Durante a apresentação do Programa de Governo, realizada ontem
na AR, o ministro Álvaro [Santos Pereira] deixou cair algumas pérolas do seu ideário político neoliberal. Prometeu uma "tarifa social" para a electricidade, e um "passe social" em função do rendimento, desde que o cidadão apresente uma "prova de recursos"... Todo o discurso de ministro Álvaro foi recheado de "pobres", "vulneráveis" e "mais ricos". Quer dizer, em lugar de uma sociedade coesa, forjada na redução da pobreza e na equidade pela distribuição dos rendimentos, Portugal caminha para um fôsso, que vai alargar cada vez mais a diferença entre ricos e pobres. Para o ministro Álvaro, o futuro dos portugueses, depende da instituição de "classes", ou seja, de ricos, muito ricos ou de pobres e muito pobres. A classe dos "muito pobres" poderão mesmo vir a ter um "cartão de pobreza". Dado que a diferença de rendimentos entre os portugueses já é abissal, não admira que o futuro esteja tão perto... Actualmente o ordenado mínimo nacional é de 485 euros, mas a "classe rica" já ganha mil vezes mais. Há casos destes, temos "predadores" de dinheiro por todo o lado, inclusivé na máquina do Estado. Vejamos o caso do "predador" António Nogueira Leite, que foi para a CGD "sacar" mais de 20.000 euros mensais, para fazer não sei o quê. Veja-se o CV deste "predador" de cargos:
- Administrador executivo da EFACEC
- Administrador executivo da CUF
- Administrador executivo da SEC
- Administrador executivo da José de Melo Saúde
- Administrador executivo da Comitur Imobiliária
- Administrador não executivo da BRISA
- Administrador não executivo da REDITUS
- Administrador não executivo da Quimigal
- Presidente do Conselho Geral da OPEX
- Membro do Conselho Nacional da CMVM
-Vice-Presidente do Conselho Consultivo do Banif Investement Bank
- Vogal da Direcção do IPRI
- Membro do Conselho Nacional do PSD
- Membro do Conselho Consultivo da Associação Portuguesa para
o Desenvolvimento das Comunicações.
Por aqui me fico, a ouvir o Zeca Afonso: Eles comem tudo...
O "caso BPN" ficará para a história dos crimes de "colarinho branco"
cometidos em Portugal, por vigaristas, oportunistas e especuladores sem ética nem respeito pela lei. O Banco Privado Português (BPN) era o Ali-Babá da holding Sociedade Lusa de Negócios (SLN), e aonde os "quarenta ladrões" iam buscar o dinheiro para fazer negociatas de milhões, à margem de qualquer espécie de controlo financeiro, para proveito de dois ou três "grandes senhores". Jogaram com o dinheiro dos clientes, e do Estado, em negócios pouco recomendáveis. Com a crise financeira, tudo chegou ao fim, restando apenas imparidades, cofres vazios, e a ameaça da bancarrôta. Como aconteceu nos States e na Europa, o Governo de Sócrates nacionalizou o BPN, para evitar o risco sistémico da banca portuguesa. Mas não foi possivel avaliar, à priori, o desfalque" provocado pelos "quarenta ladrões". O BPN era um saco rôto. Prenderam o Ali-Babá, Oliveira e Costa, mas até agora, os "quarenta ladrões" continuam a monte. A nossa Justiça é lenta, ineficaz, amiga dos vigaristas. Alguém sabe do paradeiro de Dias Loureiro, ex-conselheiro de Estado e amigo pesoal de Cavaco Silva? Os "filhos do cavaquismo" estavam ligados ao BPN, mas atenção: o BPN é, desde ontém, um banco privado. Voltou ao seio da "família cavaquista". Pela mão de Mira Amaral, esse gestor infatigável, que trabalhou 19 meses na CGD e se reformou com uma "pensão" de 18.000 euros... Pois é, o Estado (todos nós) pagámos pelo resgate do BPN cerca de 2.400 milhões de euros... Agora, com a privatização do banco (troika oblige) o Estado recebe da "familia" Ali-Babá, uma mexeruquice: 40 milhões de euros... Só nos resta esperar que os "mercados" acalmem, as economias comecem a crescer, e os "activos" do BPN se valorizem, para depois o Estado vender e amortizar, assim, parte da herança deixada pela "familia" Ali-Babá, que ficará acima dos 2.400 milhões de euros...
Quando Sócrates governava, Cavaco Silva dizia que "não devemos
dizer mal de quem nos empresta dinheiro", ou seja, os "mercados" e as agências de rating. Agora que o PSD tem uma maioria, um Governo e um Presidente, Cavaco Silva (e Passos Coelho) já barafustam contra as agências de notação e os "mercados", por não terem em consideração as medidas tomadas pelo Governo... Cá se fazem, cá se pagam. Portugal estava como estava, por causa de Sócrates, que não tinha feito o trabalho de casa e não tinha credibilidade internacional -- diziam. O Sócrates era culpado por tudo o que as agência de rating e os "mercados" faziam ao nosso país... Ora bem, Sócrates já não está no Governo, mas as coisas estão negras em Espanha e na Itália... Será que Sócrates anda a pairar naqueles países? Tambem estará em Chipre? E na Dinamarca, onde já faliram 11 bancos, um deles -- o FyordBank Mors -- caiu na semana passada?. Passos Coelho acusou Sócrates por "não fazer o trabalho de casa", e apontava as medidas tomadas pela Grã-Bretanha e pela Espanha, para dizer que aqueles dois países estavam a crescer, só Portugal continuava em recessão... Pois, mas os sinais de alarme, dados agora pelos "mercados" e pelas agências de rating, são desanimadores: o crescimento do semestre é mexeruco, uns 0,2%, com tendência a descer no segundo semestre. Será que Sócrates tambem anda lá por Israel, onde a crise social já chega às ruas de Telavive? Deixemos os neoliberais governar, agora que chegaram ao "pote".
A tres meses das eleições regionais, Alberto João Jardim ameaçou
ontem, durante o arraial no Chão da Lagoa, que abandonará a política se perder a maioria parlamentar nas próximas eleições do arquipélago. Depois de tantos ameaços, é bem provável que o soba da Madeira perca a maioria, e abandone de vez a vida partidária. Os últimos tempos não têm corrido bem ao senhor Jardim. As inundações de Fevereiro de 2010 foram o início da queda, depois seguiu-se o Congresso do PSD, em Mafra, onde se "afastou" de Passos Coelho para se colocar ao lado do querubim Paulo Rangel. Este, perdeu para Passos Coelho e Jardim ficou "entalado" na opção que acabara de fazer. Depois, acabou por receber Passos Coelho na Quinta da Vigia, já como presidente do PSD. Este ano, pensava "negociar" os tres deputados, saídos das eleições legislativas nacionais, mas a maioria formada pelo PSD/CDS excede, largamente, a maioria de votos na AR, pelo que os tres deputados da Madeira não têm peso negocial. A Madeira, que tem cerca de 267 mil habitantes, tem uma dívida de 700 milhões de euros, herança de 35 anos de jardinismo. Com o plano da troika, a dívida da Madeira não tem "acomodação" no Programa de Governo liderado por Passos Coelho. O tempo não está a favor de Jardim. As sondagens já não lhe dão "maiorias". O CDS, pela mão do deputado José Manuel Rodrigues, pode jogar forte na queda do soba. O jardinismo está a acabar... E, da parte do PSD-M, não se encontra ninguem para substituir o "ditador" que, ao longo de 35 anos, não soube preparar o seu sucessor. Jardim não admitia que alguém lhe fizesse sombra. Agora, o cacique está velho e cansado e à sua volta todas as "árvores" secaram. Jardim já teve um abalo de coração, tendo sido obrigado a largar o charuto e a cortar nas ponchas da festa no Chão da Lagoa. Todos os "ditadores" têm um final dramático. Este continua a insultar tudo e todos, a falar dos "gajos do contenente", dos "comunas do contenente" que "querem cercear a autonemia da Madeira". Mas não será por muito mais tempo. Porém, a vingança final do dinossauro madeirense, será terrível para o Contenente. Pode perturbar a actual coligação governamental, levando mesmo à queda do Governo. Este poderá ser o último acto, encenado pelo soba da Madeira.
Protesto de suinicultores realizado às portas da Bolsa de Milão...
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