Marcelo Rebelo de Sousa, o Asterix dos "cenários políticos", eterno candidato à Presidência da República e "oráculo-mor" da nossa praça, trouxe esta semana um "cadáver esquisito" para dissecar no sermão dominical da TVI. Marcelo está para a política como o professor Karamba está para a magia do curandeiro. Marcelo não gosta do contraditório, e sempre que a isso é obrigado, por exemplo nos debates televisivos após as eleições legislativas ou para a PR, o professor "apaga-se" perante o traquejo e a verborreia dos demais comentadores. O Professor gosta mais de falar sózinho, seja na forma de "sermão", seja na forma livre de matraquear, falando de tudo e mais alguma coisa, a partir dos estúdios da TVI em Queluz, da RTP-África em Moçambique, em Cabo Verde ou na RTP Internacional directamente dos States ou do Brasil... Mas sempre com guião previamente estabelecido, e num "cenário" que mostre ser espontâneo.
O Professor Marcelo continua igual a si próprio, inconfundível e criativo. Encenador conhecido pelos seus truques, Marcelo veio agora dissertar sobre "defunto" [José Sócrates]. Marcelo disse na TVI que "o Governo está morto". Só não disse quem foi o assassino, deixando, assim, pairar a suspeita sobre si mesmo. Marcelo tambem não disse quem vai ser o "coveiro" do "morto", mas tudo leva a crer que será ele mesmo a enterrar o "defunto". Não lhe ficava nada mal, se se apresentasse como cangalheiro para fazer o enterro do "cadáver esquisito". Ao descrever esta cena, o criador de "cenários políticos,"salivava" de contentamento e pigarreava sonoramente, como se tivesse bronquite. Devemos desculpar a perfomance do Professor, por não saber estar em palco, pois um bom actor não pigarreia quando está em cena..
Marcelo atirou a matar sobre o Governo e sobre o primeiro-ministro, por isso deve ser responsabilizado pela morte do "defunto". Quanto ao sonho acalentado pelo Professor -- chegar a ser eleito para a PR, com os votos do seu partido -- a partir de agora pode tornar-se apenas no "sonho de uma noite de verão". É o que acontece a todos aqueles que são capazes de "matar" para poderem ganhar vantagem sobre os seus adversários. Se tudo isto não passasse de um "cenário político", patético e ridículo, daria, no mínimo, para uma ópera bufa.
(Cortesia do Jornal de Angola)
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