Chegámos à beira do precipício, e agora o Governo tenta sacudir a água do
capote, acusando a Europa por Portugal ter chegado aos -3,2% de recessão em 2012. Dantes, culpavam o Sócrates por se desculpar com a crise internacional, ainda que com alguns resultados positivos. Agora, esta "gente honrada" já se deu conta da "crise internacional". Com a política do "iremos além da Troika", este Governo de gente incompetente, inexperiente e desonesta, conduziu o país para a pobreza franciscana em que nos encntramos. Ideias para sairmos daqui, por parte deste Governo, não se vislumbram. Apenas se preocupa com o "corte permanente de 4.000 milhões" na despesa do Estado. Hoje o pindérico do Catroga, veio dizer que o "corte" devia ser de 8.000 milhões. Esta gente só tem em mente uma solução para Portugal: cortes na despesa social e o empobrecimento generalizado das famílias portuguesas. Quanto ao futuro, nada têm para dizer. Apenas "cortes", "reduções", "aumento de impostos". Nem uma ideia quanto ao crescimento económico... "É a economia, estúpidos!" -- apetece-me dizer. Sem crescimento não há riqueza, não há criação de empregos, não há melhoria das condições de vida. Mas Passos Coelho e os seus ministros não vêem o caminho, esqueceram-se do fundamental. O Governo segue a corrente, embalado pelos bitaistes dos opinion-makers da nossa praça, que vão atirando setas ao alvo sem nunca acertarem uma. Falam de "emagrecimento do Estado", dos cortes necessários, do "Impulso Jóvem" para a criação de emprego, das "reformas estruturais", do impulso ás exportações, da necessídade de poupar, etc. A par daqueles papagaios, os meios de comunicação social -- todos afectos ao poder económico -- promovem entrevistas a "gente que conta", na mira de encontrar algum profeta que traga uma solução para a saída desta crise. Neste fim-de-semana tivemos o empresário Belmiro de Azevedo numa entrevista ao Público, de que é dono e senhor. E tivemos o filósofo José Gil no espaço "Gente que Conta" do Diário de Notícias. O primeiro foi entrevistado por dois directores do jornal Público, que reproduziu a entrevista na Revista do jornal, um espaço com "passadeira vermelha", ao longo de 10 páginas... Uma entrevista que deveria ser estudada por um filósofo ou sociólogo, mas tambem por alguns dos nossos empresários mal sucedidos. Uma entrevista que deveria ser glosada por este Governo, onde a aridez de ideias é abundante. Quanto à entrevista do "filósofo do medo", registada pelo Diário de Notícias, teve apenas como "provocador" o João Marcelino, que não conseguiu ir ao âmago das questões afloradas por José Gil, ou não tivesse o João Marcelino, actual director do DN, vindo da área do jornalismo de futebol. As questões levantadas por José Gil mereciam ser avaliadas por alguem de pensamento mais profundo. José Gil esteve mal acompanhado, e o DN desvalorizou o relêvo e a importância da personagem entrevistada. Geralmente o DN faz estas entrevistas delegando o trabalho em dois jornalistas. Quase sempre no director e num outro jornalista de traquejo, mas desta vez não. Foi tudo realizado á flor da pele. A entrevista não arranhou, não provocou, não desconcertou. E José Gil tambem não foi coerente. Criticou os actuais partidos políticos, anseia por um outro sistema, mas sempre acabou por dizer que "gostou imenso" de ter feito parte do Governo em 1976. Foi adjunto do secretário de Estado do Ensino Superior e da Investigação Científica. E acaba por culpar os jornalistas, dizendo "que a visão que temos da política e dos políticos, e da sua acção política, através dos media, através do espaço público, está muito longe daquilo que se passa no interior". Enfim. Com a crise, todos estamos infelizes. Todos fazemos exigências, mas esquecemos que, sem crescimento económico, nada poderá voltar a ser como era -- no todo ou em parte. O problema actual reside na falta de crescimento económico. "É a economia, estúpido!" -- mais uma vez e sempre.
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