O Governo, na ânsia de mudar e fazer, acaba por meter o pé na
argola. Esta é uma característica do amadorismo, mas tambem da falta de experiência, da acção tomada pelo impulso, da falta de ponderação na tomada das decisões. Passos Coelho, o seu Governo e os seus conselheiros, têm uma agenda reformista, neo-liberal. Estão todos ansiosos por dar início a um programa de Governo que tem como objectivo as políticas neo-liberais vigentes na União Europeia. Daí que, com a inexperiência governativa de todos eles, acabem por tomar decisões erradas no tempo e na forma.
A)- Ao insistir na figura de Fernando Nobre para a Presidênda da
AR, Passos Coelho averbou a sua primeira derrota. Não teve em consideração a opinião dos deputados do PSD, e muito menos da dos outros partidos. Ele sabia que Nobre era um outsider, que dissera não querer juntar-se aos "políticos profissionais". E estes acabaram por lhe dar resposta na AR.
B)- Passos Coelho disse que não pensava em renovar o mandato
dos Governadores Civis, porque ia extinguir aquele cargo. Vai daí, 16 dos 18 Governadores demitiram-se, e agora, em caso de calamidade nacional, não há quem coordene os meios de socôrro... O primeiro-ministro esqueceu-se, ou desconhece, que este cargo é uma "questão constitucional e de organização do Estado". Para extinguir este cargo, é preciso modificar a Constituição da RP. Sem Governadores Cívis, em caso de eleições, como vai o Governo resolver a distribuição dos boletins de voto?
C)- Passos Coelho tomou a decisão de viajar em classe económica,
e de dispensar a sala VIP do aeroporto. Trata-se de uma medida populista, já que o primeiro-ministro dispôe de um Fancon para deslocações urgentes, para ir a Bruxelas ou Estrasburgo. Em classe económica, no meio de todos os demais passageiros, como vão poder, Passos Coelho e os seus ministros, estudar os dossiês e preparar a sua agenda a bordo? Estas contingências só têm resolução em "classe executiva", com meios adequados e a confidencialidade rnecessária.
Haverá muito por onde cortar na despesa. Muito mais haverá,
cortando na fraude, na corrupção, na duplicação de gastos. O Governo deve "cortar" onde seja realmente moralizador, correcto e justo. Ainda agora foi noticiada uma "fraude gigantesca" no SNS. Os médicos criminosos utilizavam vinhetas para compra de medicamentos, cujo montante ronda os 40 milhões de euros... Só este valor dava para cobrir a despesa com os Governadores Cívis mais as viagens do Governo em "classe executiva". O Estado e o seu Governo ficariam melhor servidos e dignificados na sua representação. Passos Coelho não deve agir por impulso, mas sim por convicção, por conhecimento, com dignidade.
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