Sexta-feira, 30 de Março de 2012

O Governo de Passos Coelho continua a afirmar que Portugal vai sair

desta crise no final deste ano. No entanto, os sinais que vêm de fora são pouco animadores. O Eurogrupo aprovou o reforço, ou seja, a fusão dos dois fire-walls num só, com o montante de 700 mil milhões -- diz a imprensa internacional -- ou de 800 mil milhões, diz a imprensa económica portuguesa. Deste fire-wall, 500 mil milhões estão reservados para a acudir a Espanha e á Itália, o que mostra como os "ventos de Espanha" podem afectar as previsões do nosso Governo. Espanha aprovou hoje o Orçamento para 2012, onde prevê cortar 27,3 mil milhões na despesa... Um corte brutal, que vai ter efeitos terríveis no consumo interno, e vai prejudicar o turismo português. A banca espanhola, em especial as Caixas de Ahorros, precisa de uns 30 mil milhões para obter os rácios da EBA. Por este andar, Passos Coelho e o seu Governo, poderão encontrar-se numa situação de ter que negociar novo empréstimo para salvar o país. Começa a ser claro, para esta "gente honrada", que a crise internacional não foi inventada por Sócrates. Ela perdura, e continua a contaminar as economias europeias, incluindo a portuguesa. 

Com a greve geral de ontem, Espanha conheceu uma espiral de violência que não

é habitual em "huelgas generales" a nível nacional. O pior aconteceu na Catalunha.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:22 | link do post | comentar

Quinta-feira, 29 de Março de 2012

Há oito dias, tivemos um Congresso do PSD onde se falou de tudo e de nada.

Ontem, o primeiro-ministro Passos Coelho, concedeu uma entrevista televisiva, conduzida por Judite de Sousa. A jornalista conduziu Passos Coelho para o campo da macro-economia, e por aí se quedou. Ouvimos falar das "medidas estruturais", e pouco mais. Compromisso com o futuro do país, foi coisa com que Passos Coelho não se comprometeu. Sobre o fim ou a continuidade da austeridade, tambem não arriscou uma data. Do Portugal profundo e da carência de optimismo sentida pelos portugueses, Passos não se deu conta disso. Esta entrevista a Passos Coelho marca o virar de página de uma sagaz jornalista, que conduziu o primeiro-ministro para a charla da tecnocracia, esquecendo o estado de alma dos portugueses. Nem a jornalista soube explorar a oportunidade, nem o primeiro-ministro quis falar sobre o presente e o futuro do país. Continuamos, portanto, a navegar à vista, ao estilo "todos ao molho e fé em Deus". Contudo, a situação é negra, e deveria ser lembrada aos portugueses. É certo que a nossa situação é diferente da Grécia, mas continua a evoluir ao sabor da corrente, ou seja, depende, em larga medida, da evolução económica e financeira dos nossos parceiros da UE, designadamente de Itália, Espanha, Irlanda França e Alemanha. E este cenário nada tem a ver com as "medidas estruturais" tomadas por Passos Coelho, e que ele continua a sobrevalorizar. Isto não dependia de Sócrates, nem depende agora de Passos. A nossa crise é contaminada e aumentada pela crise internacional. Se Espanha não conseguir melhorar, Portugal vai ser arrastado pelos "mercados" para fora da estrada. Enquanto as nossas "obrigações" a 10 anos estão agora nos 11,33%, as de Espanha estão a 5,33% e de Itália a 5,11%. A Irlanda entrou novamente em recessão, e os dados sobre a UE não são animadores. Lá fora os "mercados" estão atentos. As nossas "obrigações" e as suas yields vão subir em flecha, logo que os "fundos" da banca nacional esgotem, deixando os bancos de comprar dívida nacional. O BCE não vai continuar a emprestar dinheiro àos bancos a 1%, para estes comprarem dívida dos estados a 5 ou 6%... A situação nacional tem-se agravado muito desde a queda do PEC-4. Em 2010 a nossa dívida era de uns 90% do PIB, e no final de 2012 ficará nos 120%. O PIB cresceu 1,3% em 2010, e afundou para 1,8% negativo em 2011. Para 2012 o PIB afundará perto dos 3,3%. Estes são dados que circulam nos "mercados", e foram retirados do Wall Street Journal. Esta "gente honrada" dizia que o Sócrates vivia na ilusão, quando falava ao país e mostrava confiança no futuro. Pois bem, agora esta "gente honrada" joga à apanhada, e está adormecida com o soporífero das "reformas estruturais". Era bom que alguem pudesse acordar estes tecnocratas, iludidos com o jogo de palavras cruzadas que eles inventaram.

Está tudo virado ao contrário, até o clima. Em Nova Iorque e Washington,

as árvores encheram-se de flores, tres semanas antes do que é habitual.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:48 | link do post | comentar

Quarta-feira, 28 de Março de 2012

A pior coisa que podia ter acontecido ao PS foi a eleição de António Seguro

para Secretário-geral do partido. Num momento em o Governo procura reencaminhar a indignação dos portugueses para o legado de Sócrates; num momento em que os "juizes sindicalizados" procuram "investigar" 14 ministros do Governo de Sócrates, por utilização de cartões de crédito; num momento em que Nuno Crato, ministro da Educação, continua a arrasar o Parque Escolar; numa altura em que até Passos Coelho, que prometeu nunca falar do passado, se vem desculpando com a "herança do Governo anterior", o secretário-geral do PS, António José Seguro, está ausente de Lisboa, onde tudo se decide e onde a máquina partidária da Coligação de direita continua a desculpar-se com os problemas deixados por Sócrates, sem que o Secretário-geral diga uma única palavra em defesa dos Governos do PS. Por azedume, cobardia ou ódio dissimulado contra Sócrates, António Seguro não assume a responsabilidade de defender o seu antecessor. Inseguro de si, mas seguro de que não foi ele a assinar o Programa da Troika, o actual dirigente do PS deixa o terreno livre para que a direita revanchista possa arrasar a herança de Sócrates. Ao proceder assim, Seguro está a ajudar a direita a ganhar terreno. Até Passos Coelho vem afirmando que «não fomos nós, que negociámos o acordo com a Troika», mentindo grosseiramente pois o representante do PSD que negociou com a Troika foi Eduardo Catroga, seu mandatário. Foi Catroga quem avançou com o corte de 50% no subsídio de Natal e a redução de 4 a 8% na TSU -- indo assim, «mais além da Troika". Seguro é um dirigente fraco, medricas, que gosta de "cortesia e elegância" no trato com os adversários. Ora, em política, quem tem convicções fortes, deve lutar por elas, defende-las com energia, mostrar que tem aptidão, que tem experiencia, e que respeita a história do seu partido. Com Seguro, o PS está destinado a fazer uma travessia do deserto que poderá durar 4, 8 ou mais anos de pesadelo. Agora, e fazendo mimetismo com Passos Coelho, Seguro pretende alterar os Estatutos do PS, para aumentar o mandato do Secretário-geral de 2 para 4 anos... Está-se a ver a trapaça que o Seguro pretende realizar. Ele sabe que é fraco, amorfo e não tem alma para dirigir um partido político como o PS, que tem um largo historial de governação. Para assegurar o seu reinado à frente do PS, Seguro tenta fazer um "golpe palaciano", para conseguir manter-se à frente do PS depois de 2013. Espero bem que não consiga obter tal vantagem. Para bem do PS, da democracia e do país.

O urso não está com dor de cabeça. Está apenas a dormir em ambiente frio.



publicado por Evaristo Ferreira às 11:46 | link do post | comentar

Terça-feira, 27 de Março de 2012

Já aqui foi referido que o chorinhas Luis Filipe Menezes, autarca de Gaia,

foi ao Congresso do PSD para fazer uma catarse através do insulto e de acusações inebriantes contra José Sócrates, embrulhadas em papel de raiva, ódio e rancor que sempre nutriu pelo ex-primeiro-ministro. Ainda nos lembramos do espumoso discurso feito pelo autarca de Vila Nova de Gaia. Referiu o «custo de 1000 milhões de euros para o Estado», com a concessão da Rodovia do Douro Litoral, que disse ter sido obra de Sócrates. Pois bem, para rebater o «atabalhoado» discurso de Menezes, o ex-secretário de Estado Paulo Campos, enviou uma carta ao autarca de Gaia, onde são rebatidas todas as atoardas lançadas por Menezes no Congresso do PSD. Eis algumas passagens: «Dado o aparente estado inebriado com que V. Exa. se dirigiu, ontem, ao congreso do seu partido, presumo que quando mencionou "o ex-secretário de Estado das Obras Públicas" se dirigia a mim». Quanto á "retirada de carris da linha do Mondego", diz Paulo Campos: «É V.Exa. tão ignorante ao ponto de desconhecer que na anterior governação eu não tive qualquer delegação de poderes no sector dos transportes que tutelaram o complexo e absolutamente merecedor de análise Metro do Mondego». Sobre a rodovia do Douro Litoral, diz Paulo Campos: «É V. Exa. tão "atabalhoado" na ganância política ao ponto de revelar desconhecer que o concurso para a concessão Douro Litoral foi lançado, não por um Governo de José Sócrates, mas por um governo do partido a que V. Exa. pertence, concretamente assinado pela Dra. Manuela Ferreira Leite». Sobre a Lusoponte, diz Paulo Campos: «O dinheiro das portagens está no bolso esquerdo do seu companheiro Ferreira do Amaral, enquanto presidente da Lusoponte, e o dinheiro que o seu secretário de Estado determinou que fosse pago, por não se cobrar portagens que tinham sido pagas, está no bolso direito do seu companheiro». E Paulo Campos ainda refere a "jogada" de Menezes com o peão de brega Marco António, actual secretário de Estado da Solidariedade: «[Se] dúvidas houvesse sobre o verdadeiro carácter político de V. Exa. ficaram dissipadas: o sr. secretário de Estado da Segurança Social é um homem a prazo que não está em funções para resolver os graves problemas sociais com que muitos concidadãos vivem, mas para exercer a função de peão no xadrez partidário a que V. Exa. o submeteu».

 Devo esclarecer que o Cônsul Marco António, braço direito de Menezes, será candidato à Câmara de Gaia no próximo ano, enquanto Menezes sai (lex oblige), para se candidatar à Câmara do Porto... gente oportunista, nortista e menezista, é o mínimo que se pode dizer desta corja..

No congresso do seu partido, o autarca Menezes bolsou sobre a rodovia Douro

Litoral, gerada no útero da Velha Senhora, e ainda sobre o Metro do Mondego.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:21 | link do post | comentar

Segunda-feira, 26 de Março de 2012

O Congresso do PSD foi uma cartarse para a maioria dos seus militantes

que há mais de seis anos andavam a sofrer de impotência política. Foi o tempo e a hora certa para cantarem hossanas ao chefe e de apelarem à "unidade" do partido. Com efeito, o neoliberalismo praticado pela equipa governamental, ficou de parte e todos se sentiram felizes. Passos Coelho, pela primeira vez, veio falar do "partido social-democrata", para dizer que o seu Governo está interessado em manter o SNS, a escola pública e o Estado social. Mais: o primeiro-mnistro salientou o facto dos novos estatutos do PSD apontarem a "social-democracia à portuguesa" como rumo político, designação que a ninguem incomodou, e que só Passos Coelho conhece. Pois bem, vamos ver como é que Passos Coelho vai dar esta "cambalhota", quando até aqui, o seu programa de reformas do Estado, tem sido orientado para a desarticulação do "Estado Social", em conformidade, aliás, com a génese do seu pendor político. Agora que chegaram ao "pote", e já muitos (amigos e correlegionários), estão sentados à mesa do poder, é provável que o ódio e o rancor desta «gente honrada» contra Sócrates se vá esfumando... Vamos ver. Para já, o que aconteceu de mais importante neste Congresso, foi ver "inimigos" e "adversários" unidos em torno do chefe. Foi assim com o soba da Madeira, que bajulou Passos Coelho, quando há dois anos, em Mafra, tinha fugido dele, indo sentar-se ao lado de Paulo Rangel; foi assim com o "chorinhas" Luis Filipe Menezes, que não conseguiu "aguentar" o PSD enquanto esteve na liderança, e acabou por se demitir, lavado em lágrimas e queixumes, por falta de solidariedade dos "barões" do partido; foi assim com Paulo Rangel, o preferido pela Velha Senhora; e foi assim com Marques Mendes e o Professor Marcelo, que se passearam por lá, na esperança de, mais tarde, chegarem ao «pote». Para estes dois -- "está escrito nas estrelas"-- será reservado o Palácio de Belém: Marcelo a presidente, e Mendes a chefe da Casa Cívil. E assim se dará continuidade à presidência de Cavaco: presidente alto, chefe da casa civil baixo. Pelo menos é este o desejo deles, mas o Pedro [Santana Lopes] tambem quer ser candidato, e este sim, costuma ler nas estrelas o que o futuro lhe reserva.

A política faz-se com "armas", mas não desta espécie e muito menos deste calibre. A indústria

de armamento russo está presente num certame em Nova Deli, Índia. Na imagem, o novo T-90S.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:41 | link do post | comentar

Sexta-feira, 23 de Março de 2012

Hoje, o meu estado de alma, impede-me de zurzir sobre os problemas do

quotidiano presente. Apossou-se de mim uma estranha mas agradável sensação de leveza espiritual, cuja origem me escapa. O que me apetece mesmo, neste tempo de verão precoce, é viajar até às terras transtaganas, quedar-me sub tegmini fagi, a vislumbrar cenas da vida quotidiana de Virgílio... Nesta hora, tambem me ocorre relembrar os tempos manuelinos, principalmente o primeiro quartel do século XVI, quando D. Manuel I chega ao poder, reforça o poder central, reforma os forais, e fortalece as finanças públicas. Os forais, na sua maior parte, estavam em latim bárbaro e poucos conseguiam ler o seu conteúdo. Além disso referiam-se a moedas que já não existiam. Ao actualizar os forais e reavalidar beneses concedidas, utiliza esta reforma para estabelecer novos impostos com base nos valores actualizados, gerando receitas que haveriam de servir para dar andamento ao grande projecto dos Descobrimentos Marítimos, os quais haveriam de tornar Portugal no maior entreposto comercial da Europa. Na política externa o rei Venturoso estabeleceu linhas de consenso para evitar futuros conflitos na península e com França e Inglaterra. Foi D. Manuel quem instituiu as Obrigações do Reino (e utilizou entre nós, pela primeira vez, o conceito de juros), destinadas a financiar a construção das diversas armadas (naus) ao serviço do reino nos mares do Atlãntico e do Índico. Portugal viveu, no primeiro quartel do século XVI, um período de grandeza e glória, graças à acção desenvolvida pelo rei Venturoso, cuja breve biografia pode ser consultada aqui. E agora, depois deste devaneio, regresso ao presente, e dou comigo a pensar se, no Portugal de hoje, com um poder forte, mas democrático, não seria possivel voltarmos ao nosso mar, para dele colhermos resultados económicos, que nos retirassem desta vida reles e mesquinha que estamos a viver.

À MARGEM: Faz hoje um ano que a Santa Aliança (PSD/CDS e PCP/BE), em concubinagem, se uniu para chumbar o PEC-4, e derrubar José Sócrates. Estranha "aliança", que reduziu o peso da esquerda, e levou a direita neoliberal ao "pote". Àlvaro Cunhal nunca faria um êrro destes.

O estilo manuelino, na arquitectura e no mobiliário, é uma herança do rei Venturoso.

Na nossa história não temos outro período tão rico e marcante como o de D. manuel I.



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Quinta-feira, 22 de Março de 2012

Não quero fazer aqui um relato a invectivar contra a «greve geral» de

hoje, mas sinto que, não sendo «politicamente correcto», tenho o dever de exprimir o que penso sobre o uso e abuso da chamada «greve geral». Não é liquido que a greve de hoje, tenha por objectivo, a afirmação do poder por parte de Arménio Carlos. Creio que se trata tão-só, de uma contestação ao Governo. E há razões para o fazer. Se este é o momento e o meio mais eficaz para conseguir retirar proveitos a favor dos trabalhadores, é claro para mim, que não o é. Estamos a um mês de comemorar o 25 de Abril, e a pouco mais de comemorar o 1º. de Maio. E já vamos na segunda «greve geral», sem resultados práticos visiveis. Já lá vão os tempos da foice, do martelo e da bigorna. Hoje a maioria dos trabahadores sindicalizados pertence á Função Pública, pagos por todos nós. De fora ficarão cerca de 2 milhões de reformados, e 520 mil dos trabalhadores sindicalizados afectos à UGT, que não aderiu à greve geral. Mas eu pergunto: quem beneficia com esta greve? Ninguem, todos vamos ficar pior. O Govero e a Troika não vão ceder em toda a linha. Mas o direito à greve é um direito constitucional, dizem-me. Certo, mas abusar desse direito, e sem que daí advenham benefícios, leva ao desencanto, à desmobilização. «A greve pode não dar em nada, mas é um protesto que temos de fazer», disse um funcionário camarário. Sim, mas por favor, não abusem da «greve geral». A EDP, neste tempo de austeridade brutal, vai aumentar o pessoal em 1,7%... valor pago por todos nós. Será que o pessoal da EDP vai estar de greve? Na Auto-Europa, o pessoal vai receber um bónus de 950,00 euros. Pois bem, foi ali que Arménio Carlos iniciou a digressão pelos locais onde há piquetes de greve. Será que, naquela unidade industrial, existem problemas laborais? A Auto-Europa é a maior exportadora, com grande peso na balança de pagamentos. Ainde me lembro que foi o uso e abuso de greves, que levou ao encerramento da fábrica da General Motores, na Azambuja, há cerca de 6 anos. Encerrou e transferiu a produção para Espanha, deixando no desemprego cerca de 1.500 trabalhadores.  Todavia, o maior efeito das greves gerais, dá-se nos transportes públicos, pagos, até agora, e em grande parte, por subsídios estatais... Ao aderirem à greve, a CP, a Refer, o Metro, a Carris e a Soflusa, arrastam uma montanha de gente para o inferno que constitui a falta de transportes públicos. Sindicalizado ou não, tenha ou não razões para aderir à greve geral, o utente dos transportes públicos è sujeito e vilipendiado nesta onda de greves. Neste tempo de austeridade e precariedade, muita gente não pode prescindir do corte de um dia de salário, por não comparecer ao trabalho. No entanto, é arrastada pelas circunstâncias da greve. O poder do trabalhador, não reside apenas na greve. Essa é uma arma antiquada, que serve a poucos. O poder está no Conselho de Concertação Social, nas políticas do Govern que tem a gestão do país. Se este não serve, há o direito à manifestação, à indignação e ao protesto -- realizados ao fim de semana ou feriados nacionais, sem pôr em causa os demais trabalhadores, as vítimas das greves (não fabris), mas da Função Pública e dos transportes, cujos funcionários são pagos por todos nós.  Esta é a minha opinião sobre esta «greve geral», exarada por volta do meio-dia, antes do balanço geral que cada um fará sobre o evento.



publicado por Evaristo Ferreira às 12:25 | link do post | comentar

Quarta-feira, 21 de Março de 2012

A Direcção-Geral do Orçamento (DGO) divulgou ontem dados sobre o

estado das contas públicas referentes a Janeiro e Fevereiro. E para quem alimentava a esperança de que o Governo vai cumprir os -4,5% de défice até final do ano, o resultado é uma desilusão. Desceu a receita e subiu a despesa. A causa para o deslize destes indicadores fica ao sabor dos «analistas», geralmente partidários, mas o povo tem, certamente, uma ideia segura sobre as origens deste descontrolo. Estamos em brasa, sofremos os efeitos da terrivel austeridade levada «alem da Troika», mas sempre tivemos alguma esperança de que as coisas se iriam compôr. Por este andar da carruagem, não me parece seguro que vamos chegar ao fim da linha, em segurança e vitoriosos. Cá dentro, o Governo todos os dias nos promete o fim da crise, «custe o que custar». Lá fora, os «mercados» (idolatrados por esta "gente honrada") não deixam de prever os piores cenários para o nosso país. As aves agoirentas são os senhores Stiglitz, o Krugman e o Roubini. Todos eles apostam, cinco contra vinte, que Portugal vai baquear, e terá de recorrer a novo empréstimo da Troika. É verdade que o senhor Roubini, depois de ter sido laureado por 3 Universidades lusas 3, com o prémio de doutor honoris causa, deixou de lançar oráculos sobre o terrivel destino a que Portugal está fadado. Mas na UE tambem há quem nos lance os piores anátemas. Os "bifes" do Financial Times ou do The Economist (alinhados com os neoliberais), tambem estão a «ver» o futuro dos portugueses muito sombrio. O americano Cittigroup, depois de deitar as cartas de Tarot, tambem veio hoje emitir opinião, dizendo que «é impossivel que Portugal não vá precisar de novo empréstimo». E é neste cenário de contradições inauditas que vivem os portugueses, sofrendo já o inferno da austeridade, e levando com o sádico prognóstico dos «mercados» e dos seus agentes endinheirados. Por mais que Passos Coelho e o seu ministro das Finanças cantem loas e hossanas a esta austeridade, já não conseguem convencer-nos da sua bondade.  É verdade que o deslizamento das contas ainda pode ser corrigido (não sei como), até final do ano, mas o resultado dos primeiros meses, para mim, foram uma decepção, uma desilusão completa... E ainda falta contabilizar os prejuizos (presentes e futuros) causados pela seca extrema que está a flagelar a agricultura.

À medida que o tempo passa, o Governo começa a perder o "estado de graça".

E o povo começa a ficar desiludido. Não consegue ver a luz ao fundo do tunel...

 



publicado por Evaristo Ferreira às 15:06 | link do post | comentar

Terça-feira, 20 de Março de 2012

Enquanto corre por aí uma petição destinada a criminalizar a utlização

indevida dos dinheiros públicos (uma espécie de delírio persecutório contra José Sócrates), convém anotar as seguintes situações em que o actual Governo de Passos Coelho, apesar de levar apenas nove meses de governação, poderia vir a ser penalizado criminalmente.

Primeiro: A gestão danosa do dossiê referente aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC). Esta empresa do Estado, gerida pela EMPORDEF, está práticamente inactiva há mais de nove meses. Tem uma encomenda do Governo venezuelano para construção de dois navios asfalteiros, negócio concluido no Governo PS. Os ENVC poderiam ter mais uma encomenda em carteira, se acaso estivessem a ser bem geridos. O cliente era a Duro Azul, que precisa de dois barcos-hoteis para navegar no rio Douro. Simplesmente, o Governo de Passos Coelho não tem mostrado interesse em resolver o problema, por preconceito ideológico e por não querer arriscar na indústria naval, de que Portugal foi precursor, desde os Descobrimentos marítimos. O país tem tecnologia, know-how, pessoal especializado, mas Passos Coelho não quer que o Estado se mantenha ao leme da indústria de construção naval. Este caso configura um crme de lesa-Pátria. O estaleiro está parado, às moscas, com ordenados em atraso, e sem dinheiro para comprar chapa de ferro... São precisos cerca de 3 milhões de euros para iniciar a construção dos asfalteiros para a Venezuela, e não há dinheiro para compra de materiais. É o deixa andar, de dia para dia, sem fim à vista. No entanto o Governo tinha 4,4 milhões de euros pagos em duplicado à Lusoponte, referente às portagens de Agosto, mais o valor compensatório contratual.

Há ou não há aqui gestão danosa por parte do actual Governo?

Segundo: A ministra da Agricultura, Assunção Cristas, entreteve-se no verão a exigir que o seu pessoal trabalhasse desengravatado, mas esqueceu as previsões climatéricas, e eis que agora a desgraça bateu à porta dos agricultores, por efeitos da seca, mas a ministra não tem, nem conseguiu ainda uma solução para a grave crise provocada pela falta de chuva. A ministra apenas se preocupou, inicialmente, com a sua fé, rezando a todos os santos e santinhas para nos trazerem a chuva. Não soube planear, prever, acautelar. Resumindo, pelos ventos que correm por aí, a ministra poderá vir a ser confrontada com o crime de lesa-agricultores, por ter agido tarde e a más horas, governando sem um plano de contingência para o caso de seca extrema. E, todavia a ministra tinha meios para estar prevenida: tinha os serviços nacionais de meteorologia, as previsões da Nasa, e as do professsor Karamba. Pelo que vemos, a ministra não deu ouvidos a nenhuma destas identidades, que gerem as tendências climáticas, e a previsão de secas extremas.

Terceiro: Este Governo, que optou por ser «mini», para impressionar e para poupar, continua a nomear «assessores», «técnicos», «ajudantes» e «colaboradores». Sendo o mini-ministério composto por apenas 11 ministros, houve necessidade de nomear 35 secretários de Estado, que são assessorados por uma caterva de gente intitulada tecnocratas, especialistas, conselheiros e técnicos de primeira. O ministério do Álvaro, que já não tem ponta por onde se lhe pegue, continua a ser conhecido por «ministério da Economia», mas o ministro foi espoliado de quase todas as suas competências, as quais foram distribuidas pela caterva de gente que acabei de nomear, desde simples «especialistas» até «coordenadores», como é o caso do ex-banqueiro António Borges, que dirige uma vasta equipa destinada a preparar as privatizações. Quer dizer, o Governo gasta à tripa fôrra... em regime de «jobs for the boys». Gasta os dinheiros públicos à grande e à francesa, com os boys e as girls. Este caso, no meu entendimento, configura tambem um esbanjamento de dinheiros públicos, sendo, portanto, passivel de ser levado a tribunal.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:20 | link do post | comentar | ver comentários (3)

Segunda-feira, 19 de Março de 2012

Chegou a vez de António Borges se sentar à mesa farta do poder.

Em 2009 colou-se a Manuela Ferreira Leite, na esperança de chegar a minstro das Finanças no Governo da Velha Senhora, mas a candidata às eleições legislativas de 27 de Setembro perdeu a favor de Sócrates, e o professor António Borges ficou no desemprego. Andou a queixar-se de que fora despedido do Goldman Sachs por causa do Governo de Sócrates, que sempre recusara os serviços de assessoria daquele banco americano. Em 2011, depois do chumbo do PEC-4, o banqueiro António Borges aspirava a ser o minstro das Finanças de Passos Coelho, mas este não foi por aí. No entanto Borges continuou a mostrar o seu currículo, embora houvesse muitos outros candidatos áquele lugar. Um deles era o Eduardo Catroga. Mas ambos acabaram por ser premiados. Catroga, que tem uma reforma de 9.654,00 euros, foi prendado por Passos Coelho com um lugar á mesa farta da EDP, a chupar 640 milhões anuais. E António Borges, o banqueiro, foi premiado com um lugar à margem do Governo, mas com alto relevo político. Passos Coelho atribuiu-lhe um special assigment: a chefia de uma equipa destinada a preparar as privatizações e as parcerias público-privadas. Neste andamento, eis senão quando, aparece a Jerónimo Martins, holding do Pingo Doce, a pedir ajuda ao ex-banqueiro António Borges. E oferece-lhe um lugar não-executivo, possivelmente ao nível do patrão, Alexandre Soares dos Santos. O ex-banqueiro ao serviço do Estado, perguntou ao Governo se existia algum impedimento que o pudesse inibir de aceitar o cargo oferecido pelo Pingo Doce. Passos Celho e Vitor Gaspar apressaram-se a dizer que não, que não havia impedimento nenhum. E assim, ao aceitar mais este cargo, António Borges, o ex-banqueiro, passa a ser o merceeiro do Pingo Doce... Ísto é vergonhoso, promíscuo e inaceitável. Afinal, onde está a isenção, o rigôr e a transparência tão apregoados por Passos Coelho? Então ninguem está a ver o conflito de interesses? Vejamos: António Borges lidera as «privatizações»; a Caixa Geral de Depósitos tem que desfazer-se da Sumol-Compal, negócio antigo e obscuro (troika oblige); e a Jerónimo Martins (holding do Pingo Doce) está interessada em comprar (a preço de saldo) o negócio dos sumos e refrigerantes da Sumol-Compal. Então, há ou não há aqui um conflito de interesses? Asneira deste calibre, nunca seria de esperar vinda de um Governo que encheu a boca com «rigor, isenção, transparência». Passos Coelho já esqueceu tudo aquilo que nos «vendeu», todas as suas promessas políticas? Mas não haverá alguem que possa travar este descalabro? O Parlamento e o Chefe do Estado vão calar-se perante este acto descarado, prenhe de incontáveis absurdos? Espero bem que este «negócio» não se concretize.

Aquilo que parece nem sempre é... Com esta imagem não podemos esquecer

que há sempre "sete cães a lutar por um osso". Quando chega o momento de

lutar pelo «osso», todos os animais actuam por forma a ficar com o melhor...



publicado por Evaristo Ferreira às 14:39 | link do post | comentar | ver comentários (4)

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