há quem veja nisto uma possivel purga, estilo crystalnacht, á boa maneira de Goebbels. Apesar de todas estas tropelias, até agora, nem o secretário Francisco Zé Viegas nem o Governo se pronunciaram pela desbunda em trânsito no CCB. Será possivel que alguem possa desafiar e vencer as ordens emanadas da tutela? Esta histeria do «calaceiro Vasco» contra o AO será legítima? Não será uma questão de psiquiatria? Não revelará em si uma desobdiência ao Estado de Direito? (Caros leitores: desculpem-me por esta ironia).

Templo de Júpiter em Baalbek, Líbano, coberto de neve. Nem as costas do mar

Mediterrâneo são poupadas à vaga de frio que sopra das regiões polares...



publicado por Evaristo Ferreira às 16:13 | link do post | comentar

Quinta-feira, 2 de Fevereiro de 2012

Correm ventos de mudança no que respeita ao cumprimento do Memorado

de Entendimento entre Portugal e a Troika. São cada vez mais sonantes os ventos a favor da reestruturação da dívida. Por outro lado, os ventos que sopram de S. Bento, sopram no sentido de total cumprimento do Programa da Troika e na recusa de novo pacote de resgate. Estamos pois no meio de uma ventania infernal, que causa arrepios, e nos deixa em estado de colapso cardíaco. São ventos contrários, vindos dos diversos quadrantes políticos, económicos, financeiros e sociais. Trata-se de um verdadeiro turbilhão de interesses ocultos, de apostas especulativas, que devem ser analizadas com serenidade e com conhecimento de causa. Em boa verdade, não me parece ser possivel a qualquer adivinho, deitar sortes sobre o futuro do país, quando ainda faltam 11 meses para executar as medidas tomadas pelo Governo em nome da Troika. Para maior clareza à análise dos factos, devemos esperar pela evolução dos resultados até ao II Trimestre. A partir daí já poderemos vislumbrar o caminho que as coisas vão levar. Não nos iludamos com as apostas «batoteiras» que estão a ser lançadas sobre a mesa do jogo.

 

Para já convém anotar a tendência e os desvios que os «mercados» e os

oráculos vão descrevendo: Vejamos: «representante do FMI em Lisboa diz que a dívida é sustentável»; « OCDE: se programa da ajuda a Portugal não funcionar passa-se para a próxima fase»; «Standard & Poor's: antecipa recessão suave e ligeira na Zona Euro»; Oli Rehn: «Portugal está a fazer bons progressos»; Handelsblat (jornal económico alemão): «mercados têm poucas dúvidas de que Portugal fará reestruturação da dívida»;  Governo: «Miguel Relvas garante que Portugal não vai pedir um segundo resgate financeiro», Fitch: «Portugal não representa um risco para a Zona Euro»; Vitor Gaspar: «o país é cumpridor e não pedirá mais dinheiro»; D. januário Turgal (bispo das Forças Armadas): «Depositava muita confiança na actual governação [...] mas depois descubro que os nossos governantes vão além dos sacrifícios impostos pela Troika e fico atónito». Financial Times: «é inconcebível Portugal voltar aos mercados em 2013. Os mercados estão a antecipar um incumprimento financeiro nos próximos cinco anos». -- Quem tem razão, quem fala verdade, quem melhor sabe ler o futuro? Não sei. Vamos esperar pela execução orçamental do II semestre do ano. A partir daí, torna-se claro o rumo da execução orçamental.

Nas florestas do norte da Alemanha têm sido registadas temperaturas de

25 graus Celsius negativas. Desde 1986 que não havia semelhante registo.

 



publicado por Evaristo Ferreira às 16:41 | link do post | comentar

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