Segunda-feira, 31 de Janeiro de 2011

Há diias em que tudo nos surge em contra-mão, tudo é paradoxal. Esta manhã, ao abrir o e-mail, surgiu a Nataliya a saudar-me: "Ho 27 ani! Io sono interessante, intelligente, brava ragazza! [...] Vorrei essere una buona moglie e ottima madre!. [...]Con migliore auguri, Nataliya". Enfim, logo pela manhã, depois do pequeno almoço, somos convidados para coisas estranhas. Pouco depois, ao ler o jornal, quando tomava o cafézinho da praxe, sou informado de que o "Primeiro político gay a casar foi o ex-líder da JSD, Jorge Nuno de Sá". Fiquei surpreso, pois vejo que ninguem se preocupa com a verdade: o "casar" não é para gays, mas sim para macho-fêmea procriarem. Nada tenho contra os gays e lesbicas, e, quanto a este tema, nem sequer defendo a eugenia nazi. Simplesmente, penso que o estatuto destes casais deveria ser de "união" ou "parceria", nunca o casamento. O casamento, quer queiram quer não, é procriação, criação de família, preservação da raça humana. Só uma ideologia de "mercados" é que pode aceitar todos estes paradoxos gerados pelo lucro. No mesmo jornal era apresentado outro paradoxo: "Barrigas de aluguer sim, mas só no interior da familia". Enquanto por um lado se fazem abortos, por outro, os casais inférteis, procuram filhos através de "barrigas de aluguer", gerando, com isto, uma infinidade de procedimentos legais, disputados no "mercado" da advocacia. Para além destes casos, tambem fui informado de que existem "Casamentos por conveniência por 20 mil euros". Mais uma vez os "mercados" a funcinar, fazendo e desfazendo casamentos... Caramba, já ninguem respeita as leis e os ensinamentos deixados pelos deuses, residam eles no Olimpo ou lá em cima no céu etéreo... Há dias assim, tudo parece caótico, desencontrado, agressivo... Nesta hora, dou por mim a pensar no convite da Nataliya, como quem pensa na camoneana Ilha dos Amores.

Torres eólicas implantadas na Mongólia Interior, Região Autónoma da República Popular da China.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:55 | link do post | comentar

Sexta-feira, 28 de Janeiro de 2011

Se é verdade que o Estado tem, a nível nacional, uma rede escolar pública capaz de servir todos os portugueses, seria bom que o Ministério da Educação acabasse de vez com os acordos feitos nos últimos trinta anos com as escolas do ensino privado. Se é verdade que a rede escolar tem capacidade para receber alunos do ensino básico e secundário, com os meios pedagógicos adequados e com professores dedicados à escola, seria útil e sensato acabar com as parcerias existentes até esta data. Os portugueses são livres de escolher entre o ensino público e o ensino privado. O que não está certo é ser o Estado (os contribuintes) a pagar o ensino privado. É inaceitável ter que ser o Estado a pagar anualmente 114.000 euros por turma no ensino privado, quando no ensino público esta prestação é de 80.000 euros. É tempo de crise, mas é nestas circunstâncias que os gastos desregrados se tornam mais evidentes. Aproveitemos este tempo de crise para alterarmos tudo o que está errado e "escondido" na administração pública. O momento é propício e nós, cidadãos contribuintes, devemos mostrar toda a nossa indignação contra "o estado a que o Estado chegou". Os tempos são de mudança, aproveitemos a ocasião para renovarmos o Estado.

O tempo é de mudança... Os povos decidem mudar de vida, tal como está a

acontecer no Cairo, Egipto, apesar de ter sido declarado o recolher obrigatório...

 



publicado por Evaristo Ferreira às 18:39 | link do post | comentar

Quinta-feira, 27 de Janeiro de 2011

A notícia de hoje é o desmantelamento, pela Polícia Judiciária, de uma rede de burlões que se dedicava a defraudar o Estado através da "venda" de medicamentos. Os criminosos são farmacêuticos, armazenistas e médicos, alguns do Serviço Nacional de Saúde. O esquema usado era o seguinte: engendravam uma "compra de medicamentos para doenças mentais que eram comparticipados a 100 por cento, mas que nunca chegavam aos doentes e eram revendidos nas farmácias". Usando esta técnica do boomerang, os burlões conseguiram roubar o Estado (Ministério da Saúde) em mais de 2 milhões de euros... Já estão atrás das grades 8 burlões e espera-se o arrestamento de mais gente desonesta que prolifera e medra à custa do Serviço Nacional de Saúde. A classe dos boticários (farmaceuticos) está atolada neste negócio de facturas falsas. E a classe médica tambem contribuiu para este regabofe, pois eram eles que receitavam a trouxe-mouxe antidepressivos e antipsicóticos. Com esta suspeita de prescrições irregulares, parte do corpo clínico do SNS deixa revelar uma atitude de abandalhamento do serviço público, traduzida por estas palavras: "quanto pior, melhor". Estamos para ver até onde se estende a actividade mafiosa de profissionais tidos como honestíssimos e de empresários que utilizam o Estado apenas para ganhar dinheiro através de expedientes fraudulentos.

Não há dúvida que os portugueses sempre se mostraram ser hábeis em negócios de candonga, em acordos trapaceiros. Desde o século XV, quando fomos mundo fora, "por mares nunca dantes navegados". Mas temos gente que não admite isso. Por exemplo, o Zé Manuel Fernandes, quando era director do Público, comandou uma "cruzada" contra os dirigentes angolanos, acusando-os de serem corruptos. O JMF esquece que os "mestres" do

peculato e da fraude em Angola, foram os "tugas". No entanto aquele país já tem hoje o aval de alguns organismos internacionais no que toca às boas práticas de governo, e tem um organismo dedicado a erradicar a  corrupção na esfera do Estado. Nunca me lembro do JMF utilizar o Público para denunciar a corrupção, o peculato e o nepotismo em Portugal. Na verdade ele era incapaz de ser um jornalista neutro.



publicado por Evaristo Ferreira às 18:22 | link do post | comentar

Quarta-feira, 26 de Janeiro de 2011

As providências cautelares e acções administrativas, apresentadas pelos sindicatos ligados à função pública contra o Estado por causa dos cortes salariais impostos por força do PECIII, estão a atulhar as secretarias dos tribunais. Se a Justiça já era lenta e perdulária, agora vai arrastar-se até à exaustão, baixando a sua "produtividade" a níveis absurdos. E o mais curioso, no meio de tudo isto, é constatar que grande parte dos que protestam e alimentam esta luta, são os magistrados e juizes que vão arbitrar em causa própria. Os constitucionalistas Jorge Miranda e Vital Moreira, consideram legais os cortes na função pública. Outros como Paulo Otero, catedrático da Facudade de Direito de Lisboa (funcionário do Estado), dizem que os cortes são inconstitucionais... Como se vê, os funcionários públicos, sejam eles catedráticos ou o sindicato dos magistrados, estão em luta contra o Estado. Ou há moralidade ou comem todos -- barafustam. Eles querem que os trabalhadores privados sejam obrigados a cortes salariais. Esquecem que estes não têm as regalias do Estado, e, portanto, não são responsáveis pela despesa do mesmo. No caso dos professores, a FENPROF, pela voz de Mário Nogueira, vem dizer que não defende os cortes no sector privado -- nem no sector estatal. Compreende-se onde quer chegar Mário Nogueira: defender cortes iguais nos privados era atacar os trabalhadores federados na CGPT, que nada têm a ver com o Estado... Por outro lado, as escolas do ensino privado com contratos do Estado, tambem protestam contra os cortes do ME. Recebiam 114.000 euros por turma, e agora passam a receber 90.000. Mas as escolas oficiais, por turma, custam apenas 80.000 euros... O ensino privado gastava mais 34.000 euros por turma. Porquê?  Talvez fosse em ginásios, piscinas, campos de ténis, aulas equestres, etc.  O Estado não pode nem deve esbanjar assim o dinheiro dos contribuintes. O ensino privado não deve ser financiado pelo Estado. Hoje em dia o Parque Escolar do Estado abrange, quase em absoluto, todo o território nacional. Quem desejar o ensino privado para os filhos, que pague do seu bolso.

Bem, vamos ver se o país consegue arrancar, depois de vencer todos estes impasses. Em Davos, Suiça, está reunido o Forum Mundial Económico, a nata do capitalismo bem pensante. Talvez aconselhem os governos, o FMI e o Banco Mundial, a travarem as rédeas aos especuladores de casino -- que dirigem os grandes bancos americanos e europeus, e conduziram o mundo a este abismo...



publicado por Evaristo Ferreira às 15:02 | link do post | comentar

Terça-feira, 25 de Janeiro de 2011

Após o acto eleitoral de domingo, vários analistas e comentadores estão agora a remoer sobre o passado e o futuro próximo, tentando advivinhar o rumo de Cavaco Silva neste segundo mandato. Outros há que apenas procuram matizar o discurso "ressabiado" feito por Cavaco Silva aos apoiantes que o aplaudiam no CCB, após a sua declaração de vencedor. Quanto a estes, penso que deveriam ter em conta a personalidade de Cavaco Silva, esquecer o que ele disse a "quente", e ser tolerantes para com o re-eleito, mostrando assim que a tolerância deve ser exercida por todos. Estou convencido de que Cavaco Silva, neste momento, já se terá arrependido de ter dito o que disse sobre os candidatos que o atacaram... Isto mostra que Cavaco Silva não se aconselha, nem tem quem lhe dê conselhos sobre discursos políticos.  O que disse "daqueles que o caluniaram" não é aceitável. Os seus adversários apenas se limitaram a pedir esclarecimentos, não o caluniaram. Até um professor (o mestre) precisa de ser aconselhado. Neste caso Cavaco Silva falou do alto da sua cátedra, não desceu para pedir um conselho, não admitiu que podia estar a errar... Com este procedimento (inconsciente), Cavaco Silva deu aos seus adversários argumentos para o apodar de "rancoroso e intolerante". Um vencedor, não recrimina, não acusa, o "poder" deve colocá-lo acima do azedume. Cavaco causou um incidente, em dia de festa, irreflectidamente.

Quanto aos analistas e comentadores, esses estão no "mercado" dos oráculos, à procura dos holofotes, e a defender os seus desejos clubistas. Precisam de facturar, ganhar dinheiro, dizendo banalidades.  Cavaco Silva já demonstrou que não coloca os interesses partidários acima dos interesses do seu país. E quanto ao futuro deste, deixem o temppo correr, até chegar Abril, para vermos como está a execução orçamental do primeiro trimestre. Com a chegada da Primavera iremos ter sinais (positivos ou negativos) sobre o futuro do Governo e do país. Please, relax...

O vislumbre do que observamos agora, não será o mesmo quando chegar a

Primavera. Daqui até lá, tudo vai mudar, seja para o bem ou para o pior...



publicado por Evaristo Ferreira às 14:52 | link do post | comentar

Segunda-feira, 24 de Janeiro de 2011

NÚMEROS: - Cavaco Silva foi reeleito com 52,9 por cento dos votos, mas perdeu 543.327 votos em relação a 2006. Manuel Alegre saiu triste e derrotado, reunindo apenas 19,75 por cento dos votos, e com menos 306.338 votos do que teve em 2006. A abstenção subiu 14,90 por cento, para 53,37, o valor mais alto de sempre.  O PSD e o CDS, nas legislativas de 2009, somaram 39,54 por cento, que, deduzidos aos 52,90 de Cavaco Silva, deixam um resto de 13,40. Serão votos do PS?  À esquerda, somados os votos de Manuel Alegre (19,75), mais Fernando Nobre (14,10), mais José M. Coelho (4,50), mais Defensor de Moura (1,57), mais o aumento da abstenção (14,90), teríamos, grosso modo, 54,82 por cento contra Cavaco Silva. Ilação a tirar: a esquerda dividida deu a vitória a Cavaco Silva. De notar que, PS e BE, nas últimas legislativas, tiveram 46,37 por cento de votos, muito longe dos 19,75 recolhidos pelo candidato Manuel Alegre. Será que o eleitorado penalizou Manuel Alegre por se deixar captar pelos "revolucionários" confederados no Bloco?  O fenómeno desta eleição foi o senhor José Coelho, "o Tiririca da Madeira". Ele foi bem acolhido no Continente, mas foi na Madeira que arrasou o status quo da politica jardinista.  Alberto João, "o soba da Madeira", ainda em convalescença, deve ter ficado colérico com os resultados do candidato Coelho: teve a maioria dos votos no Funchal (41,45), no Machico (41,09) e em Santa Cruz (47,78), superando largamente o candidato Cavaco Silva. que teve, respectivamente, (38,65), (40,14) e (36,32). Estes resultados mostram que algo está errado na Pérola do Atlântico, e prenuncia o fim do "soba da Madeira".  Tambem a abstenção insular atingiu cifras nunca registadas: 52,08 por cento na Madeira e 68,88 por cento nos Açores... Os cidadãos eleitores estão-se afastando, cada vez mais, da nossa classe política. Isto dá que pensar...

COMENTÁRIOS: - Como abstencionista nestas eleições (ver post do dia 17), não tenho mais nada a comentar.



publicado por Evaristo Ferreira às 14:49 | link do post | comentar

Sexta-feira, 21 de Janeiro de 2011

Aos inquéritos de rua, efectuados por canais de televisão, o povão responde de forma idiota às questões que lhe são colocadas. O povão não está para "analizar" o assunto, o que quer é aparecer nas tevês. A resposta é quase sempre ligeira, parcial, sem nexo. Já os nossos "comentadores, sempre que lhe pedem uma opinião, esses respondem em jeito de rodízio, parcialmente, e quase sempre com ligeireza de raciocínio. Quase todos falam de boa mesa, mas são incapazes de citar um prato. Todos falam de futebol, mas culpam sempre os outros pelas derrotas do seu clube. O que isto demonstra, é pura cegueira -- quer se trate de assuntos de bola, de política ou da crise actual.

Hoje li um editorial onde se dizia: "as famílias portuguesas, preparando dias piores, aumentam os depósitos no sistema bancário (+ 1710 milhões de euros)".  A verdade é que os portugueses não fazem isto por uma questão de prevenir o futuro, a maioria dos portuguses gasta o que tem e o que não tem. Aqueles 1.710 milhões terão sido transferidos dos Certificados de Afôrro (CA) para a banca, porque esta está a pagar tres vezes mais do que os CA.  A banca precisa de dinheiro, e não o tem. Para captar o dinheiro, a banca está a oferecer juros entre 2,5 e 4,5 por cento...  Tambem hoje li esta notícia: "Dificuldades nas familias são razões apontadas para venda a menos de 13 milhões de embalagens [de medicamentos] em 2009".  Informa a notícia que se gastaram menos 683 milhões de euros. Porquê? Certamente porque o Ministério da Saúde e o Governo tomaram medidas para acabar com os remédios grátis, que o povão solicitava para si, para dar à tia, ao genro, à cunhada ou à sobrinha...  Mas a "cegueira" não está apenas nos meios de comunicação. Tomei conhecimento duma coisa chamada "Projecto Farol" que veio apresentar resultados de um inquérito feito na rua, destinado a saber se os portugueses eram mais felizes agora ou antes do 25 de Abril.  Pela amostragem feita, os portuguses sentem que estão pior do que há 40 anos, seriam mais felizes em 1970... Que raio de sondagem, esta. A ser verdade, o povo português está a precisar de aconselhamento psiquiátrico... O inquérito diz-nos que "estamos piores do que 1970"?!...  Mas está tudo "cego" ou ensandeceram?...

Então o povinho há 40 anos tinha SNS (dos melhores na Europa)? Tinha auto-estradas? Escolas e hospitais, como tem hoje? Então o povinho não gosta de telemóveis, televisão a côres e Internet?  O povinho gostava mais de viver com as lixeiras a céu aberto? Com os esgotos caseiros a correr para a rua ou algum riacho?  Então o povinho não gosta de ETARs?  Gostava de viver como dantes, com as águas residuais, turvas e pestilentas a correr para os rios e lagos?... E a rede de auto-estradas?... Eu não acredito que qualquer português possa afirmar que vivia melhor há 40 anos. O estudo dado à luz do dia pelo "Projecto Farol", deve ter sido conduzido na penumbra do entardecer ou na escuridão da noite. Quiça na ala de psiquiatria de algum hospital particular, onde os inquiridos estivessem em tratamento. Ou então cegaram, são incapazes de ver a luz do dia.



publicado por Evaristo Ferreira às 18:16 | link do post | comentar

Quinta-feira, 20 de Janeiro de 2011

Não gosto de ouvir os políticos falarem do uso da "bomba atómica". Este termo foi usado em fins de 2004, pela primeira vez, depois de Jorge Sampaio ter dissolvido a AR e marcado novas eleições para 2005.  Àquela data era primeiro-ministro Santana Lopes, o "menino guerreiro", que havia sido entronizado no cargo pelo PSD, após a saída de Durão Barroso, escolhido para dirigir a Comissão Europeia. Agora, nestes dias de campanha eleitoral, à falta de outra ideia, um jornalista colocou uma pergunta ao candidato Cavaco Silva, para saber se tambem ele, após a re-eleição, usaria a "bomba atómica"... Só um espírito leviano e ôco poderia fazer uma pergunta destas a Cavaco Silva. O candidato limitou-se a responder alegando que "não sentia apetite para usar" a tal arma. Nesta aridez de ideias, valeu a sensatez do candidato. Mas, vai daí, os meios de comunicação social, em especial as televisões, serviram-nos, à hora do jantar, "bombas atómicas" de entrada, como prato principal, e ainda como sobremesa... Contra este ingente desconhecimento do variado, mas apropriado vocabulário português, devia espirrar Vasco Graça Moura, que tanto defendeu o statuo quo da língua portuguesa, votando contra o Novo Acordo Ortográfico. Mas isto é outra guerra, uma guerra sem bombas atómicas.

Cavaco Silva, depois de apelar à insurreição dos professores, dos pais e alunos contra o Governo; depois de ameaçar com uma "crise política"; depois de recusar responder aos ataques dos adversários; depois de apelar ao Governo para revelar as condições em que é feita a venda da nossa dívida soberana, veio ontem com novo registo, dando conta da situação em que o país mergulharia se, após a sua re-eleição, dissolvesse a actual AR. E explicou em pormenor o que poderia acontecer. Por isso ele reiterou a necessidade de acalmia política, e apelou a todos os portugueses para que ajudem o país a sair desta crise financeira e económica. Finalmente, a dois dias das eleições, o candidato Cavaco Silva voltou a ser o "garante" da pacificação política, da lealdade à AR, do bom-senso e da serenidade. Isto é o que se espera de um presidente de todos os portugueses.

Moinhos de vento na região de La Mancha, Espanha...



publicado por Evaristo Ferreira às 18:46 | link do post | comentar

Quarta-feira, 19 de Janeiro de 2011

Os meios de comunicação social, na sua maioria, disseram hoje que Portugal colocou dívida de curto prazo nos "mercados" a 4,06 por cento, um juro muito satisfatório, abaixo do último leilão. Esta notícia não é correcta, não permite fazer extrapolações, dado que se trata de Títulos do Tesouro com maturidade de curto prazo. O teste deve ser feito quando voltarmos a vender dívida de longo prazo, ou seja a 10 anos. Nota-se que os "fãs" do FMI estão nervosos, baralhados. Seria bom, para eles, que o FMI tomasse conta deste país... Eles lá sabem o porquê, mas eu tambem sei o que lhes vai alma. Eles gostariam que tudo se complicasse, ao nível do PEC III, para que pudessem reclamar a vinda do FMI e por novas eleições legislativas... Eles não gostam que o Governo venda dívida à China ou aos emires do Golgo Pérsico. Querem que sejam os "mercados" a ditar o juro, isto é, o castigo. Por estes dias, no calor da campanha eleitoral, até o Louçã, fã da Albânia comunista dos tempos de Henver Hoxa, veio espirrar contra a China. Não podemos esquecer que, para esta gente, o comunismo puro sempre esteve em Tirana. Mao era tido como "revisionista", e Moscovo era social-fascista... Não admira pois que a intolerância ainda germine na cabecinha dos saudosistas de Enver Hoxa. No entanto há muita gente de direita que tambem tem medo do "perigo amarelo", e, por isso, bradam contra os chineses que querem acabar com a nossa soberania... É só asneiras.

Hu Jintao, presidente da RPC, está desde ontem em Washington. Vai jantar na Casa Branco durante duas noites, vai ter reuniões ao mais alto nível, porque os americanos gostam da China. Na verdade a América vive à custa da China. É a China que lhes compra os Títulos do Tesouro, uma dívida que já soma triliões... A China já é o segundo maior país a receber turistas, e em 2018 vai alcançar um PIB igual aos EUA. São amigos, e fazem negócios. Hoje o poder não está tanto nas armas, mas sim no poder económica, nas reservas em divisas, ouro e titulos do Tesouro. 

Barak Obama recebe Hu Jintao na Casa Branca para acertar agulhas...

A primeira "bomba" foi para a Boeing, rival da Airbus: a China vai comprar

200 aviões B-747 por 45.000 milhões de dolares... A Boeing está salva!...

Na foto, industriais de Chicago receberam Hu Jintao para fazer negócios.



publicado por Evaristo Ferreira às 18:48 | link do post | comentar

Terça-feira, 18 de Janeiro de 2011

O poder altera, afecta, corrompe aqueles que não o querem perder. Nunca esperei, em campanha eleitoral, ver e ouvir Cavaco Silva a interpretar o guião de um populista, hipócrita e demagogo. A pobre mulher rogou-lhe: "Senhor Presidente, faça com que me dêem uma reformazinha...". E a resposta de Cavaco ao apêlo da miserável foi este: "Olhe, a minha mulher, que foi professora, só ganha 800 euros de reforma..." Isto não é resposta que se dê a pessoa desesperada, mas é seguramente uma grande farsa. A mulher do Presidente, se ganha apenas 800 euros -- a média do salário nacional -- é porque não cumpriu o tempo que a lei exige para ter a reforma, porque não descontou para a SS durante todos os anos, ou então porque se reformou antecipadamente... Não explicar isto, é hipocrisia. Não informar qual a Conservatória do Registo Predial onde foi registada a moradia da Coelha, é fugir à transparência que se exige a todos os responsáveis por cargos públicos. Não clarificar a venda das acções do BPN, é, no mínimo, estar a fugir à responsabilidade. Quando o Presidente Cavaco Silva, em plena campanha eleitoral, desafia os professores, pais e alunos a protestarem contra os cortes na despesa das escolas privadas financiadas pelo Estado, está a ser desleal com o Governo, que sempre disse não querer prejudicar na sua acção governativa. Enfim, Cavaco Silva luta pelo segundo mandato, e, para isso, tudo faz, até mesmo interferir na área do Governo. Por via disso, Cavaco Silva ganha votos à direita com Paulo Portas, e ganha votos incitando os professores, os funcionários públicos, os magistrados e juizes a protestarem contra os cortes constantes do PEC III, que o PSD aceitou e ele, Presidente, promulgou. Chegámos a isto... Mais uma vez reafirmo que Cavaco e o PSD têm uma agenda para "uma maioria, um presidente". Esta agenda é mais súbtil daquela que foi montada no verão passado, com as "escutas a Belém". Enquanto o primeiro-ministro, corajosamente, enfrenta o vendaval da crise e se desmultiplica em reuniões em Bruxelas, Nova Iorque, S. Bento, Macau, Angola, Brasil, Qatar e Abu Dhabi, tendo em vista convencer os "mercados" a comprar a dívida e promover as exportações, Cavaco Silva acolitado pelos "ressabiados", alinha hipocritamente com os boys do PSD que querem chegar ao poleiro do poder. Cavaco está a ser ajudado pelos juizes e magistrados: o julgamento de Oliveira e Costa (caso BPN) foi adiado para depois das eleições... E os que clamam pela vinda do FMI, acusam Sócrates de estar a vender a dívida à China, ao Brasil, a Timor-Leste e agora ao Qatar... Portugal está em perigo, dizem os amigos do FMI. A China e os ditos vão-nos tirar a pele e chupar os ossos, pregam os fanáticos do FMI... Esta algazarra, para além de mostrar profunda hipocrisia, mostra tambem a ignorância desta gente: "o segredo é a alma do negócio". Mas eles querem, exigem que Sócrates diga, na praça pública, como se fazem estes negócios... Eles, os "ressabiados", não são capazes de exigir essa "transparência" ao States, que vende a sua dívida através de sindicatos bancários, compradores anónimos, com taxas abaixo do mercados. A China tem em carteira perto de 2,3 triliões de dolares do Tesouro americano. Será que os States têm medo da China? Será que a China sabe mais de "capitalismo financeiro" do que os States?... Hipócritas!.

 



publicado por Evaristo Ferreira às 18:29 | link do post | comentar

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