Entediado com a qualidade dos políticos que actualmente nos governam,
resolvi ir até ao Chiado, visitar as Livrarias que por ali ainda resistem abertas. Farto de ouvir o ministro Álvaro, que ainda ontém achincalhou o PS na AR, ao afirmar, a propósito da crise, "que estamos a pagar a festa socialista"; farto de ouvir o primeiro-ministro, cujo pensamento está obliterado pelo uso e abuso das folhas de cálculo Excel, e que, num assômo de cultura adquirida disse ter lido A Fenomelogia do Ser, de Jean Paul Sartre, mas ninguem é capaz de identificar na bibliografia deste autor; farto de ver o "doutor" de aviário, Miguel Relvas, cujo pensamento disse estar resumido nesta frase: "continuo na procura do conhecimento permanente", e que, quanto mim, quereria dizer "na procura permanente do conhecimento"; farto e cansado do obstruido cérebro de Vitor Gaspar, devido ao seu trabalho permanente em gabinetes de estudo, mas alheio ao que vai acontecendo na sociedade deste país; farto e entediado do discurso kiplinguiano do ministro enclausurado no Palácio das Necessidades; desiludido pelo espírito economicista do ministro do Ensino Nacional, Nuno Crato, formado em altas matemáticas; enjoado dos discursos feitos pelo ministro Álvaro, cujo pensamento formatado por recalcamentos freudeanos, bolceja forte, sempre que aparece sózinho no Parlamento a falar aos deputados sobre o "bom caminho do Governo" na ausência do primeiro-ministro, resolvi hoje esquecer a crise provocada por estes políticos de aviário, imergindo na atmosfera, amena e civilizada, que nos invade, quando visitamos uma boa livraria. E senti elevar-me, culturalmente. Senti que vale a pena estar entre os mestres da literatura universal. E fiquei com uma percepção agúda da carência cultural, da ignorância e do excesso de tecnicismo usado por esta gente que nos governa. Não pode haver bons políticos sem cultura humanista, sem o conhecimento dos fenómenos sociais que levaram as nações a progredir e enriquecer.
Victor Hugo sonhou com os Estados Unidos da Europa. Isto
aconteceu no último quartel do século XIX. Grande visionário.
LER OS OUTROS
MAIS LEITURAS
BLOGS ANTERIORES