Quarta-feira, 29 de Fevereiro de 2012

Vivemos num mundo onde impera a mentira. O cidadão, nos tempos

que correm, não deve aceitar que os outros pensem por ele. Sempre que lhe é vendida uma «notícia», deve interrogar-se sobre as origens desta, e fazer o seu próprio juizo sobre a mesma. Hoje, os interesses instalados, utilizam o marketing para fazer vingar as suas ideias. Vendem «gato por lebre», mentem com todos os dentes, confundem qualquer cidadão. Analisemos dois temas europeus: a dívida soberana e os eurobonds. Primeiro: a dívida soberana tem servido para a banca europeia recuperar da crise financeira causada pelo subprime. Ontem, o Banco Central Europeu (BCE), abriu os cofres para emprestar dinheiro à banca europeia. Foram premiados 800 bancos, que encaixaram 529,5 mil milhões de euros com juros a 1% por um período de 3 anos. Para dinamizar a banca -- dizem-nos -- e, assim, poderem facilitar o crédito às PMEs. Pura mentira. A banca europeia pede ao BCE dinheiro a 1% e, depois, compra dívida soberana (de Espanha, Itália ou Bélgica) para receber 5 a 6% de juro... Um negócio das arábias. Um grande embuste. Agora, aqueles que andam a reclamar pelos eurobonds (obrigações europeias), já deverão compreender a razão pela qual a Chanceller Angela Merkel, não poderá, na presente conjuntura, aceitar a emissão daqueles instrumentos financeiros. Os biliões perdidos pelos bancos europeus de investimento com a crise do subprime, estão a ser recuperados através dos países que recorrem aos «mercados» para vender dívida soberana, com juros entre 5 e 8%, como aconteceu no passado recente. Os bancos alemães, franceses e holandeses estão a encher os cofres: pedem dinheiro ao BCE a 1% e depois emprestam (aos países endividados) a 5 ou 6%... Para que este negócio se realize, a senhora Merkel vai insistindo (junto dos países endividados, como Portugal, Grécia e Irlanda) que o essencial, para «superar a crise», é reduzir as dívidas soberanas. Neste negócio de usura e pirataria, há ou não há, aqui uma grande mentira, um enorme cambalacho, e uma perigosa política fraudulenta, que está a arruinar os países do sul da Europa?...« Emprestar à banca, para esta emprestar à economia» -- dizem os tolos que nos querem impingir gato por lebre. E, todavia, as pequenas e médias empresas, continuam a dizer que os bancos não lhes empresta dinheiro. Pudera! Como disse Mário Soares, este «capitalismo selvagem, de casino» tem que ser regulamentado, pois como está, enriquece (cada vez mais) os ricos, e empobrece, de dia para dia, os pobres e remediados.

As eleições presidenciais na Rússia estão a decorer desde 17 de Fevereiro,

até domingo. Primeiro votaram as forças armadas de terra, mar e ar, deslocadas

ou em serviço noutros países. Depois as povoações espalhadas pela tundra e

nas zonas polares do ártico, servidas por helicópteros ou viaturas próprias para

andar sobre a neve. No país mais extenso do mundo, esta é uma tarefa que

requere uma grande logística e muitos recursos financeiros e humanos.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:52 | link do post | comentar

Terça-feira, 28 de Fevereiro de 2012

Para que não aconteça o que aconteceu com a Madeira, ou talvez para

fragilizar as autarquias, os ministros Miguel Relvas e Vitor Gaspar dirigiram um ultimato às 308 Câmaras do país para apresentarem, até dia 15 de Março, uma nota descriminativa das dívidas à Inspecção Geral de Finanças. Macário Correia, ao receber a missiva, vai ficar apopléctico. Ele, que tem andado a passar a ideia de que os autarcas são pessoas responsáveis e, portanto, crê que o Estado não deve proceder com os autarcas como se estes fossem «criminosos». É bom lembrar que a Câmara de Faro é, talvez, a autarquia mais endividada do país. À margem deste facto, há quem avance com uma dívida global de 2.000 milhões de euros, superior ao resgate da Madeira, eternamente governada pelo soba Alberto João, que agora foi convidado por Passos Coelho para ser seu mandatário nacional. Longe vão os tempos em que Jardim fugia de Passos, como o fez no Congresso do PSD em Mafra. Recusou o convite de Passos Coelho e, para vincar a sua preferência, foi sentar-se ao lado de Paulo Rangel, o «afilhado» da Velha Senhora. Isto, foi antes da votação, que elegeu Passos Coelho como presidente do PSD. Pois bem, com o desemprego a subir, o PIB a descer, a receita a baixar e a despesa a manter-se, o país vai afundar-se, ainda mais, este ano. Que vai ser de nós no final de 2012? Quem souber, que o diga. Mas que a perspectiva é sombria, isso é evidente. Para piorar o panorama, andam por aí os «profetas da desgraça», que ora admitem o falhanço das medidas tomadas pela Troika, ora vêm dizer que há 75% de probabilidades de Portugal se manter no euro, como amanhã são capazes de vir dizer o contrário. Os Nobel da Economia fazem pela vida e lá vão deitando cartas, mas tudo se complica, ainda mais, quando as nossas academias resolvem premiar, de um momento para o outro, Paul Krugman com «3 títulos de doutor honoris causa 3». Este economista keynesiano é um sortudo! Arrecadou mais 3 Óscares académicos, colocando em cheque a estratégia neoliberal do Governo liderado por Passos Coelho. «Esta austeridade só agravará a recessão», foi o recado de Paul Krugman para quem o quiz ouvir.

Ontem foi noite de «Óscars» na Aula Magna da Universidade de Lisboa. O laureado foi

Paul Krugman, recebido ao som da marcha «Pompa e Circunstância», de Elgar (1901)

e do Hino Académico, cantado pelo coro de 3 Universidades. Krugman recebeu 3 títulos

de doutor honoris causa, tantos quantas as Universidades que o distinguiram. Krugman

já disse «cobras e lagartos» de Portugal, mas ontém parecia apostado em atacar Passos

Coelho... «Cortar na despesa só agravará mais a recessão», disse. Quanto a mim, Paul

Krugman deveria era ter a coragem de dirigir o sermão à Troika, não a Passos Coelho.



publicado por Evaristo Ferreira às 15:46 | link do post | comentar

Segunda-feira, 27 de Fevereiro de 2012

Aconselhado pelos apóstolos do Governo mais os mordomos do PSD,

Cavaco Silva veio para o terreno, mas em ambiente controlado. O país ficou a conhecer o que já conhecia, mas Cavaco ganhou um chapeu e a Maria tem agora uma mala de mão toda chique. Em tempo de crise, há sempre alguem que fica a ganhar. Desta vez foi o inquilino de Belém. Cavaco Silva estava metido numa camisa de sete varas, mas os seus apóstolos salvaram-no daquele suplício. Agora, tudo volta ao normal, e a ministra da Lavoura diz que é uma «muher de fé. Afirma que vai chover. Não sabe é quando será. Já em tempos o actual ministro do Foreign Office, Paulo Portas, garantiu que o derrame do Prestige, em 2004, não resvalou do sul da Galiza para Portugal, «graças a Nossa Senhora de Fátima. O crente garantiu mesmo que foi um milagre. Esperemos que as orações da ministra da Lavoura, secundadas por algumas procissões em terras alentejanas (que ironia!), consigam trazer a chuvinha para salvar o que resta do ano agrícola. Ainda bem que temos no Governo gente que comunica com o poder etéreo. As bençãos, vindas lá de cima, já não são apenas para os jogadores de futebol, que se benzem e beijam a unha do dedo polegar, em sinal de fé.

Um dos apóstolos deste Governo, que se tem esforçado por escrever

sermões laudatórios em benefício dos neoliberais, é o Paulo Baldaia, director da TSF, rádio do grupo Controlinveste, da TVSport, do Jornal de Notícias e do Diário de Notícias. Com a redução de pessoal, agora até os radialistas das Amoreiras, têm que largar o microfone e vir para o terreno, ao serviço do DN... O Baldaia, vê «Portugal pela Positiva», não tem «tempo para aprender a arte de maldizer». E acrescenta: «tenho percorrido o país de norte a sul, num círculo de conferências organizado pela TSF e pela OTOC [Contabilistas] , e vejo que Portugal está positivamente inundado de exemplos pela positiva». Muito bem [digo eu]. «A maioria sabe [...] que o sucesso não acontece por acaso», escreve o radialista Baldaia. «Na arte de maldizer que ocupa grande parte do espaço (a Internet) que generalizou o comentário não há uma pinga de empreendorismo ou de inovação». Hoje «há uma grande reverência na comunicação social pelo que se escreve nos blogues ou nas redes sociais». «Em grande parte da população começa a instalar-se, aliás, a ideia de que a Internet é a verdadeira democracia», confessa Baldaia. «A maior parte dos portugueses perde demasiado tempo com o comentário político que visa atingir pessoalmente o titular do cargo A ou do partido B...» -- desabafa o Baldaia. Mas não será isto o que faz a TSF, durante os Fóruns e Mesas Redondas?... O Baldaia é de opinião que devemos largar a blogosfera, e dedicar-nos ao «Portugal Positivo». Este cromo já esqueceu o que os apóstolos da actual Coligação diziam sobre a atitude positiva no tempo de Sócrates: mera propaganda, diziam. Próprio de alguem que vive noutro planeta, ou na «Jardim da celeste» -- acrescento eu.  E quando Sócrates apresentou o Magalhães aos membros da Cimeira Ibero-Americana? Chamaram de «vendedor» ao primeiro-ministro. Mas hoje dão aulas aos embaixadores, para promover e vender a Marca Portugal!...

Gelo no Lago Dal, em Jammu, Cachemira, Índia. Um fenómeno raro devido às

alterações climáticas do planeta Terra. Por cá, nem frio, nem chuva ou gelo.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:42 | link do post | comentar

Sexta-feira, 24 de Fevereiro de 2012

Quem nos governa padece por falta de carinho, por excesso de egoismo,

por falta de aplausos. O poder, já o sabemos, por vezes está solitário, não tem quem o apoie na acção governativa. Mas a vida não está fácil, todos estamos a penar. Por isso, ao Governo e ao presidente da República, só lhes resta trabalhar, cumprir o mandato a que se candidataram e para o qual foram eleitos. Por favor, deixem-se de pieguices! Trabalhem, mostrem resultados. O presidente Cavaco, aconselhado (bem ou mal) pelos cortesãos que o rodeiam, mais os «comentadores» do costume, vai agora para o terreno, encontrar-se com jovens empresários, com vista a «rasurar» os acontecimentos de Guimarães e da Escola António Arroio. Fala-se de jovens, mas não de estudantes -- porque estes são mais contestatários. Mas sejamos francos, o novo «roteiro» do PR não leva a lado nenhum, não vai criar emprego nem aumentar as exportações. Serve apenas para maquilhar a figura do PR, para aumentar as despesas em deslocações, com a comitiva, os almoços e a segurança... Dinheiros pagos pelo contribuinte.

Quanto ao Governo, dele exige-se maior empenho nas funções de cada um

dos seus ministros, em especial do ministro da Economia, que não consegue fazer nada para o país arrepiar caminho. O ministro Álvaro [Santos Pereira] cada vez tem menos funções. Ainda agora, ficámos a saber que vem aí um grupo de peritos da U.E. para assessorar à implementação de um programa destinado a criar emprego para jovens... Isto devia ser função do ministro da Economia! A sua inaptidão, levou a que fôsse uma iniciativa de Durão Barroso. Ninguem parece acreditar no ministro Álvaro. Aos outros ministérios, e ao Governo em geral, exige-se que sejam tomadas medidas inovadoras para aliviar o peso do Estado, medidas apontadas no Memorando da Troika, mas que o Governo parece incapaz de tomar, por omissão ou por força dos lóbis autárquicos, partidários, ou «forças de bloqueio» alheias. Para se ajuizar o que não tem sido feito, é preciso conhecer as obrigações assumidas no Memorado da Troika, que pode ser consultado aqui. Por exemplo, falta acabar com as mordomias dos ex-presidentes da República, ou seja, os gabinetes, secretárias, adjuntos, assessores, carros e motoristas a que têm direito. Foi aconselhado a redução do número de deputados da AR, de 230 para 80 mas, até agora, o Governo fez orelhas moucas. Acabar com Institutos e Fundações Públicos, que têm funcionários administrativos em 2º e 3º emprego. Falta pôr fim às reformas de pessoal do Estado e entidades privadas que continuam a trabalhar (por exemplo, o Catroga, que tem reforma de 9.694,75 e vai agora receber da EDP 656.000 euros/ano). Na administração municipal, é preciso acabar com milhares de empresas que não servem para nada, apenas para alguns lordes exercerem funções em part-time, e aumentarem assim o ordenado.

Portanto, o que os portugueses exigem de Passos Coelho, é que cumpra os compromissos assumidos, que faça «reformas estruturais» sim, mas que não seja piegas, que enfrente, com coragem, os lóbis dos interesses partidários. Quanto ao presidente Cavaco, o que se espera dele, é que cumpra com a Constituição, seja políticamente imparcial, e que comungue com os portugueses, jovens e séniores, a gravidade da hora que passa.



publicado por Evaristo Ferreira às 11:51 | link do post | comentar

Quinta-feira, 23 de Fevereiro de 2012

A política ambiental não tem merecido os cuidados que deveria ter por

parte dos nossos governantes. É verdade que, neste momento, o país tem outras prioridades, mas tambem é verdade que muitos dos problemas que agora nos consome poderiam ser sido minorados se tivessemos um ministério do Ambiente que defendesse os interesses que são de todos os portugueses. A questão do Ambiente, que se tornou relevante após a adesão à CEE, por haver dinheiros a fundo perdido destinados à criação de zonas húmidas, parques nacionais, defesa das zonas costeiras e protecção de espécies animais, foi animada por jovéns ecologistas e pelo arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles. Esta acção conjunta, deu lugar à criação de diversas organizações não-governamentais, tais como a Liga de Protecção da Natureza, a delimitação de zonas de defesa de sapais, do línce da Malcata, e dos Parques Naturais. Depois, e nalguns casos em simultâneo, tivemos a luta contra as lixeiras a céu aberto, os derrames da indústria de curtumes e as descargas dos suinicultores, feitas nos pequenos ribeiros, como a Ribeira dos Milagres... Houve tambem o movimento contra os barracos e moradias contruidas sobre as arribas costeiras ou na areia das praias. Tivemos batalhas contra o corte de sobreiros, contra a pesca das enguias (angullas) no rio Tejo. Mais tarde, houve protestos contra as cimenteiras, etc. Nos últimos anos, e agora com a crise da austeridade, tudo isso foi sendo esquecido. Pelos políticos, pela ausência de um ministério do Ambiente (mudou 4 vezes de nome em 16 anos!) e pelos ecologistas, que parecem preocupar-se apenas com a construção de barragens... E é pena, que se mantenha este alheamento. Dos políticos, só ouvimos falar em «cortes», «produtividade» e «reformas estruturais». 

Investindo no ambiente, ganhava o país, os portugueses e a indústria nacional. No mar, Portugal tem a maior Zona Económica Exclusiva para trabalhar, pesquizar e tirar ganhos económicos. Em terra, as necessidades de preservação ambiental são tantas, que poderiam dar emprego a milhares de portugueses. Pensar, inovar e perscutar o futuro, é coisa que aos nossos empresários não agrada. No entanto, a criação de «novos empregos», no mundo de hoje, é imperioso.

O Diário de Notícias acabou de publicar, esta semana, uma série de

análises, estudos, estatísticas e opiniões sobre «O Estado do Ambiente», à imagem do que já tinha feito sobre o «estado» do país, da Justiça, etc. Considero o «Estado do Ambiente» o estudo mais completo, mais bem documentado de todos os outros. Por ele ficamos a conhecer os enormes problemas que afectam as nossas vidas, o país, e o ambiente. Por ele ficamos a saber que, há muito por onde é fácil criar emprego, desenvolver novas indústrias e cuidar da nossa «casa». Infelizmente este estudo teve pouco impacto na opinião dos leitores do DN. Apenas li a opinão (apologética) de um leitor. Seria interessante conhecer as razões por que aconteceu este desinteresse. Será que o DN tem feito política a mais e informação a menos?

Quarteira: aqui está uma imagem do pior que foi feito nas zonas costeiras do

país. Nem sequer aprendemos com os erros feitos por Espanha, quando Franco

deu ordem, no início de 1960, para fazer nas praias do sul, a Florida Espanhola.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:51 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quarta-feira, 22 de Fevereiro de 2012

Este é um blogue político, onde são dissecados assuntos da governação,

de opinião não contraditada, e dos psitacídeos palradores em geral. Mas tambem é um blogue intimista, onde o autor se exprime sem freios, e deixa transparecer parte do seu carácter e das suas idiossincrasias. Hoje não trago nada no bolso que se relacione com o espírito carnavalesco, que já lá vai, nem com a governância neoliberal. Apenas ecos do ágape realizado para comemorar mais um aniversário de um dos confrades do Grupo do Turim (nada de confusões com o Grupo do Leão, de Columbano). Este grupo, reuniu-se hoje para festejar o aniversário de um dos seus confrades. Desta vez o aniversariante foi o Controller Sanches Galante, beirão, mas encastelado nas abas do Castelo de S. Jorge. Alguns dos confrades faltaram à chamada. Por diversas razões: o anarquista Fernando, está para Miami, mais uma vez, a celebrar mais um casamento de conveniência; a Corporate Governance Secretary, ficou a fazer a vez de baby sitter; a Accountant Suzy, faltou por estar de visita ao Sambódromo do Rio; o ex-Cashier, Joe Boer, falhou o ágape por ressaca do Carnaval. Mas a festa de anos do Controller fez-se, na companhia do Dispatcher Fadigas (autor da frase Essa, é de Queiroz!), e do General Services, Armando Pereira (Comendador da Ordem de Mérito, por serviços prestados a favor da Terceira Idade odivelense). O único activo da equipa Exxonmobilistica -- o Henriques de Tomar -- esteve presente, como sempre, embora já tenha sido «trespassado» para os Champas da OZ. Foi uma festa de quarteto, mas muito bem assistida pelo pessoal do Turim. Foi um tempo de recordar o passado, mas tambem de olhar para o presente. Recordámos o Adamastor Sebastião Camões, que mandava no Terminal; o sósia de Ernest Hemingway (Passos Faria), que passava o dia a cofiar a barba branca;  o Costa, das Contas Barter, que emigrou para a Cidade do Santo Nome de Deus de Macau; o Compadre Alentejano (Lourenço), que tinha sempre uma anedota para contar; a miss Schiappa, que abandonou as funções para voltar à vida universitária; a Carminho, que secretariou em LPG e Finanças; a contratada alentejana (Manpower), de nome Maria Cravo Noivo Cueca, and so on.  Reviver o passado na companhia de amigos, a celebrar o aniversário de um deles, é um ritual que nos conforta, e nos ajuda a esquecer esta crise.

Este é o Grupo do Leão, do magistral pintor Columbano Bordalo Pinheeiro, que eu vislumbrei

numa das paredes do Museu de Arte Contemporânea, conhecido hoje como Museu Nacional do

Chiado... Já lá vão 50 anos, mas ainda hoje a cena do quadro continua a impressionar-me.



publicado por Evaristo Ferreira às 16:15 | link do post | comentar

Terça-feira, 21 de Fevereiro de 2012

O Governo de Passos Coelho decretou o fim do Entrudo, mas o povo

português não acatou, por grosso, as ordens emanadas de S. Bento. Tal como aconteceu em 1993, quando Cavaco Silva, então primeiro-ministro, quiz acabar com o Carnaval neste país. O país hoje está a meio gas. O Governo e a Assembleia da República estão a «produzir», para mostrar à Troika que o país está disposto a trabalhar até à exaustão, para poder pagar o empréstimo que nos foi concedido. Houve até quem apelasse à produtividade, em detrimento da folia, mas a maioria do povo não vai por aí, pois o Carnaval é uma forma de salvar o pequeno comércio. Os tecnocratas e os neoliberais não conhecem nem respeitam as tradições ligadas à cultura cristã. Para eles o que conta é a «produtividade», mais trabalho, por menos dinheiro. E assim pretendem empobrecer os remediados, mantendo os ricos cada vez mais ricos. Ponham os olhos na Alemanha, que em vez de pasteis de nata, exporta maquinaria e meia dúzia de automóveis tôpo de gama; enquanto nós vendemos um pastel por 50 cêntimos, os alemães vendem um carro por 40 ou 80 mil euros... Isto sim, é produtividade, altamente rendosa e enriquecedora de um país. Mas os alemães não deixam de festejar o Carnaval. Pelo contrário, divertem-se à grande e à francesa. Nalgumas regiões, como Colónia, Dusseldórfia e Bona, o Carnaval começa no dia 11 do mês 11, às 11,11 horas e acaba no dia deste, pela noite fora. Os alemães para além de produzirem alta tecnologia, não deixam de divertir-se e gozar a vida, nem que seja a comer salsichas e a beber cerveja, todo o dia, na Oktober Fest. Portanto, não nos roubem os pequenos prazeres, como seja a folia do Carnaval português.

O divertimento, a cultura e a interacção é uma forma de fortalecer a personalidade de cada

cidadão, e de desenvolver o sentimento de utilidade, de fraternidade entre as pessoas...



publicado por Evaristo Ferreira às 12:41 | link do post | comentar

Segunda-feira, 20 de Fevereiro de 2012

Estamos em pleno Carnaval, altura em que alguns se mascaram daquilo

que não são, mas gostariam de ser; um tempo de folia, mas tambem de exorcismo contra a crise. No Carnaval muita coisa é permitida, e, por isso, não podemos acreditar naqueles que nos prometem o paraíso, e menos ainda naqueles outros que se mascaram de gente bondosa e inteligente, mas não passam de meros oportunistas. «No Carnaval ninguem leva a mal», diz o povinho. Mas tambem não é razão para acreditarmos naqueles que, mascarados, tentam dourar a pilula. «A coisa está preta», diz o carioca, e essa é a análise certa sobre o momento que vivemos. Depois deste intróito, vamos à questão que está na ordem do dia.

O primeiro-ministro, Passos Coelho, aproveitou estes dias de pré-Carnaval

para ir tomar o pulso ao país. Foi até às Beiras, a Gouveia e Guarda. Ele sabia que ia encontrar gente desesperada, desempregados de há muitos meses, reformados a quem o Governo reduziu as pensões, doentes que desesperam por uma consulta, etc. Passos Coelho podia ficar na quietude de S. Bento, mas foi para o terreno, enfrentar os protestos do povo. Coisa bem diferente fez o Presidente Cavaco, na sexta-feira, que fugiu aos protestos dos alunos da Escola António Arroio. Desde quando é que um presidente da República tem receio de enfrentar um grupo de 100 ou 200 alunos? Passos Coelho viu e ouviu frases como esta: «Ladrão, emigra tu, piegas e pelintra». No entanto Passos soube ouvir as pessoas, embora lhes tenha prometido apenas melhores dias. Mas isto, é o mínimo que se espera de um governante, e tambem de um presidente da República. Cavaco Silva deve ter em conta o exemplo do primeiro-ministro que, aliás,foi muito elogiado pelo jornal do regime, o DN que, logo na abertura do seu editorial, vem bater palmas: «Deu imenso jeito a Pedro Passos Coelho a manifestação de protestos vários (portagens, operários no desemprego, professores) que ontem o aguardava em Gouveia». Deu jeito, porquê?-- pergunto eu. Para Passos Coelho poder salvar a face de Cavaco Silva?... A esta pergunta só o professor Marcelo poderá responder. Passos Coelho prometeu: «No final do ano vamos ficar melhor». Da minha parte agradeço, mas espero que a promessa não fique registada apenas como mera piada de Carnaval.

Há quem se mascare, mas alguns nem precisam dar-se a esse trabalho. Andam

mascarados todo o ano, graças a Deus. Carnaval global é no Rio de Janeiro...



publicado por Evaristo Ferreira às 14:31 | link do post | comentar

Sexta-feira, 17 de Fevereiro de 2012

Ontem o presidente Cavaco Silva tinha em agenda uma visita à Escola

António Arroio, mas não cumpriu o protocolo. Tendo sido informado de que os alunos preparavam uma manifestação, Cavaco Silva, a meio do caminho, pediu ao motorista para fazer meia volta e regressar ao Palácio de Belém. Houve quem o visse sair, e regressar pouco depois. Os motivos para esta decisão, foram «um impedimento relacionado com a função presidencial», segundo foi comunicado. Contudo, houve logo quem lenbrasse as vaias com que Cavaco foi recebido em Guimarães, dias depois de ter dito que a sua «reforma não dava para pagar as despesas». Há dias, ficámos a saber que o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, mais o ministro da Economia, Álvaro [Santos Pereira], passaram a ter «segurança reforçada», pois havia informações de que poderiam sofrer atentados, relacionados com as políticas de austeridade, impostas por aqueles dois ministérios. No caso do presidente Cavaco Silva, temos que reconhecer que o actual PdR não gosta de ser confrontado com os problemas que o povo lhe coloca. «Senhor presidente, peça ao Governo para me aumentar a pensão de 250 euros...», pedia a velhinha. «Olhe, minha senhora, vê ali aquela senhora, é minha mulher. Sabe qual é a reforma dela, uma professora? Menos de 800 euros» -- replicou Cavaco Silva, num dia de campanha eleitoral. A «velhinha» esperava ouvir uma palavra de esperança, de compreensão, mas o presidente Cavaco, não quiz ouvir os seus lamentos. Pensou apenas na magra pensão da Maria, sua mulher. A atitude do presidente, ao desistir de enfrentar os protestos dos alunos da António Arroio, mostra a medíocre dimensão humana do cidadão Cavaco Silva. Mas quando em 2009 José Sócrates foi àquela escola de artes, anunciar o início das obras de restauração, e foi recebido com vários protestos, Cavaco Silva disse aos jornalistas que considerava a manif dos alunos «um sinal de vitalidade da sociedade portuguesa». É cobardia fugir ao protesto de alunos, e é um sinal de que os nossos governantes estão assustados, são piegas e medricas. Os detentores do poder não podem, nem devem, afastar-se do seu povo. Foi assim durante cerca de quinhentos anos, quando os nossos reis reuniam Cortes nas principais cidades do país afim de ouvir os protestos, os anseios do povo, e a por côbro aos desvarios causados pelos senhores da gleba contra o povo trabalhador. Cavaco Silva, ao fugir do povo, está a desonrar os bons costumes da nossa História, e mostra como é arrogante, mesquinho e não tem sensibilidade social para ocupar o lugar de mais alto magistrado da Nação. Nesta hora dificil, faz-nos falta um PdR moderador e justo.

A conservação das espécies marinhas é uma preocupação constante das

organizações não-governamentais. No mar Mediterrâneo a indústria pesqueira

tem arrasado algumas espécies, como o tubarão, que está a ser criado em

cativeiro, formado por grandes redes de pesca suspensas por boias. Depois de

atingirem o peso ideal, são despachados para o mercado japonês do suchi...

 

 



publicado por Evaristo Ferreira às 16:10 | link do post | comentar | ver comentários (1)

Quinta-feira, 16 de Fevereiro de 2012

Miguel Macedo, director do Dinheiro Vivo, um apêndice da Controlinveste,

holding do DN, JN, TVSport, e mais alguma coisa, vem hoje perorar sobre «moralismos com todos», onde pretende mostrar as razões pelas quais «nós, portugueses, somos apenas mais pobres do que os outros» e, por causa disso, «estarmos mais vergados ao peso das dívidas». Para levar a água ao seu moinho, Macedo serve-se de um estudo de 1928, onde é relatado que os «aborígenes tinham sempre muita pressa em satisfazer os seus impulsos primários. Por exemplo, quando queriam defecar, não esperavam -- fazim logo ali o que tinham de fazer». Macedo refere a analogia feita pelo autor do estudo com «as crianças que chegam cada vez mais em grande número à pré-primária sem saber controlar os seus impulsos mais básicos e, por isso, usam fraldas cada vez mais tarde». E prossegue: «adiar o prazer imediato em nome de um objectivo maior, dificil e demorado não é coisa que lhes pareça muito sexy». E Macedo adianta que «o resultado está à vista»: [...] «fracasso escolar, cultura do facilitismo, exigências desmedidas, incapacidade para autocrítica e uma dívida pública e privada galopante». Na opinião de Miguel Macedo, tudo isto se deve a hábitos de infância, ou seja, por querer defecar em qualquer lado, em vez de esperar pela hora e local conveniente. Caramba! Que grande filósofo me saiu este Macedo, que eu tinha como bom analista financeiro, mas que agora, com esta «análise», veio borrar todo o seu pensamento. Fiquei atordido com a «palração» do Miguel Macedo. Espanta-me a sua erudição antropológica. Desgosta-me o seu desprezo pela cultura aborígene. Esta coisa de ter que botar discurso para «facturar», sempre que o estro não se quer revelar, o melhor será perorar sobre a arte de bem cozinhar arroz de míscaros...

Miguel Macedo, economista, esquece que as pessoas vivem hoje

numa ditadura dos «mercados», que condicionam a cultura, os gostos, as escolhas, e os comportamentos da sociedade de consumo. A cultura,  familiar, tradicional, escolar e comportamental, é pervertida pelo advertising, pela publicidade, pelo apelo ao consumo -- que não deixa espaço nem tempo para o consumidor reflectir. A cultura, a saúde e o «consciente colectivo» foram hipotecados pelos «mercados». A cultura de rua, espontânea, sem cãnones, foi abocanhada pelos «mercados»; a saúde pública, foi capturada pela indústria químico-farmacêutica; e a consciência das pessoas foi pervertida pelo audiovisual. Uns enriquecem a tratar os doentes e enfermos, enquanto outros alimentam a doença inpingindo álcool, tabaco, drogas e anabolizantes. Gasta-se nos cuidados de saúde, mas esquecem-se as «boas práticas» da alimentação, da cultura física e da protecção ambiental. O problema não tem origem nos aborígenes ou nos bebés de fralda descartável. O problema está nas desigualdades sociais, na cultura da consumismo. Este é um bom tema para os sociólogos da nossa praça tratarem, em vez de andarem por aí a falar de pieguices e outros temas de lana caprina, ou da Futebolândia.



publicado por Evaristo Ferreira às 15:33 | link do post | comentar

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