Terça-feira, 30 de Novembro de 2010

Ainda faltam vinte dias para o Inverno, mas todos nós já estamos a sentir as agruras do frio, da chuva e da neve. Lá por Trancoso, minha terra  natal, no distrito da Guarda, as escolas continuam encerradas devido à neve que continua a cair. Neste inverno que se aproxima, os portuguses vão sentir ainda mais o lado sombrio, penoso e funesto da actual crise financeira. No verão, com o sol e o calor, sempre podiam ir espairecer até à praia, ao jardim ou à montanha. Agora, com o tempo sombrio, tudo se torna insuportável, tudo contribui para a tristeza e a ansiedade. O inverno é de recolhimento. A primavera, na nossa latitude, representa o renascimento. Agora, só nos resta resistir, à crise e às intempéries. Entretanto, os "mercados", vão alargando a sua área de influência. Já começam a reivindicar, para além de Portugal e Espanha, influência sobre a Bélgica e Itália, membros fundadores da CEE-Comunidade Económica Europeia. Os juros destes países já começaram a trepar. Deixemos os "mercados" saciarem-se, já que os Mercados de Capitais europeus (Bolsas), estão anémicos, reflexo da recessão económica. Para os "mercados" se refastelarem, agora é o tempo da dívida soberana. É fartar vilanagem!...

A neve serve para desparasitar os solos e fomentar os desportos radicais.

 

 



publicado por Evaristo Ferreira às 19:00 | link do post | comentar

Segunda-feira, 29 de Novembro de 2010

Este mundo parece um manicómio. Está tudo virado de pernas para o ar. Na Coreia do Norte, vive um louco eremita que dispara artilharia sobre os vizinhos. No Irão (antiga Pérsia, berço da nossa civilização), vive um Hamurabi das armas atómicas. Em Tripoli, capital da Líbia, está reunida a União Africana com a União Europeia, mas não se esperam consensos, já que, em relação às questões ambientais, os africanos dizem ter outras prioridades. Aqui e além, tudo parece estar em discordância. Como se isto não bastasse, veio agora a Wikileaks colocar no estendal da roupa suja, mais de 250 mil documentos classificados referentes à diplomacia americana. Assim, ficámos a saber o pensa o Tio Sam acerca dos amigos e aliados, e dos "nick-names" atribuidos a Cameron, Sarkozy, Merkel, Berlusconi, Putin, Zapatero, etc. Uns são burros, volúveis ou acanhados, outros cínicos. Ao lado de tudo isto, os "mercados" continuam a fazer sangria nos PIGS. Este asqueroso nome, foi atribuido pelos BIFES de Sua Magestade aos países periféricos da zona euro. Depois dos oráculos do FMI e do neo-liberalismo que assola a Europa, foi a vez de Irlanda dobrar os joelhos e rogar para que lhe salvassem o sistema bancário. Portugal é um caso marginal, até Março ou Abril. Neste momento a loucura dos "mercados" está fazendo pressão sobre Espanha, a quarta economia europeia. O Prémio Nobel da Economia, Paul Krugman, sintetiza assim o apetite dos "mercados" em relação a este país: Grécia, Irlanda e Portugal são apenas "aperitivos"; o grande "prato" vai ser a Espanha. Com o apetite voraz dos "mercados" e a obsessão dos défices públicos, a economia nestes países vai-se afundando... E nada nem ninguem é capaz de clarificar esta situação, tanto mais que o país chave do capitalismo tem um défice superior a 9 por cento, e continua a emitir moeda a torto e a direito... Que está a acontecer com os "mercados", os grandes bancos de investimento mundial, os mesmos que criaram a actual crise financeira e económica? Quando serão chamados à justiça? E porque razão os neo-liberais, que dominam agora a UE, não têm uma palavra a dizer sobre este assunto? Está tudo louco, ou querem levar este mundo para a ruina?



publicado por Evaristo Ferreira às 18:34 | link do post | comentar

Sexta-feira, 26 de Novembro de 2010

O Orçamento para 2011 foi hoje aprovado, com a abstenção do PSD. Agora o fundamental é não deixar descarrilar a despesa do Estado e procurar vencer esta crise pelo lado das exportações. Quanto aos "mercados", esses vão continuar a especular, por que assim está defenido pelas forças em presença. Vamos continuar a ouvir aqueles que defendem a "necessidade" de chamar o FMI. Esses são os mensageiros dos especuladores e alinham com a corrente liberal europeia. Não há solidariedade na UE, o que há são interessses a defender. Por isso, com ou sem Orçamento, com ou sem medidas drásticas, os "mercados" vão querer assegurar-se de que o seu dinheiro está seguro... Aquele dinheiro que na última década investiram em Portugal, Espanha, Irlanda, Itália e Grécia. O problema não é de agora, já vem detrás. É aí que está o calcanhar de Áquiles... Repare-se no seguinte: os bancos da Alemanha, França, Inglaterra e Itália têm uma exposição à dívida dos PIGS num valor que ronda, neste momento, os 789.130 milhões de euros... Daquele valor, 374.320 milhões foram emprestados a Espanha... Um balúrdio!... Daí que, para os "mercados", este país se possa tornar num problema maior do que a Grécia. O actual Fundo de Emergência para a Estabilidade Financeira (FEEF) não tem cobertura para acudir a Espanha. Por isso os "mercados" (leia-se a banca europeia), estão com receio do pior. Espanha não é a Irlanda ou a Grécia, muito menos Portugal. Espanha é a quarta maior economia europeia, tem 20 por cento de desemprego, está dividida em regiões autónomas e quatro delas não se espera que vão cumprir o PEC, porque os governos autónomos não aceitam as medidas tomadas para baixar o défice. Os "mercados" querem que o FMI e a UE "ajudem" Espanha... para salvarem os seus interesses! Para chegar aí, começaram pelo elo mais fraco, aqueles países a quém os "bifes" ingleses apodaram de Pigs... Os "mercados" estão nervosos, dizem eles. Pudera! Até já têm um plano B: Segundo o jornal económico Expansion, o maior edge fund do mundo, a GLG Partners, que se fusionou com o MAN Group, reuniram as suas hostes para delinearem o plano B para apresentar às autoridades monetárias da UE, com vista ao resgate de Espanha, com a ajuda do FMI e do FEEF. Esta ideia tem feito eco no Financial Times, no Wall Street Journal e no The Economist. Enquanto não se concretiza o plano B, os países periféricos são vítimas da gula dos "mercados"... É mais um procedimento que não favorece a imagem do actual sistema capitalista. A gula e a avareza dos "mercados" são insaciáveis. Quando perdem, apresentam a factura aos mais fracos.

 



publicado por Evaristo Ferreira às 18:32 | link do post | comentar

Quinta-feira, 25 de Novembro de 2010

A greve foi um sucesso, dizem os sindicalistas, mas a crise está aí, para ficar. O Governo disse que a adesão foi de 30 por cento, mas os sindicatos afirmaram que "a greve foi um sucesso", com uma adesão superior a 3 milhões... O que importa salientar é que a greve não paralisou o país... Para além deste facto é agradável registar que tudo correu bem, ninguem se zangou, e agora respira-se um ambiente de descompressão. Portanto, esta greve, acabou com a crispação dos sindicalistas. Quanto ao resto continua tudo na mesma, ainda pior. A manchete dos jornais económicos, de ontem, era de desolação: "Grave Greve", titulava o Jornal de Negócios, e o Diário Económico afirmava que "A Greve não consegue resolver a crise". Já passou. Agora, o importante, é a aprovação do Orçamento, que deverá acontecer amanhã. Depois, a partir de 1 de Janeiro, é preciso mostrar aos especuladores internacionais que Portugal é capaz de resolver os seus problemas.

Entretanto, a dívida soberana dos PIGS, continua a subir. Os técnicos pedem para que se deixe os "mercados" funcionar. Não gostam que se fale em especuladores, mas neste tempo de crise, quem beneficia com a dívida dos PIGS, são os mesmos de sempre, são aqueles que provocaram esta crise, especulando, criando derivados financeiros a partir do sub-prime, activos tóxicos que contaminaram os bancos comerciais. Em 2007 e 2008 especularam com o petróleo, em 2009 com as matérias primas e os alimentos, e em 2010 especulam com a dívida soberana. A gente sabe quem são eles, quem são os especuladores, aqueles a quem eufemisticamente chamam de "mercados". Eles recebem ordenados e prémios chorudos, obscenos, para atingirem resultados fabulosos. E, enquanto assim fôr, este sistema (capitalista) vai continuar a navegar em águas tormentosas. Até um dia bater contra os penhascos e naufragar. As Bolsas foram transformadas em "casinos"; para ganharem, vale tudo, nem que seja a especular sobre o futuro de uma empresa... Esta empresa pode ter uma situação financeira sólida, mas se os especuladores apostarem na sua desvalorização ganhando, eles podem mandar para o desemprego milhares de pessoas. A crise está aí, mas os culpados ainda não foram julgados -- nem o vão ser, porque isso seria julgar o sistema... Mas alguma coisa tem que mudar, para o futuro.

Voltarei ao assunto.

 



publicado por Evaristo Ferreira às 18:47 | link do post | comentar

Quarta-feira, 24 de Novembro de 2010

Neste momento, o que o país menos precisava, era de uma greve geral. Numa altura em que deviamos unir esforços para superar os efeitos da crise financeira, económica e social, fazer uma "greve geral" é contribuir para a ganância e a soberba dos especuladores financeiros que nos compram a dívida a juros descontrolados, numa usura insaciável de mortandade. Esta greve nada resolve, tudo agrava, mas os sindicatos apensos aos partidos de esquerda, sempre defenderam uma política de "terra queimada". Este é o tempo ideal para a demagogia, o populismo e a fome de protagonismo dos partidos que "tudo prometem", mas nada fazem pelo país. Apenas pensam em aproveitar o descontentamento legítimo dos trabalhadores e reformados para capitalizarem "uma grande vitória" com esta greve. A greve vai passar, mas a crise fica ainda mais acentuada e os problemas do país ainda mais complicados. Uma greve geral, no actual contexto económico-financeiro, nada resolve, nada de bom vai deixar para os portugueses. Assim como não resultou na Grécia, em França, em Espanha e agora na Irlanda. O problema é global e, para nós, de nível europeu. Se daqui por tres meses tivermos que recorrer ao FMI, quantas greves irão fazer os sindicatos manipulados pelos partidos fora da área do governo? Quem vai suportar as medidas implacáveis aplicadas pelos monetaristas do FMI? A quanto subirão os juros da dívida soberana?



publicado por Evaristo Ferreira às 12:53 | link do post | comentar

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