Desde que Passos Coelho chegou ao poder, poucas ou nenhumas vezes tem
falado da Europa, do projecto europeu, do futuro da UE (em qque Portugal está inserido), do futuro Governo Económico Comum e das novas regras que daqui advirão. Passos Coelho e os seus ministros parecem viver isolados da União Europeia, da qual dependerá o nosso futuro. Este autismo tem origem no ódio que esta gente tem contra o anterior governo, liderado por José Sócrates. Para chegarem ao "pote" precisavam de um alibi, e esse alibi era Sócrates. Se o país estava em crise, isso devia-se a Sócrates; se a economia caminhava para a recessão, isso era devido à acção de Sócrates; se a receita diminuia e o défice aumentava, isso era por culpa das políticas de Sócrates. Existe mesmo um "separador" num canal por cabo, o E(conómico)tv, onde o flatulente Nogueira Leite prega assim: "os outros fizeram o trabalho de casa, e nós fizemos obras". Para esta "gente honrada", a crise que assola as economias europeias, tinha origem no Sócrates. "Eles fizeram o trabalho de casa" -- diz o flatulente, mas agora estão pior do que nós. Refiro-me, em particular, a Espanha, Itália, Bélgica e Grécia. Esta "gente honrada" escondeu a crise internacional, afirmando que o culpado da crise portuguesa era apenas o Sócrates. Não admira pois que continuem a martelar no Sócrates, e se esqueçam de que o país faz parte da União Europeia, onde Portugal tem deveres, mas tambem tem direitos; onde Portugal deve participar com o seu voto e com as suas ideias. Mas este Governo, até agora, não fez nada a favor da União. Este Governo não tem uma ideia para a Europa. Não participa, não discute, não apresenta sugestões. Apenas segue os recados da chanceler Angela Merkel. E, no entanto, a salvação de Portugal pode estar para breve, graças ao Banco Central Europeu, dirigido por Mário Draghi, que, a pouco e pouco, vai convencendo Merkel de que a crise do euro só poderá ser resolvida, com a intervenção do banco emissor do euro. O BCE está disponível para comprar dívida de Espanha e de Itália. Este facto, a acontecer em breve, vai beneficiar Portugal, desde que Passos Coelho peça para ter o mesmo tratamento. Irá Passos Coelho agir, sem consultar Angela Merkel? Estamos cá para ver.
O BCE disse estar disponível para comprar títulos das dívidas de Espanha e Itália. Sendo
assim, Portugal pode reclamar por idêntico tratamento, pois a reciprocidade é um direito.
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