"Notoriamente, os dois jornalistas destacados para entrevistar José Sócrates
estavam impreparados, ou não tomaram em consideração a aptidão dialéctica do ex-primeiro-ministro, ou, pior, não estavam ali para esclarecer, sim, acaso, para baralhar e entrar em chicana, colocando-se como protagonistas, quando deviam ser mediadores. Chegou a ser pungente a evidência com que o entrevistado repôs a natureza dos factos, perante a turva propriedade das enunciações. O esclarecimento das manobras e das conspiratas com origem em Belém, e as inclinações ideológicas do dr. Cavaco, que põem em causa a sua tão apregoada «independência», foram pontos fulcrais da entrevista. Ficou-se a saber o que se suspeitava: o manobrismo eleitoral de quem começa a ser cúmplice consciente do desastre para que nos encaminham. Um a um, ponto por ponto, Sócrates rebateu as alegações de «desincorporação» que ambos os jornalistas se aplicavam em expor, recorrendo às instâncias que estabeleciam as relações marcantes na época. Aí, a sua intervenção foi arrasadora.
Claro que Sócrates e o seu governo não podem ser responsáveis de todas as malfeitorias, apesar das estruturas de contra-informação, da negligência propositada de alguma comunicação social, e que ele denunciou com denodo. A entrevista foi extremamente interessante porque o reconhecido talento de José Sócrates voltou a impor-se em grande estilo. Ficámos esclarecidos? Não, porque os entrevistadores, além das deficiências apontadas, foram intimidados pelo «animal feroz».
O homem está em grande forma."
(Opinião de Batista Bastos na sua coluna semanal do DN). Eu não teria dito melhor.
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